28 dezembro 2006

Faz como eu digo, não faças o que eu faço

A Comissão Europeia, presidida por Barroso, veio agora publicar um documento a explicar aos novos membros o que são más companhias e maus exemplos: um tal de Durão lá do governo de Portugal, um horroroso, que Barroso desconhece e nem quer conhecer! Consta que Barroso até tem raiva de quem conhecer Durão!

Digam os especialistas de sua justiça, mas eu cá tenho cada vez menos dúvidas de que há aqui esquizofrenia.

A pena de morte de Saddam Hussein

Os iraquianos perderam uma excelente oportunidade para abolir a pena de morte e começar efectivamente a construir uma Democracia, apesar da memória do ditador e da presença do invasor.
O Bush perdeu um amigo de longa data.
E o Mundo nunca mais vai perder o síndroma do Saddam como mártir e as consequências graves que este assassinato nos vai trazer a todos.

Ford II - isto "vai de carrinho, vai"...

Curti sobretudo (isto da ignorância dá em descobertas destas assim tardias...) aquela de ele ter perdoado completamente o Nixon, dispensando-o de qualquer julgamento ou responsabilização. É bonito ver uma amizade assim. Amizades destas já não se fazem, que o diga o Saddam.

Ford I - o jornalismo

Nas notícias de ontem há uma coisa que me ficou a incomodar: então o Ford foi o único presidente dos EUA que não foi eleito? Que injustiça, esquecerem-se assim de um tipo, só por ser deficiente mental: o Bush também não foi eleito para o primeiro mandato!

27 dezembro 2006

A accountability de Paulo Gorjão

Para o Bloguítica a principal causa de insucesso escolar ao nível do ensino superior é o valor das propinas ser baixo. Se representassem o valor que o Estado investe em cada aluno resolvia-se o problema do insucesso. Será que podemos aplicar o mesmo mecanismo para resolver o mesmo problema dentro da escolaridade obrigatória? É que os números de insucesso e abandono escolar são muito idênticos... O caldo de mentalidades que subjaz esta ideia não é novo mas tem sido fortemente incutido nem sempre assumindo a sua ideologia essencial. Talvez o autor nem seja um pensador das essências mas tão somente um pensador dos produtos influenciado e iluminado pelo sabor dos tempos. Antes do cidadão o contribuinte e antes dos direitos os serviços. Muito bem. Mesmo que esta seja a sua premissa considerar as taxas de insucesso escolar no ensino superior sem considerar estudos já elaborados sobre o assunto não é bonito para um jornalista. E estudos e números apontam, essencialmente, para um crescimento enorme do número de estudantes-trabalhadores (diferente do conceito de trabalhador estudante-aquele que já trabalha e tem as suas obrigações familiares quando ingressa num curso superior) aqueles que a meio dos estudos têm de trabalhar para sustentar os mesmos atrasando ou impedindo mesmo a conclusão do curso. Ao mesmo tempo, e relacionado com este primeiro motivo, a falta de perspectivas profissionais à saída da licenciatura. Se eu não vou melhorar a minha vida profissional a conclusão do curso pode ficar para segundo plano. E neste momento até existem pessoas que podendo fazer uma ou duas cadeiras por ano só optam por não o fazer porque o valor da propina é o mesmo independentemente do número de cadeiras e não há dinheiro, como diz exactamente a Bloguítica, para fazer o curso em 7 ou 8 anos. Portanto não se faz.
Há lugar para chamar a atenção ainda sobre valores comparativos entre a percentagem que o Estado gasta em cada aluno e a taxa de esforço das famílias e aquilo que gastam os nossos parceiros europeus para dizer que o nosso Estado aparece nos mais fracos contribuidores para o Ensino. Mas se Paulo Gorjão quer dar lições sobre Ensino Superior ao resto da Europa espero que tenha um diploma bem caro e bem tirado.

24 dezembro 2006

Natividade

No dia 20 este blogue fez três anos. Reparei. O Rui começou-o experimentalmente. Eu juntei-me. Sem projecto aparente. Bitaites. Mais tarde veio o Deco-Renegade. Depois juntámo-nos a outro projecto colectivo. Mais coerente abrangente e unitário. Depois eu voltei para as cores amarelentas desta página. Depois veio a Helena. Sem planos. Só bitaites. E estarmos em contacto. Como ter a linha telefónica activa. Bom, leitores e leitoras que se sentem menos assediad@s do que mereceriam, agora vamos ao bacalhau que o menino não tarda.

23 dezembro 2006

Cantiga de amigo

Ainda não sei dizer o teu nome no passado.

Queen
No-one but you

ABSOLVIDOS!

Nem podia ser de outra forma! A manifestação é um dos direitos básicos que as democracias têm, para poderem sê-lo.

A escolha de dois manifestantes entre dezenas foi completamente arbitrária, e esteve na base do julgamento.

De qualquer modo, não deixa de ser absurda uma legislação que permite levar manifestantes a tribunal, apenas por serem manifestantes.

21 dezembro 2006

Brinquedos de qualidade: afinal foi só uma moda...

Depois do comentário que fiz ao post da J. já aqui em baixo, lembrei-me de uma coisa que me anda a chatear à brava desde que nasceu a B., há 4 anos. Quero comprar-lhe brinquedos, de vez em quando, e que sejam educativos. Nada de merdas que lhe metam na cabeça que tem que ser anorexica (Barbies), ou saber passar a ferro, lavar e esfregar (panelas e tachos de brincar e similares). Quero aquelas coisas divertidas e que não lhe toldam logo a cabecinha.
Na minha ingenuidade de trintona, lá ía , obviamente (achava eu) à procura de Legos. Faz-se o que se quiser, constrói-se segundo os modelos ou não, e as personagens ou as histórias das brincadeiras são totalmente a inventar. No meu tempo os Legos ilustravam a vida das pessoas (todas) do campo, da cidade, em épocas diferentes... E as peças eram suficientemente incaracterísticas para permitir a imaginação tomar conta. Quantas discussões não tive cá em casa porque o meu castelo medieval era para o meu irmão uma garagem de carros!

Agora há duas possibilidades: monstrengos horrorosos e já com as peças todas destinadas a um só sítio para rapazes; casas de banho para limpar, tábuas de passar a ferro e cozinhas para as meninas.
Não só as peças não são indiferenciadas, o que não permite usá-las de muitas formas, mas ainda por cima, os meninos têm que ser feios, porcos e maus, e as meninas lindas de morrer e boas donas de casa.

E isto, só para falar dos brinquedos que eram reconhecidamente de qualidade, divertidos, e puxavam pela imaginação!

20 dezembro 2006

Menos perto do que é importante

Se há publicidade que me tem irritado solenemente e de forma continuada é a da TMN desde que mudaram de rosto e de imagem. A mudança do seu target para o universo juvenil (sendo nestas camadas que se gasta muita pipa de massa e que se pode promover a a habituação a novos serviços) faz de cada reclamo novo um atentado aos consumidores mais ou menos voluntários da publicidade. Se há aquela que diverte e desanuvia a da TMN dá vontade de ir ver o S.Gregório. A vida-como-ela-é é tudo menos a vida como ela é. O até já roubado às nossas frases diárias para marca de uma empresa é insidioso e repugnante. Agora imaginem os trabalhadores da TMN quando alguém amigo lhe diz até já. E depois da publicidade com caras idílicas abaixo dos 25 anos vieram as lojas tipo bar dos morangos com açúcar mas em tons de azul submarino. Os trabalhadores abaixo dos 25 anos e vestidos com roupas de skater azul submarino. Decidiram especializar-se num tipo de clientes (TMN concurso de bandas de garagem) e numa estação do ano ou estão a adaptar-se ao país irreal que temos?

19 dezembro 2006

Anos 80: Uma tipologia

A maior tentativa de empreender uma visão sobre a década, segundo os curadores, a exposição em Serralves é arrojada e complicada de receber. Será por não estarmos tão longe dessa década ou porque (ainda) reinam as categorias que por muito tempo estiveram associadas a uma obra de arte (como o belo). A comunicabilidade continua a parecer um princípio sólido e seguro. E comunicam. Não da forma violenta e imediata que a maior parte da arte plástica e visual dos anos 60/70. Merece a visita. Até 25 de Março.





"Apresentando obras pertencentes ao último momento histórico antes da globalização, "Anos 80: Uma Topologia" organiza-se em torno de grupos geográficos (o mapeamento geográfico da arte mundial, porém, é abandonado sempre que um argumento estético se revela mais forte do que o argumento topológico). A exposição mostra – com raras excepções – obras originárias da Europa e das Américas. Apesar de adoptar uma perspectiva europeia, inclui contributos de todo o universo da arte e ao mesmo tempo abre algumas janelas para locais de menor visibilidade, como Istambul (Gülsün Karamustafa), Atenas (George Hadjimichalis, Apostolos Georgiou), Santiago do Chile (Eugenio Dittborn), Moscovo (Ilya Kabakov) ou Abidjan (Frédéric Bruly Bouabré).
A exposição centra-se em obras que dão forma, em particular, à incerteza contemporânea acerca do lugar da arte na sociedade contemporânea e, de uma maneira geral, às incertezas culturais e políticas da época. Assim, nem inclui obras que pretendem oferecer novas (velhas) certezas (por exemplo, o regresso a tradições e mitologias locais, formas de arte estabelecidas e representadas na Transavanguardia italiana, na Wilde Malerei alemã, ou a obra de americanos como Julian Schnabel, David Salle e Eric Fischl), nem inclui obras que reagem com um distanciamento cínico à situação contemporânea (Jeff Koons). Aquilo a que aqui se assiste (após o período da arte conceptual, baseada na linguagem dos anos 70) é o regresso do objecto – mas um objecto que gera um lugar suspenso, um lugar sem lugar, o não-lugar da atopia.
Assiste--se ainda ao regresso do corpo – mas um corpo fragmentado, traumatizado, hibidrizado. Nessa medida "Anos 80: Uma Topologia" apresenta – em contradição com algumas das leituras comuns na década – uma perspectiva particular e partidária sobre um período rico em obras enformadas por referências críticas à arte mais avançada dos anos 60 e 70 (e não o seu desprezo ou a sua rejeição), criando novas constelações com base em precedentes da história recente."

Foi você que pediu um sorriso



desta mulher?

18 dezembro 2006

Pronto, lá ficou o bichinho acordado!

Poucas coisas na vida são tão boas como um palco. Ou tão assustadoras...
E agora, miúda?

15 dezembro 2006

11 dezembro 2006

Afinal foi só um arrufo...


SOMOS TODOS ARGUIDOS

Para Pinochet não houve tempo ou oportunidade... mas não se pense que os tribunais não fazem nada.


Para Duran Clemente (um dos militares do MFA) e João Almeida, que cometeram o hediondo crime de participar numa concentração pacífica vai haver julgamento amanhã. Como se pode ver pelas fotografias, trata-se de umas dezenas de perigosíssimos facínoras da pior espécie (ó p'ra mim lá ao fundo), envolvidos em actividades suspeitas e subversivas do piorio.
É por esta concentração de várias dezenas, que duas pessoas vão ser julgadas, duas pessoas escolhidas ao acaso entre os presentes, apenas porque foram eles que conversaram com os dois agentes à paisana que apareceram.
Ficámos sem saber quel era a parte proibida da coisa, uma concentração devia ser coisa normal em países democráticos, mas aparentemente é proibido por ESTA democracia.


Amanhã não vou poder estar, mas deixo aqui a minha solidariedade, como já deixei nos abaixo-assinados que assinei, e na manifestação do 5 de Outubro deste ano.

Eu também lá estive, a 5 de Outubro de 2005, por isso também sou arguida.

Morreu Pinochet, sem julgamento

Perdeu a Justiça, em quem deveríamos poder confiar para nos proteger. O ditador morreu descansado no Hospital, com extrema-unção, perdão Divino e tudo incluído (os papéis a que a Igreja se presta...).
Sem uma Justiça de confiança, perdemos todos, sabendo que os piores crimes ficam impunes.


Penso nas famílias dos mortos e desaparecidos, que não puderam e não poderão fazer o luto dos seus familiares, e que agora também não vão ter Justiça por tudo o que Pinochet lhes fez. Penso no sofrimento dos presos e torturados, nas frigideiras do Atacama, nas crianças arrancadas às famílias e educadas por facínoras para odiar os próprios pais. É para eles que vai hoje o meu pesar.

08 dezembro 2006

De vigarista a carteirista

Primeiro havia um contrato escrito, coisa séria, com assinaturas e tudo, carimbos e tudo o mais de costume em contratos sérios com o Estado de um país.
Horário extraordinário é pago a preço de horas extraordinárias. Parece normal para qualquer contratado... Tarefas adicionais levam uma tarifa adicional. Nada de estranho...

Depois, sem o pré-aviso normal e exigido legalmente para a cessação de contrato, lá se vai o pagamento das horas extraordinárias: o pagamento, não as horas nem as tarefas. Uma das partes não cumpre o contrato.

Mas não lhe chega. Nesse país as leis não podem ter efeitos retroactivos. Certíssimo. Mas este contratante Estado, porque pode, quebra o contrato e ainda vai à carteira do outro contratante buscar os pagamentos que já tinham sido feitos dentro do contrato válido, e antes de qualquer anúncio de incumprimento.


Até a Fenprof se viu aflita para comentar tal coisa. É que perante tamanho descaramento não há mais que dizer. Um roubo é um roubo, não há comentário que lhe valha. Se fosse no Metro ía dentro, como é no gabinete do MNE, fica tudo bem...

Os mais mentirosos

"Portugal entre países com menos subornos"

Hoje os títulos eram mais ou menos parecidos a este por todo o lado. O que na verdade a notícia diz é que os portugueses acham (para efeitos de inquérito e não de conversa de café) que Portugal é dos menos corruptos do mundo.

Os portugueses pelos vistos também são mentirosos, mas isso não vinha no inquérito...


Nota: não sabia que a Madeira já era independente e que o Porto era mesmo uma nação (só para citar dois exemplos: um por ser bem fresquinho e outro pela antiguidade e insistência).

06 dezembro 2006

À terceira, e ainda não foi de vez

Pinochet foi um sanguinário sem dó nem piedade. Agora está na moda branqueá-lo e ter pena por ser "velhinho" e "coitadinho" e sei lá mais o quê. Chamam-lhe "razões humanitárias".
Ora na realidade, um sanguinário é, por definição, um sanguinário.

Mais uma vez, bastou-lhe invocar razões de saúde, fazer o teatro do "ai, que estou muito mal", e pronto. Saiu em liberdade num só dia, sem qualquer problema. Tira-se assim uma pena domiciliária (que em comparação com os crimes cometidos nem era nada) por uma fita mal montada. Hoje de manhã a filha já teve a lata de vir para os jornais muito contente a fingir que o pai tinha melhorado muito numas horitas de noite.


O Spectrum tem estado a pôr caras e vidas por detrás dos números que conhecemos dos desaparecidos e mortos pelo ditador Pinochet. Vale bem a visita!

05 dezembro 2006

The power of the cat

Woody Allen disse algures num dos seus filmes que a humanidade (ou os norte-americanos o que vai a dar no mesmo) se dividia entre aqueles que gostam de música country e aqueles que não gostam


.

Então e onde ficam os que gostam da Chan Marshall?

02 dezembro 2006

Funeral Sentences
Henry Purcell

1. Man that is born of a woman
2. In the midst of life
3. Thou knowest, Lord

Por:
Emily Van Evera, Timothy Wilson, John Mark Ainsley, Charles Daniels, David Thomas,
Taverner Consort, Taverner Choir, Taverner Players,
Andrew Parrott

01 dezembro 2006

O inconcebível...

É quando nós somos "os outros". Quando nos acontece o que só acontece aos "outros".
É inconcebível ver uma mãe enterrar o filho.
Perder um amigo, pensar que ele não vai voltar, não vai telefonar a perguntar pelo P. é inconcebível.

26 novembro 2006

Crónicas da Precaridade#3

O pessoal do sindicato já apareceu por lá três vezes. A primeria para deixar panfletos sobre as listas propostas à direcção. Lista única. A segunda para recolher os votos. A terceira em campanha para novos sócios. Vão até ao nosso posto de trabalho(as nossas posições)com as fichas de adesão na mão. Dizem.-nos das vantagens de se ser sócio, entre as quais descontos em viagens e em consultas médicas. E claro, estarmos unidos é melhor para nos defendermos. Um deles, homem mais velho, ainda teve a distinta lata de dizer-me a mim e a dois ou três: eu quero que vocês tenham um emprego efectivo como eu. Eu dispenso o emprego efectivo dele, claro. Não pela efectividade, mas pela dança a que o obriga do seu trabalho organizativo. Recolher opiniões; saber o que se passa com os nossos contratos de trabalho; pedir-nos para irmos ao sindicato a uma sessão de esclarecimento, convocar-nos para reuniões; dizer-nos dos nossos direitos, da falta deles, isso parece ter escapado ao camarada sindical descontente com a nossa precaridade.

24 novembro 2006

Do que eu escapei!

Isto foi quase à minha porta! Se lá estivesse estaria a chegar a casa, a sair do metro naquela praça àquela hora. Passei muitas vezes por estes grupos de claques, não sabia que eram os piores. Em dias de jogo vi estacionamento selvagem, invasão do metro... e agora que penso nisso, neste sítio nunca vi polícia.

22 novembro 2006

Nem sei que lhe chame...

Acabou a Festa da Música. Parece-me que agora sim, os neo-liberais podem dar os seus pulos de alegria. Têm finalmente o que tanto quiseram durante tanto tempo e que nenhum governo lhes deu. A Cultura está a desaparecer.

Acabam subsídios no Porto, diminuem em Lisboa. Agora os preconceituosos já podem ficar descansados com o seu preconceitozinho de que a música é só para meia-dúzia de chatos pseudo-intelectuais; a iniciativa que o deitava por terra e esgotava salas enormes com semanas de antecedência acabou.

Há quem argumente que as pessoas íam à Festa da Música pelo acontecimento em si e não pela música. Ou talvez porque era a única ocasião que tinham de ouvir aquele género de música a preços aceitáveis para salários portugueses, digo eu. Fosse pelo que fosse, iam milhares de pessoas ao CCB, assistiam aos concertos, ficavam a conhecer mais coisas, que de outra forma não conheceriam. O país dessas pessoas ficou mais rico.

Mas as lotações esgotavam, e toda a gente sabe que uma sala esgotada é que dá prejuízo! Lógicas!

Como não entendo a lógica da ministra que diz que de facto o orçamento diminuiu, mas nunca se gastou tanto em cultura como o ano passado. Um orçamento não pode diminuir aumentando! Mas ela acha-nos tão estúpidos que nos quer convencer disso mesmo.

Os neo-liberais fartam-se de dizer que a cultura é superflua, que não querem o seu dinheirinho gasto com "párias", artistas. Que quem quer, compra e paga por isso, e se não vende é porque não é bom. (Pelos vistos, se vende também não é grande coisa...) E votam em quem defende isso mesmo, para terem o que querem. Mais uma vez, é no momento do voto que estas coisas se decidem. Vota-se em quem vai fazer os orçamentos, distribuir os dinheiros e nomear os directores das organizações culturais.
Acho que não sabem no que estão a embarcar, mas espero que sejam muito felizes com os seus enlatados comerciais.

20 novembro 2006

Dos programas mínimos e máximos

" (...) Porque a finalidade última não é um estado que espera o proletariado no fim do movimento, independentemente deste movimento e do caminho que ele percorre, um "Estado do futuro"; não é um estado que se possa, por conseguinte, esquecer tranquilamente nas lutas quotidianas e invocar, quando muito, nos sermões de domingo, como um momento de elevação oposto às preocupações quotidianas; não é um "dever", uma "ideia", que desempenhe um papel regulador em relação ao processo "real". A finalidade última é, antes, esta relação com a totalidade(com a totalidade da sociedade considerada como um processo), pela qual cada momento da luta adquire o seu sentido revolucionário; uma relação que é inerente a cada momento precisamente no seu aspecto quotidiano, o seu aspecto mais simples e mais prosaico, mas que só se torna real uma vez que dela se tome consciência e se confira assim a realidade do momento na luta quatidiana, manifestando a sua relação com a totalidade; desse modo, é este momento da luta quotidiana elevado do nível da artificialidade, da simples existência, ao da realidade. É preciso não esquecer igualmente, entretanto, que todo o esforço para conservar a"finalidade última" ou a "essência" do proletariado sem mácula nas e pelas relações com a existênica-capitalista-conduz-nos, em última análise a afastarmo-nos da apreensão da realidade, da "actividade crítica prática", a cair de novo na dualidade utópica do sujeito e do objecto, da teoria e da praxis, tão seguramente como o revisionismo a isso conduziria.



O perigo prático de todas as concepções dualistas deste género é o de fazerem desaparecer o momento que dá à acçãoa sua direcção. Com efeito, logo que abandonamos o campo da realidade, que só o materialismo dialéctico pode conquistar (mas que tem que ser incessantemente reconquistado) logo que nos confinamos, portanto, ao campo "natural" da existência, do puro, simples e grosseiro empirismo, o sujeito da acção e o terreno dos factos em que se desenrola a sua acção passam a opor-se um ao outro, como princípios separados sem mediação possível. E é tão pouco possível impôr a vontade, o projecto ou a decisão subjectivas ao estado de facto objectivo como descobriri nos próprios factos uma directiva para a acção. Nunca houve uma situação em que os "factos" se exprimissem inequivocamente a favor ou contra uma direcção determinada da acção, nem pode haver, nem haverá nunca. Quanto mais escrupulosamente examinamos os factos no seu isolamento (isto é, nas suas concepções mediatizadas) menos estes podem indicar, sem ambiguidades, uma direcção determinada. É também óbvvio que, inversamente, uma decisão puramente subjectiva deve por força entrar em choque com o poder dos factos não compreendidos e que operam automaticamente "em conformidade com as leis". Assim, o modo como o método dialéctico aborda a realidade manifesta-se no precioso momento em que se aborda o problema da acção como a única capaz de indicar uma orientação para a acção. O conhecimento de si, subjectivo e objectivo, que o proletariado tem numa etapa determinada da sua evolução é simultaneamente conhecimento do nível atingido nessa mesma época pela evolução social. Na coerência do real, na relação de cada momento particular com as suas raízes (na totalidade), raízes que lhe são imanentes-mas que apenas não tinham sido postas a descoberto-suprime-se o carácter estranho desses factos que agora compeendemos: passamos a aperceber-nos das tendências que apontam para o centro da realidade-aquilo a que se costuma chamar a finalidade última. Esta finalidade última não se opõe, porém, ao processo, como idela abstracto: como momento que é da verdade e da realidade, como sentido concreto de cada etapa atingida, é imanente ao momento concreto; por isso o seu conhecimento é precisamente o conhecimento da direcção que tomam (inconscientemente) as tendências dirigidas para totalidade, da direcção que é chamada a determinar concretamente no momento dado a acção justa, do ponto de vista e do interesse do processo de conjunto, da libertação do proletariado.


Contudo, a evolução social incrementa sem cessar a tensão entre momentos parciais e a totalidade. É precisamente porque o sentido imanente da realidade irradia com um clarão cada vez mais forte que o sentido do devir é cada vez mais profundamente imanente à vida quotidiana e que a totalidade está cada vez mais escondida nas manifestações momentâneas espaciais e temporais dos fenómenos. O caminho da consciência no processo histórico não se aplana, pelo contrario, torna-se crescentemente mais árduo e faz apelo a uma responsabilidade cada vez maior. A função do marxismo ortodoxo -supeação do revisionismo e do utopismo-não é, pois, a de liquidar de um só golpe as falsas tendências, é uma luta constantemente reatada contra a influência perversa do pensamento burguês sobre o pensamento do proletariado. Esta ortodoxia não é a guardiã das tradições, é a anunciadora sempre alerta da relação entre o instante presente e as suas tarefas em relação à totalidade do processo histórico. E assim, as palavras do Manifesto Comunista sobre as tarefas da ortodoxia e dos seus portadores, os comunistas, não envelheceram e continuam válidas: "Os comunistas só se diferenciam dos outros partidos proletários em dois pontos: por um lado, nas diversas lutas nacionais dos proletários, avançam e fazem valer interesses comuns a todo o proletariado e independentes da nacionalidade; e por outro lado, nas diversas fases que atravessa a luta entre o proletariado e a burguesia, representam constantemente o interesse do movimento total"."
G.Lukács, "O que é o marxismo ortodoxo?" (1919) - História e Consciência de Classe, Publicações Escorpião, Porto, 1974, pp.38-40

18 novembro 2006

Ensaio sobre a falta de lucidez

Deixei de ler o José Saramago depois do ensaio sobre a cegueira. Não por nenhum outro tipo de motivo que a falta de interesse. Para além de considerar o Levantado do Chão um dos melhores romances portugueses não posso pronunciar-me muito em relação aos escritos pós-nobel. Mas a julgar pelas intervenções públicas suspeito fortemente que um prémio deste tipo não deve fazer bem a ninguém. É verdade que é difícil a um comunista prescindir de um palanque mas Saramago devia saber melhor que ninguém que a humildade tem que ser um caminho para a lucidez.
Confesso que tenho dificuldade em compreender: "o 25 de Abril é uma data, apenas. Já o disse em público e repito:eu já não celebro o 25 de Abril (..) Há um ante-25 de Abril que eu celebraria, se fosse disso que se tratasse, que é justamente o movimento que levou ao 25 de Abril. Feito por esses militares que a democracia liquidou, na maior parte dos casos, passando-os à reforma, perseguindo-os. A esses eu tiro o meu chapéu." Também tirou o chapéu ao Soares e ao Sampaio quando os apoiou. E, já agora, ao povo não?
E como comentar o "pacto de não agressão entre cristãos e muçulmanos" sem ver neste tipo de posições uma tremenda capitulação, uma incapacidade de ver que o futuro pode abrir-se de novo?

17 novembro 2006

Bolkenstein

Este nome foi muito pouco falado por cá, quase ninguém soube de nada. Mas vem de longe, atravessou três governos nacionais, todos sempre de acordo, como convém à boa direita ultra liberal, seja lá PS ou PSD ou outra sigla qualquer...

Em França e noutras partes da Europa a luta foi longa, mas agora está perdida. A directiva Bolkenstein foi aprovada pelo Parlamento Europeu, depois de mastigada e ruminada, orientada pelos governos europeus (em Portugal o processo atravessou 3 governos!).

Na realidade trata-se "apenas" da liberalização dos serviços. Traduzindo: um português que vá trabalhar em França, a partir de agora, em vez de amealhar uns trocos, vai ganhar em França o ordenado português; mas vai pagar o supermercado francês, o passe social francês, a casa francesa, tudo como dantes.

O ordenado passa a ser determinado pelo país de origem do trabalhador e não pelo país onde trabalha.
Horários de trabalho, férias, condições em geral, determinados pelo país de origem e não pelo país onde trabalha e com cujos horários tem que viver diariamente.

Inimaginável, não é? Não faz sentido, pois não? Mas é a lei feita pelos governos eleitos e aprovada pelos deputados europeus eleitos. Se calhar é a parte das eleições que está mal feita: é mesmo preciso votar com a cabeça!!!

15 novembro 2006

Esta vida é diabólica!

Isto anda tudo num virote. Ou estou a trabalhar ou a ensaiar... Entre a minha falta de tempo e a da J., venha o Diabo e escolha!
Daqui até à estreia hei-de cá vir assim esporadicamente entre a 00h30 e a 1h20, e é tempinho roubado às 8h de sono!

Se me acham demasiado mal disposta, tenho a alegar que hoje de manhã ao pequeno-almoço, pior, antes do meu café(!), o que a tv tinha para me apresentar era o Santana Lopes com a Zita Seabra (o que esta mulher andou...). Parece-me desculpa mais do que suficiente para andar de candeias às avessas durante vários dias.
A polícia confirma o racismo já existente e os boatos lançados pelos neo-nazis, e decide fazer inspecções em lojas segundo a nacionalidade dos respectivos donos. Até o nome da operação indica exactamente que tipo de critérios estão por detrás: Lavandaria Oriente.

O BES parece que dá cobertura a certas contas pouco claras em Espanha, mas cá não, claro! Quem se lembraria de tal ideia? Pensar que o mesmo banco agiria da mesma forma em dois países diferentes é completamente descabido!
Devem andar a ver se entram para o guiness: já andam nesta lufa-lufa pelo menos desde o ouro nazi!

Mas não se pense que Portugal não sai do sítio. Se considerarmos a África do Sul um país do terceiro mundo, nós acabámos de passar para o quarto ou quinto.

11 novembro 2006

Vatican strikes again




O Vaticano apelou para a anulação do "Gay Pride" previsto para
sexta-feira em Jerusalém para não ferir "os sentimentos de milhões de
crentes judeus, muçulmanos e cristãos".

O Vaticano indica num comunicado ter sabido "com amargura" da
organização em Jerusalém "de uma das chamadas `manifestações de orgulho
homossexual`" e exprime "a sua mais viva desaprovação por uma iniciativa
que constituirá uma grave afronta aos sentimentos de milhões de crentes
judeus, muçulmanos e cristãos", para quem a cidade "tem um carácter
sagrado" e "que pedem que as suas convicções sejam respeitadas".

O Vaticano espera assim "que a questão seja reconsiderada", acrescenta o
comunicado, que precisa que uma nota nesse sentido foi transmitida ao
Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita pela Nunciatura
Apostólica em Israel.

Nesta nota em inglês publicada em anexo ao comunicado, a Santa Sé
sublinha que "o direito à liberdade de expressão está submetido a justas
limitações, em particular quando o exercício desse direito ofende
crentes".

Pede ainda ao Ministério dos Negócios estrangeiros israelita "para usar
de toda a sua influência" de forma que a decisão de autorizar a
manifestação seja reexaminada.

O Gay Pride de Jerusalém foi autorizado domingo pelo Procurador Geral do
Estado de Israel, Menahem Mazouz, apesar das violentas reacções que
suscita o projecto.

O presidente ultra-ortodoxo de Jerusalém, Uri Lupolianski, foi agredido
terça-feira à noite por ultra-ortodoxos que se opõem à organização desta
manifestação.

Em 2000, o Vaticano protestou igualmente pela organização de uma marcha
de Orgulho Gay em Roma.

O comunicado divulgado hoje pelo Vaticano afirma que nas anteriores
manifestações deste tipo, "os valores religiosos foram sistematicamente
ofendidos".

Agência LUSA
2006-11-08 21:31:52

Mais uma vez do lado dos fracos e oprimidos!

Para ler uma leitura sobre este gay pride e uma visita à faixa de Gaza ir ao Arrastão de Daniel Oliveira. O relato faz recordar muitos dos episódios de que dá testemunho Joe Sacco num livro que já passou por aqui. A questão dos recursos como a água e a energia mereciam uma aproximação melhor. Daniel Oliveira dá quase a entender quando fala na energia elécrica por exemplo que a maior atrocidade é Israel vendê-la por um preço exorbitante quando a questão fundamental é a apropriação indevida dos mesmos recursos através da anexação de zonas estratégicas.

09 novembro 2006

Reinícex de actividadex profissionalex

Alguém me explica o que é que isso tem de Simplex? Mas será possível que a única coisa decente que estes tipos se propõem fazer, e que que gastam fortunas a apregoar aos sete ventos, é tão miragem como todos os outros avanços nacionais?

Já sei... estamos a criar outro mito para as manhãs de nevoeiro: em vez do D. Sebastião, vem o Simplex!


Eu explico: pois, se eu fui às finanças entregar o papel, e o senhor que me atendeu pôs diligentemente os dados todos no computador, num formulário externo (alojado algures e preenchido por internet); esse mesmo formulário não podia ter seguido directamente para a Segurança Social? Para quê fazer-me preencher um formulário parecido, com os mesmíssimos dados eternamente repetidos - nome, morada, data de nascimento, estado civil, número de BI, data, arquivo, número fiscal, número de segurança social, freguesia de nascimento, concelho de residência, distrito, naturalidade, nacionalidade, telefone, código postal, etc, etc, etc - para perder outro dia a entregar tudo noutro guichet onde outra senhora/ senhor vai repetir para um formulário informático exactamente igual os mesmíssimos dados?

Mais, com esse sistema de comunicação ficava logo cruzada a informação das finanças com a da segurança social. Os problemas de confidencialidade resolvem-se com senhas e contra-senhas, com acessos limitados apenas para funcionários específicos a determinados servidores, etc.

E depois a questão dos próprios formulários: com uma coisa daquelas à frente, qualquer não jurista se sente analfabeto. Certas perguntas podem mesmo levar-nos a pensar que virámos analfabrutos, diria até analfabrutamontes! Como se qualquer um tivesse o código do IRS em casa à mão de semear, e entendesse os termos jurídico-financeiros usados nos formulários.


Da precariedade nem vale a pena dizer mais nada... sou "independente", é o que é... Mas ainda um há-de ser diferente, só precisamos de acabar com os velhos do Restelo e com aquela do "Sempre foi assim"... eles "dizem sempre foi assim", e nós puxamos do SG e respondemos "sempre foi assim, mas está a ser diferente". Será assim tão complicado?

07 novembro 2006

Agora é que eles miam


Ainda não percebi o que fazem sentados ao vivo a passar piadas em diferido. Nem que raio de genérico é aquele. Piadas à própria rtp? Como o grande Júlio Isidro. O que é definitivo é o grande regresso e a coragem de mexer com a actualidade de forma (quase sempre) genial. Não digo sempre porque a reportagem sobre o pior hospital e os fabulosos Saraiva estiveram ali a mais. Digo eu, não sei, eles é que nos tornam muito exigentes.

02 novembro 2006

Estatuto da Carreira Docente

Alberta Marques Fernandes pegou nos argumentos do( representante de 14 sindicatos) Mário Nogueira que arrancou à força de o contradizer e fez com eles o seu contraditório à Ministra da Educação. Apesar do espanto da jornalista do jornal2 perante as respostas no final elogiou a convicção da Ministra. Convicta parece de facto. Faltou perguntar se a exclusão de 2/3 dos professores dos três últimos escalões da carreira se devia entender à luz dos cortes orçamentais e da diminuição das despesas do Estado. Porque a convicção da Ministra não convence. Necessário introduzir nas escolas um modelo de gestão das organizações (onde muito menos do que 1/3 chega a chefe) que premeie a excelência e responsabilize os que ganham mais. Ou seja, diz a ministra, os professores em fim de carreira ganham o dobro dos que iniciam [grande coisa, deve ser isso que a carreira tem de aliciante] mas não fazem nem metade. Sim, é verdade que as turmas bicudas se atiram aos recém-chegados em muitas escolas. Mas parece-me perfeitamente razoável que um professor a dar aulas há 20 anos possa ver reduzido de alguma forma o seu tempo de desgaste, seja na componente lectiva seja na atribuição de cargos vários. E se é avaliar e obrigar a trabalhar que se pretende em que é que a desvalorização salarial proposta neste projecto de governo contribui?

30 outubro 2006

Dois pequenos passos

Ainda não temos o sistema perfeito. A Democracia continua a ser "apenas" o pior de todos os sistemas com excepção de todos os outros. Nem sequer é certo que tenhamos chegado nos nossos países a uma verdadeira Democracia. Claro que idealmente estes tipos seriam acusados das próprias atrocidades que cometeram, cada um no seu estilo, e não por "acessórios"; claro que no ideal estas acusações e estes julgamentos já teriam sido há muito mais tempo e à primeira desconfiança os mandatos teriam sido retirados.

São pequenos, mas são estes os passos que se querem:

Berlusconi vai ser julgado por corrupção
Pinochet em prisão domiciliária - neste caso vai responder por 36 raptos, 23 casos de tortura e um assassinato cometidos pela sua polícia secreta. Ainda assim, muito pouco está em causa, tendo em conta a quantidade real de crimes cometidos: o verdadeiro número de torturados, mortos e desaparecidos é muitíssimo superior.

29 outubro 2006

Tarrafal, o campo da morte lenta: 70 anos

Foi só há 70 anos que abriu o campo de concentração do Tarrafal, o da morte lenta. Foi só há 70 anos que Portugal passou a ter um campo de concentração e morte. Nas colónias, claro, porque na metrópole, no "verdadeiro" Portugal, não se faziam trabalhos sujos. Isso era deixado às colónias, neste caso a Cabo Verde.

Só setenta anos depois, já Salazar se candidata a grande português. Só setenta anos depois, ainda os presos torturados estão vivos, já o carrasco é elogiado, estrela de televisão, posto lado a lado e comparado em pé de igualdade com quem construiu o país e definiu a nossa portugalidade. Como se a frigideira por onde passaram alguns dos presos no Tarrafal fosse uma pequena questão de opinião, divergências sem significado. Como se fosse igualmente válido ser preso num campo de concentração ou ser carrasco desse mesmo campo, é só uma questão de lados.

O branqueamento é rápido, e visivelmente eficaz. Para a opinião pública, campo de concentração é algo que tem a ver com os alemães, lá longe na Polónia. As notícias da imprensa sobre este assunto são escassas na internet. Excepção do DN, com uma entrevista a Edmundo Pedro sobre a sua tentativa de fuga.

Para não esquecer, não deixar branquear, nem deixar repetir, a ver uma exposição a ver na Torre do Tombo sobre a Guerra Civil Espanhola e o Tarrafal.

27 outubro 2006

éfe-éme-ii

"Assim, durante a década em que as epidemias de SIDa atingemtodo o continente, em que grandes fomes e as guerras continuam a fazer razias, os países pobres financiaram os países ricos:entre 1983 e 1989 pagaram-lhes 242 muilhões de dólares(Relatório do PNUD de 1992, p.23 a 51) e sóa África subsaariana transferiu nada menos de 700 milhões de dolares por ano (p.43). Nos úlitmosanos, o próprio FMI recebeu de África cerca de três vezes e meia o que pagou.Os mercados africanos são os mais vulneráveis- não lhes são permitidas as medidas de proteccionismonão-tarifário que predominam ainda nos países desenvolvidos- e as condições impostas ao pagamento das dívidas sao asmais draconianas: o juro real corrigido pelos preços em dólardas principais exportações é de 4% nos países ricos e de 17% nos países "em vias de desenvolvimento", isto é, pagam quatro vezes mais. O impactorecessionista de todas as medidas combinadas contribui para enfraquecer a economia e para desregular a sociedade, desertificando os campos e agravando a concentração urbana, onde não há emprego"
Francisco Louça, A maldição de Midas a cultura do capitalismo tardio, Edições Cotovia 1994.

26 outubro 2006

Crónica das voltas que a vida dá

O João Afonso que prometi ontem já está a dar, pelo menos aqui em casa... Hoje acrescento-lhe outra canção que me tem feito pensar e dar umas grandes voltas. Parecendo que não, estes pontapés às vezes são eficazes!

Humanos
Muda de Vida

de António Variações

24 outubro 2006

E se...

... o caminho para o emprego fosse uma das estradas mais bonitas do mundo?

Rumo a sul...


Esta imagem acompanha a música do cantinho:

João Afonso e Luís Pastor
"Náufrago de las Estrellas"

Album: Outra Vida

Tem tudo a ver comigo: o nome do album, a letra da canção... e a canção é lindíssima, não é?

Adiós Madrid, adiós Paris
Náufrago de las estrellas
Me llama el mar, me lleva el mar
Náufrago de las estrellas
...
Me quedo aquí, soy libre al fin


O File Lodge hoje não está pr'aqui virado, mas fica o post como anúncio da próxima música, assim que eu puder e o File Lodge quiser.

20 outubro 2006

Ai, se eu pudesse, digo-vos onde estaria amanhã!

HOMENAGEM AO GENERAL VASCO GONÇALVES

Sábado, dia 21 de Outubro, pelas 15h30,
na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa

MOMENTO CULTURAL:

Fausto Neves (pianista)
Manuel Freire
M do Céu Guerra
Coral dos Mineiros de Aljustrel
Coral Catarinas de Baleizão
Coro da Academia dos Amadores de Música

INTERVENÇÕES POLÍTICAS:

Prof. Doutor Barata Moura
Coronel Vicente da Silva
Dr Vasco Gonçalves Laranjeira (neto do General)

Apresentação de: Cândido Mota

Entrada livre

Estratégia da sacanice

  • Primeiro foi o anúncio dos 15% de aumento da electricidade.
  • Depois a ofensa estúpida do secretário de Estado. (Continuo sem entender como é que gente que é capaz de dizer tamanhas palermices chega a secretário de Estado. É que nem é uma questão de opinião, foi mesmo uma afirmação sem pés nem cabeça, qualquer que seja o ponto de vista).
  • Seguiu-se a tentativa de emenda tardia do ministro.


No fim disto tudo, um aumento de 6% até parece bom! Isto, claro, se nos determos no facto da ameaça de aumento ter diminuído 9%. Mas não é o preço real que diminui, é só a ameaça. O preço a pagar sobe 6%, que é mais ou menos o dobro da inflacção e muito mais do dobro da subida dos ordenados...

Administração Pública a Vaca Sagrada

Hoje no Dn uma notícia que ajuda a tornar claro os objectivos por trás do ataque aos funcionários públicos. Este ataque tem tido o aplauso basbaque da maioria dos trabalhadores que, por norma, têm piores condições de trabalho e vida. Também deviam saber que condições e os direitos de trabalho na função pública servem de referência para o sector privado. O Estado Português está a saque desde há 500 anos (talvez) com poucas tentativas corajosas de o defender. Como a pimenta e o ouro já não se podem desviar dos navios agora privatiza-se. Que se privatize e mercantilize tudo mas podia haver a coragem de assumir o novo modelo de estado que estão a construir. E aí poderia haver um debate justo sobre sacrifícios a fazer.

19 outubro 2006

Coisas que nunca percebi em Paris

A Place de la Concorde, é certamente uma das mais bonitas da Europa.

Não se vê nesta fotografia, mas no cantinho esquerdo é a Embaixada dos EUA. O que eu não entendo é porque é que as autoridades municipais de Paris deixam os EUA barricar metade desta praça magnífica com barreiras que impedem a circulação de peões, tapam uma parte do jardim do Eliseu, obrigam a desvios de centenas de metros. Tudo para ninguém se poder sequer aproximar da embaixada. O aspecto do lado esquerdo da praça é como se houvesse uma grande manifestação permanentemente iminente, com grades policiais a fazer barreiras e corredores. Nunca lá vi uma manifestação. Nunca em três anos! E nunca vi aquele lado da praça sem as barricadas.

Dentro do terreno da Embaixada é território dos EUA, eles que façam como quiserem. Mas fora, em solo francês, não percebo porque é que a Mairie deixa desfigurar e barricar a Place de la Concorde.

Miragem para os portugueses, pesadelo para os patrões, realidade por aqui

Em 2004, e face à entrada em vigor das 35 horas semanais, foi assinado um acordo para o ramo da restauração, bares e discotecas, que previa a manutenção nesse ramo de um horário de 39 horas. O acordo também estiplulava mais uma semana de férias (passando assim a 6 semanas anuais), cláusula esta que apenas excepcionalmente foi praticada pelas empresas.

Ontem o Conselho de Estado declarou a nulidade do acordo. O horário de trabalho é de 35 horas para todos os ramos de actividade. Ou seja, as quatro horas suplementares passarão a ter que ser pagas como horas extraordinárias. Mas melhor, o Conselho de Estado pede que esta decisão tenha efeitos retroactivos e que as empresas tenham que pagar o suplemento de horas extraordinárias a todos os empregados que tenham cumprido as 39 horas desde Janeiro de 2005.

IVG - o debate visto cá de longe

Esta notícia do Le Monde apresenta a situação portuguesa quanto à IVG, fala dos processos de Julho passado e resume o processo legislativo a empreender para chegar à despenalização. Mas fala também de uma sondagem que terá sido publicada quinta-feira, e que diz que apenas 47,9% dos portugueses estão a favor da despenalização e que ainda 39,9% se opõem.
Também se dá ênfase ao enorme poder e influência da Igreja Católica e do catolicismo da população.

O tom e a informação são mais ou menos os mesmos que passaram ontem e hoje nas reportagens da Radio France. Ou seja, este artigo ilustra bem o que está a ser veiculado aos franceses sobre esta situação.

Nota: nem em época de eleições ouvi tantas reportagens e vi tantos artigos sobre Portugal aui em França.

Brgh, que impressão!



Ter que ordenar os meus livrinhos por tamanhos. Por tamanhos! Para os arrumar melhor nos caixotes.

18 outubro 2006

Rivoli

Hoje é que eu percebi exactamente o que é que está em jogo no Rivoli, através do post no Arrastão.
Sim, já sabia que havia uma questão de privatização e de uma empresa municipal que passaria a gerir o teatro. O que eu não sabia é que o teatro alberga 18, dezoito companhias de teatro! Dezoito!
E que as dezoito vão ser desalojadas para atribuir um segundo teatro ao La Féria - ele já ocupa o Politeama em Lisboa! Mas quantos teatros nacionais é que este tipo vai ocupar com a pimbalhada dele? E quantas companhias de teatro estão à procura de um espaço?

Assim lá se vai mais um teatro, que sai do domínio da Cultura para se render ao mercantilismo do entretenimento. É a sociedade que temos, são os princípios em voga: a facilidade, o simplismo, o cinzentismo de todos gostarmos do mesmo, sem diversidade. E sobretudo, depois do trabalho desliga-se o cérebro e já ninguém quer pensar ou fazer nem que seja o mínimo raciocínio.
Mas caramba, sempre podiam ter escolhido entretenimento com qualidade!
Nada disto é novidade, é antes um processo que vem de longe.


O que é relativamente novo (embora com um cheiro bolorento) é a reacção do poder aos protestos. Tanto a de Rui Rio, como a da ministra. Menos democrático é difícil!
Rui Rio, numa tentativa de imitar Jardim, não só recusa dialogar como põe queixa crime contra os ocupantes. Mas pior, corta a electricidade, põe o ar condicionado no máximo de frio, e corta os acessos do exterior para impedir que se passe comida a quem lá está dentro. Nem o Sarkozy teve estas brilhantes ideias aquando da ocupação das universidades francesas.

A ministra não diz nada quanto a esta forma de repressão, pondo-se por omissão do lado de Rio, e confirma esta sua posição pela recusa em dialogar e negociar.

O único que faltava meter a pata na poça era o xô silva. Veio à marquise e debitou sobre um tal "pequeno conflito" à volta de um teatro, nem parece querer saber qual.


Actualização: Rio mandou cortar também a água esta noite.


Informações:
Blog do Público sobre a ocupação: http://noteatrorivoli.blogspot.com/
Fórum de discussão sobre a ocupação e política cultural: http://rivoli.no-ip.org/

Não percebo...

Perante estas tiradas intelectuais eu fico a sentir-me muito burra: é que por mais voltas que dê à cabeça, não percebo! Esta regra não vinha nos livros de economia...


Vamos ver: uma pessoa consome um produto de uma empresa, paga a conta, e assim contribui para levar a empresa à falência.

Conclusão lógica segundo este princípio: a última livraria do concelho da Amadora fechou por ter clientes a mais.
Lamento informar, que com a minha mania de gostar de livros e discos e a quantidade de partituras que comprei, contribui seriamente para o fecho das lojas grandes da Valentim de Carvalho.

E eu que pensava que a estirpe Santana Lopes tinha saído do governo!

17 outubro 2006

A questão da fila no centro de emprego


A ministra não se preocupa com a greve, está mais preocupada com outras coisas. Acho bem que se preocupe com o futuro emprego, que este está por um fio.

Parabéns, Sra. Ministra!

Não deve estar longe dos recordes dos ministros da educação do seu amigo Cavaco em números de adesão a greves.

E mais! Esta mulher é espantosa, as coisas que ela consegue! Na reportagem de hoje às 20h na RTP, os pais, apesar das dificuldades que o fecho das escolas lhes traz, compreendem a posição dos professores, e alguns até disseram concordar! Pela primeira vez em muito tempo, esta ministra conseguiu que alguns pais mostrasse solidariedade.

É obra!

Crónicas da Gália 2

Agora já posso ter um olhar exterior, já não são "as minhas cebolas" - c'est pas mes oignons. Na rua, no Metro, no supermercado, fica uma só impressão.
A agressividade domina: as pessoas empurram-se, entreolham-se ameaçadoramente. Correm para ficar um só lugar à frente na fila da caixa. Olhares estranhos no Metro, na rua, que nos seguem, inquisidores, que não se entendem, impenetráveis mas trocistas, pessoas muito estranhas, meio loucos de ares misteriosos, quase fantasmas.
Não se vê um sorriso, alguém com ar alegre, ou apenas contente. Passam-se dias inteiros na cidade sem que uma pessoa nos olhe sem um ar profundamente triste, ou simplesmente apático. Aquele ar de quem já está tão triste há tanto tempo, que desistiu de esperar.

Tudo isto num silêncio ensurdecedor. Só há ruído no Metro à noite, quando se apanha um grupo de bêbedos na carruagem ao lado, ou se entra um grupo de turistas italianos ou espanhóis.

Entretanto, o Metro desenvolve portas nos cais das estações para isolar a linha. O número de suicídios e homicídios nas linhas do Metro justificam este investimento; não são notícia de jornal, são o dia-a-dia dos parisienses.

Conheço mais cidades nortenhas dominadas por céus cinzentos, mas nenhuma tem o cinzento em todas as caras.

Crónicas da Gália 1

No Metro, um autocolante do FN diz que a nacionalidade francesa está no sangue, herda-se, faz-se por merecer.

Pergunta que me fica na cabeça: então, que nacionalidade têm estes tipos? Não me vão querer convencer que fizeram por merecer alguma coisa na vida!?

Enfim... e a desgraçada da Jeanne d'Arc, torturada e executada há quase 600 anos, ainda tem que andar às voltas na tumba, torturada pela utilização e as conotações que esta gentalha lhe enfia.

Mais uma vez, Villepin no melhor do seu cinismo

Aqui por estas bandas a polícia anda a meter-se em alhadas, e nos últimos dias um grupo de polícias foi atraído para uma armadilha. Tanta formação dos efectivos e eles caíram que nem uns patos. Adiante.
Levantou-se um burburinho gigantesco, nesta terra não passam dois meses sem ameaças de endurecimento da repressão.

Mas mais recente que os acontecimentos de Novembro passado, foi o ataque a Cyrill Ferez, que a polícia agrediu até ao coma e a quem se recusou a prestar socorro.
O que eu queria era saber da repressão destes comportamentos da polícia, da violência, dos abusos de poder, das múltiplas infracções legais durante as detenções, da ilegalidade das identificações diárias. Isso é que eu queria ver resolvido, até porque me parece que resolveria os dois coelhos de uma cajadada.

15 outubro 2006

Eduardo Pitta voluntaria-se para ficar sem ordenado (aproveite Sr. Primeiro-Minsitro)

Eu prefiro ter o salário congelado a contribuir para que um dia não tenha nenhum. E, sim, prefiro pagar taxas simbólicas para que um dia não seja obrigado a esportular dois ou três mil euros por uma pequena cirurgia feita em regime de ambulatório. Ou, pior, ter de suportar um New Deal à bruta. Candidatos a Roosevelt é coisa que não falta. As manifs fazem parte do folclore da democracia porque o imaginário da resistência tem um perfume irresistível. Sem a caução do voto, os profissionais do Agit-Prop fazem da rua o seu terreno de eleição. Mas, como dizia o almirante, o povo é sereno. Ambos sabemos, meu caro João Gonçalves, que essa serenidade ainda não foi posta em causa. O que se passou anteontem foi só fumaça...

Tanto disparate junto faz-me duvidar. Ser o sustentáculo moral do poder sempre foi um perfume muito mais irresistível Dr. Pitta. E espero mesmo que pague dois mil ou cinco mil euros para fazer a tal cirurgia ao furúnculo que cresce naquele sítio nas pessoas que não têm a rua como terreno de eleião. Com o seu discurso pode concerteza pagar já que também lhe podem congelar o salário desde já. A fumaça é criada por funcionários públicos talvez como o sr.Professor. Que vão aguentando as coisas, sustentando os sistema, desde que este lhe sirva tudo vai bem.

Prepara-te Sócrates



Dia 5 de Outubro marcharam 25 mil professores numa iniciativa que reuniu 14 organizações sindicais. Da esquerda à direita todos os sindicatos de professores estão juntos na greve de dias 17 e 18 na próxima semana. Dia 12 de Outubro entre 90 a 100 mil trabalhadores manifestaram-se contra mais ou menos a mesma coisa. Os governos socialistas portugueses ainda não tinham levado semelhante resposta, talvez por isso se tenham sentido sempre tão à vontade em cometer as maiores atrocidades. À semelhança de outros companheiros europeus Sócrates é o executor do plano de liquidar o Estado Social que a Europa soube construir e que constitui uma das suas melhores conquistas.
A Reforma no Ensino é uma treta, a proposta do governo de avaliação dos docentes não trata de avaliação de docentes e da consequente melhoria da qualidade do ensino/aprendizagem. Trata de precarizar e de afunilar a carreira de tal forma que sejam muito poucos os que consigam chegar a determinado escalão. Trata-se portanto de reduzir o custo do Estado. Para quem conhece as escolas púbicas e os "amplos" recursos de que dispõe entende que só se pudesse ir poupar pagando menos aos profissionais e obrigando-os mais dia menos dia a abrir e a fechar o portão da escola e a varrer o polidesportivo.

13 outubro 2006

Manifestação de hoje

Acompanhei aqui de longe o que se passou hoje em Lisboa, mas se alguém esteve ao vivo, diga alguma coisa.
Sempre foram 100 mil ou não? É que 100 mil já se pode contar em percentagem: 1% da população, um pouco mais se considerarmos só os eleitores! É pouquinho, mas é!

Sr. Sócrates, já sabemos que o seu papel é fingir que não é nada consigo e que este protesto em dia de semana e sem greve declarada até nem tem grande significado. Mas olhe que essa fita já custou as presidenciais a dois coleguinhas seus, e um discurso de retirada do meu ponto de vista bastante divertido: falo de Sarkozy (que se candidata, mas é muito provável que perca) e de Villepin (que chegou a pensar candidatar-se, mas a quem esse discurso arruinou qualquer possibilidade de carreira política nos tempos mais próximos; cumpre o mandato e segue para casa).

Pense lá outra vez antes de reincidir no discurso ridículo do Telejornal...

O Concerto deste Verão


Aqui vos deixo uma canção do que foi o grande concerto deste Verão, num pequeno centro cultural em Vila Real de Santo António, numa pontinha do país. O ambiente foi o que se vê...

No cantinho, fica o Francisco Fanhais a cantar "Porque", do disco Dedicatória. O poema é de Sophia de Mello Breyner.

11 outubro 2006

Que saudades da Europa!

Estamos quase iguais aos EUA, essa terra da liberdade e dos sonhos realizados. Agora também em Portugal vai morrer gente à porta dos hospitais. Como é que o ministro pensa resolver a questão de quem não pode pagar nem um dia, e se não fôr internado pode morrer ou ficar a sofrer?

Espero que os médicos, que fazem um juramento (ainda fazem?), façam alguma coisa, antes que o Hipócrates desate às voltas na tumba.

É bem feita, que é para nos deixarmos dessa coisa das férias pagas no hospital! Sim, claro, os portugueses vão para o hospital por gosto, e abusam do internamento pelo amor ao cheiro a hospital!

Diz também o artigo que na Alemanha a taxa são 10 euros e em Portugal vão ser 5, e que o sr. ministro acha que isso já é uma benesse. Sr. ministro, quando os nossos salários forem metade dos salários alemães e não um terço ou um quarto; quando as rendas das nossas casas forem metade das alemãs e não o dobro, volte a mandar postais. Até, lá esqueça as taxas a metade do preço das alemãs.
E nessa altura, se ela chegasse com o seu governo (o que é duvidoso, porque os senhores estão a afastar-nos da Europa a passos larguíssimos), digo-lhe já o que seriam as negociações: meta as taxas n...

Eu sei que estou a ser bruta. Mas já ninguém atura este governo. Uma acha que os professores não sabem ler, e este acha que nós todos não sabemos fazer contas. Que gente iluminada que arranjámos!

Contra-natura

Voar para norte no Outono.

10 outubro 2006

II Fórum Social Português



13, 14 e 15 de Outubro de 2006 acontece o II Fórum Social Português.

Por um Fórum cada vez mais Fórum
O fórum social é o espaço da sociedade das alternativas. Mais do que um evento periódico, o fórum é um processo permanente, de intercâmbio de experiências e definição de pontos de convergência, geradores de projectos conjuntos de mudança da sociedade.
Um Outro Mundo é Possível
A experiência do fórum social tem de ser a prova de que a cultura alternativa não é uma miragem, mas sim componente essencial de qualquer sociedade civil saudável. Trabalhando em conjunto e com o reforço das redes sociais de interajuda, podemos pôr em causa o mundo em que vivemos, implementar formas de solidariedade activa (a nível local e internacional) e denunciar práticas que levam sistematicamente a situações de miséria, injustiça e exclusão.
Um Fórum dos Activistas
É a diversidade dentro do fórum que fomenta o debate e gera novas ideias para combater velhos problemas. A força do fórum está nos seus activistas e na sua capacidade de crescer e gerar mudança, sem dirigentes “esclarecidos”, sem procedimentos pré-definidos, sem hierarquias... só assim é possível complementar um sistema partidário dominante que exclui da actividade politica quem nele não se revê



* o texto foi retirado da página da Attac e a imagem da página cores do globo (organização de comércio justo)

+ 1 blogue para a lista

Ali ao lado andou a arrumar-se e a limpar-se um pouco a lista de blogues. Muitos faltarão dentre os que lemos e gostamos. A nova entrada é do novo blogue de velhos blogueiros: Passado/Presente. ( Past and Present não foi uma revista dirigida pelo Hobsbaum?) O objectivo de Passado/Presente é produzir e manter um espaço de divulgação e de crítica centrado na compreensão da história do mundo actual, mas aberto a diferentes saberes e acessível a um público diversificado de investigadores e de interessados. Nele se procurará divulgar e cruzar informações, críticas, documentos, opiniões, comentários ou apontamentos relacionados com os diversos processos e tendências da observação contemporânea do passado recente, principalmente aquele que se desenvolve, em dimensão planetária, desde os finais da 2a. Guerra Mundial até à actualidade. Passado/Presente manter-se-á igualmente atento à integração dinâmica, na experiência actual, das leituras contemporâneas do passado.

09 outubro 2006

Eduardo Salavisa



Graças à Pública cheguei a este site. Os diários em desenho de um viajante e de outros que ele gosta. Também há um blogue. Nas minhas viagens, principalmente as imaginárias, também há diários mas de bilhetes, fotos, mapas, notas, contas de café.

05 outubro 2006

60 Anos de resoluções sobre o Médio Oriente III

1980 O estatuto de Jerusalém Resolução 478

Rm Agosto de 1980, o CS [conselho de Segurança] pede a Israel que anule a sua "lei básica", onde estabelece Jerusalém como capital una e indivisível". A resolução 478 considera tal lei "nula" e censura, "nos mais fortes termos", a recusa israelita em cumprir anteriores resoluções ao alterar o estatuto da cidade que os palestinianos também reinvindicam como capital.
1981 Anexação dos Golã Resolução 497
aprovada a 17 de Dezembro de 1981 (...) exorta Israel a abdicar da anexação dos Golã, estabelecendo que esta é "nula, inválida e sem efeito legal internacional". Ao longo dos anos 1990, com Yitzhak Rabim e depois Ehud Barak no poder em Israel e Bill Clinton na Casa Branca, foi esboçado um plano de compromisso. As negociações falharam quando o anterior Presidente sírio Hafez al-Assad recusou ceder o controlo do Lago de Tiberíades, hoje um dos principais reservatórios de água de Israel. Em 2003, Ariel Sharon anunciou a expansão dos colonatos e moshavim (comunas agrícolas) nos Golã.
2004 Síria e Hezbollah Resolução 1559
(...) pede ao Líbano que estenda a sua soberania a todo o território nacional, de onde devem retirar "todas as forças estrangeiras", numa alusão aos soldados sírios. Exorta ainda ao "desarmamento" de todos as milícias libaneses e não libanesas". Como condição para pôr em prática esta resolução, Beirute impôs a evacuação das Shebaa Farms e de Kfar-Shouba por Israel e o regresso de libaneses detidos em cadeias israelitas. O Hezbollah, a única milícia que restou após o fim da guerra civil em 1990, nunca foi desarmado. Em 2005, a Síria foi forçada a retirar os últimos 14 mil de uma força inicial de 40 mil soldados do país vizinho, cuja soberania nunca reconheceu, depois de enormes protestos populares motivados pelo assassínio do antigo primeiro-ministro libanês Rafiq Hairiri, a 14 de Fevereiro. O suspeito principal do crime é o o regime de Damasco.
Sofia Lorena, Público, 13 de Agosto de 2006

5 de Outubro

Quem sabe o que é, faça favor de passar ao post seguinte, e desculpem a repetição.

Ora, o que é que eu posso dizer sobre o 5 de Outubro? É o dia da proclamação da República, que foi em 1910. Não foi um dia inventado para passear e fazer ponte logo a seguir às férias.

Eu sei que parece absurdo ainda dar esta notícia como se fosse novidade, mas experimente-se perguntar na rua ao acaso o que é o 5 de Outubro...

Pequenas maravilhas do mundo

Ontem à noite, ao ler a Alice Vieira, lembrei-me de que este ano vou poder ir à Feira do Livro!

03 outubro 2006

Vale tudo, especialmente tirar olhos

Lembram-se das legislativas de 2002? Já não... pois, mas agora é que elas nos caem em cima!

Muito sinceramente, é-me indiferente o que um e outro dizem. Não podemos ter certezas sobre se sabia ou não, penso que as ciências ainda não evoluíram ao ponto de se poder fazer análises ao cérebro com esses fins. Uma coisa é certa: ele era PM! E se não sabia, é porque olhou para o lado! Tinha o dever de saber, e se cá para o mexilhão, o desconhecimento não anula o delito, lá para os dinossauros também não!

Agora manda um porta-voz dizer umas patacoadas: que não se pode confundir o Barroso com o Durão, que as funções são diferentes, que quem tem que responder são as autoridades portuguesas e não a Comissão... em suma, Jeckyl não se responsabiliza de dia pelo que Hyde possa ter feito de noite.

Resumidinho, o legislador encarregou-se de acabar completamente com a Democracia e a Liberdade. Quem está no poder pode mandar ou ser cúmplice de torturas, corrupções, mortes, tudo o que queira, porque a responsabilidade é institucional e nunca pessoal. Quando as coisas vêm a público, o poder já foi passado a outro, que não sabe bem o que se passa, e como são factos ilícitos não tem certamente dossiers com informação. E não deve ser responsabilizado por uma coisa que não fez, obviamente!

O responsável mudou de posto, alega incompatibilidades legais/ institucionais, mudou o apelido, e continua no novo poleiro a fazer o mesmo de sempre: tudo lhe é permitido!

Caso a UE decida levar os inquéritos às últimas consequências, vai certamente haver multas pesadas e sanções contra o Estado português. Só que o Estado não é uma pessoa, não trabalha nem tem ordenado, e por isso não tem vontades, actos, nem responsabilidades. O Estado é uma instituição que representa 10 milhões de pessoas que vão ser responsabilizadas e lesadas através dos seus impostos por uma coisa que não sabiam e não fizeram.

Mas eu espero que isso aconteça. E que com a vergonha e o dedo apontado dos outros europeus, e sobretudo, à boa portuguesa (no pior que os portugueses têm), com o dinheirinho a sair-lhes dos bolsos, os portugueses aprendam finalmente a importância de votar e de saber em quem! Pelo esclarecimento, pelo conhecimento, e não pela campanha com mais aventais oferecidos e mais pimba nos comícios!

28 setembro 2006

Intolerável!

Nem sei que mais dizer do cancelamento do "Idomeneo" de Mozart na Ópera de Berlim!
Das outras, das várias censuras que enfrentou quando era vivo, conseguiu ir escapando... Ora iludindo, ora pondo em música o que não podia deixar em palavras... "As Bodas de Fígaro", por exemplo, está cheia de cenas desse género, em que as referências estão na orquestra e não nas vozes. Esta censura, agora, duzentos e cinquenta anos depois, é simplesmente cobarde.

O "Idomeneo" é uma das óperas mais conhecidas de Mozart, foi representada em todo o Mundo um sem número de vezes, e agora alguém se lembra que é ofensiva? Foi composta em 1781 e é agora que é ofensiva?

Obviamente não conhecemos os detalhes da encenação, mas o libretto mete a guerra entre Tróia e Creta e uma história de sacrifícios semelhante à de Abraão, mas em vez de S. Miguel e Deus, está Neptuno e outros deuses gregos.

Desde quando é que a Arte tem que andar a reboque das censuras, das opiniões dominantes, das ameaças? Se não fôr para pôr em causa o pensamento dominante, para nos pôr a pensar, para nos fazer reflectir precisamente naquilo que nos parece inquestionável, então a Arte não existe.
Porque isso, essa coisa que serve só para fazer passar o tempo sem questionar absolutamente nada, é mau entretenimento.


A coisa parecia ir bem quando começámos a construir teatros por cima dos palácios da Inquisição...
Como é que chegamos aqui e damos por nós a olhar outra vez para um palácio que já lá não está e a agir como se estivesse?

27 setembro 2006

"Copérnico ou Galileu" versão televisiva

Vejam só este vídeo que eu encontrei no Arrastão.



Se o Mundo é hexagonal e a lua não está em Paris, porque raio há-de um francês (ou mais de meia plateia deles) ter que saber estas miudezas?

Agora a sério, é um bom exemplo para ilustrar que, contrariamente ao espírito dos nacional-derrotistas, em Portugal não é tudo pior, os portugueses não são piores, lá fora não é tudo melhor nem são todos melhores.

26 setembro 2006

60 Anos de resoluções sobre o Médio Oriente II

1973 Yom Kippur Resolução 338
Em 1973, a guerra do Yom Kippur (para os judeus) ou de Outubro (para os árabes), desencadeada por sírios e egípcios em ataques no Suez e nos Golã, motivou a aprovação, a 23 de Outubro de 1973, de uma resolução do CS com terminologia rara: estipulando um cessar-fogo imediato, a entrar em vigor em 12 horas depois da votação, e determinando o cumprimento da resolução 242. O texto refere-se a si próprio no artigo 1 omo uma "decisão", o que o torna vinculativo. Num contexto de ameaça à paz, esta escolha de palavras remete para a Carta da ONU, dando-lhe força de lei internacional.
1978 Oucpação do Líbano Resolução 425
Aprovada cinco dias depois da invasão israelita do Líbano, a resolução 425 (de 19 de Março de 1978 pede a Israel que cesse "imediatamente" as suas acções militares contra a integridade territorial do Líbano" e retire as suas forças de "todo o território libanês". Israel, que em 1982 expandiu a ocupação com uma invasão em grande escala, cehgando a cercar Beirute, demorou 22 anos a proceder à evacuação exigida. O texto decidiu ainda o estabelecimento da Força Interina da ONu no Líbano (UNIFIL), que deverá agora receber novos contingentes.
Em Maio de 2000, Israel retirou o seu exército do País do Cedro, mas a sua aviação continuou a ultrapassar a Linha Azul (fronteira reconhecida pela ONU). Beirute insite que Israel ainda ocupa território libanês, nomeadamente Shebaa Farms (uma área que a ONU classificou como território sírio). Em 1982 foi criada a milícia xiita Hezbollah, que desde então combateu Israel e após a sua retirada passou a controlar o sul do Líbano, lançando regularmente ataques contra os israelitas, sobretudo nas Shebaa Farms. O actual conflito começou depois de um desses ataques.
1979 Ilegalidade dos colonatos Resolução 446
Os colonos judaicos palestianos e noutros territórios árabes ocupados desde 1976 "não têm validade legal e constituem uma obstrução séria para obter uma paz justa e duradoura no Médio Oriente", afirma a resolução 446 do CS, aprovada a 22 de Março de 1979. Em Setembro de 2005, Israel unilateralmente retirou colonos e soldados da Faixa de Gaza, mas continua a controlar ou supervisionar as fronteiras deste território, o mais densamente povoado do mundo e que as agências humanitárias já classificaram como "uma grande prisão". Em curso está agora uma grande ofensiva, lançada após o rapto de um soldado (...) Mantém-se a ocupação parcial da Cijordânia (com expansão de blocos de colonatos).

23 setembro 2006

Curtas do dia

Da leitura do Público:
  • é para isso que a gente os elege, que é como quem diz, o futuro com os pés bem assentes no passado, ou na terra:
    • uma rede de eléctricos (rápidos, práticos e não poluentes) por toda a cidade;
    • uma Lei da Memória;
Duas de uma assentada, e da bancada mais pequena do Parlamento. Como dizia o Durão, é tudo uma questão de produtividade (é verdade que não se dizia bem de quem...).

  • Enquanto isso o PSgov produzia apenas uma frase, mas bem eloquente: "Deixemo-lo ir em Paz", dizia hoje o PSgov em relação a Souto Moura. Queria aqui deixar um esclarecimento ao PSgov: o PGR não morreu, está só a acabar o mandato, ainda ñao é hora da missa, sobretudo com frases de requiem...
Mais uma vez é tudo uma questão de produtividade, desta feita, a linha de montagem é a do disparate.
Porque raio não há-de o homem - que todos reconhecem profundamente incompetente - responder por um processo que ele acompanhou, onde interveio e que ele é que conhece? A única pessoa que tem a responsabilidade e a quem cabe responder é ele!
O próximo PGR, de quem eu não sei quase nada e portanto não vou comentar qualidades nem defeitos, vai tomar agora conhecimento dos processos, vai ler agora os dossiers. Não assistiu em directo, não estava no gabinete quando os factos se passaram (alegadamente), vai levar tempo até ler tudo e formar opinião... resumindo, assume o cargo, mas porque há-de assumir as responsabilidades de incompetência, que é uma coisa pessoal?

  • o concelho da Amadora continua sem uma única livraria. Não se trata apenas da cidade da Amadora, mas de todo o concelho, um dos mais populosos do país! Isto devia ser um escândalo nacional, mas em vez disso é apenas algo que é lembrado de ano a ano na inauguração da feira do livro. Mas pensemos, se há espaço para uma feira, se há interesse da população e a feira se repete todos os anos... porque não há uma livraria? Uma só?!

Nota: Desde que saiu esta nova lei, que serve apenas para cumprir promessas do PSop sem gastar tostões nem votos ao PSgov, passam a existir nos meus posts estas duas forças políticas esquizofrénicas, mas independentes. Refiro-me, claro, à questão dos professores do ensino artístico, agora tratados como "animadores" e promovidos a um máximo possível de 10h de trabalho semanal, o que deixa mais uma vez o acesso universal ao ensino artístico a ver navios.
PSop - PS na oposição
PSgov - PS no governo ou governo PS

20 setembro 2006

Ainda o trânsito - CARRIS

Agora é tudo setecentos e qualquer coisa: os autocarros. Apesar dos parec3eres desfavoráveis, apesar dos processos judiciais que várias freguesias puseram contra a CARRIS, esta decidiu ainda assim mudar as carreiras a seu bel-prazer, ou deverei dizer a seu bel-lucro?
Os autocarros passaram a ser mais escassos e a andar mais cheios. Até ao dia em que aconteça algum acidente grave e se prove que as codições de segurança são inexistentes... esperemos que não.

Há alguns princípios simples:
  • UMA e UMA SÓ empresa de transportes em cada área metropolitana! - nada destas concorrências entre Metro e Carris, CP e Transtejo, etc., etc.;
  • a decisão das carreiras a definir e do número de autocarros a circular tem que ser obtido por cálculos muito claros baseados em variáveis como o número de pessoas que habitam e/ou trabalham em certo local, e o número de pessoas que faz tal circuito;
  • não podem haver zonas isoladas - qualquer ponto da cidade não pode estar a mais de x metros de uma paragem/ estação de transportes públicos com um mínimo de passagem de y em y minutos;
  • qualquer percurso dentro da cidade não deve ter mais do que 1 transbordo, nem durar mais do que x tempo;
  • os passes têm que ter um preço único para cada coroa, quaisquer que sejam os transportes a utilizar; os preços têm também que ser tabelados e decididos pelo Estado;
E tudo isto tem que estar legislado e regulamentado, porque as pessoas não podem andar a mudar de vida de cada vez que muda a direcção da empresa de transportes. Parecem muitas variáveis, mas já se inventaram duas coisas fantásticas chamadas sistemas de equações e computadores.

É que há uma coisa básica que ainda não está entendida: enquanto os transportes não funcionarem verdadeiramente, não há campanha publicitária que convença as pessoas a largar o carro, nem multa que as desmotive!
Outra coisa que falta entender é que o mundo não gira à volta dos lucros da CARRIS, mas gira sim e depende do cuidado que se põe na organização dos transportes públicos e na correspondente diminuição do trânsito automóvel.

EMEL e o sistema de Justiça nacional

Portugal tinha um sistema de Justiça: três polícias que investigavam o crime, tribunais que julgavam os criminosos e decidiam sentenças. Parece bem... Mas o sistema de Justiça não entra no trânsito.

Primeiro, as multas passaram a ser pagas no imediato, excluindo os tribunais do processo. As penas eram aplicadas sumariamente e sem prova nem direito de defesa.

Agora a Justiça é privatizada: a EMEL, empresa municipal, vai ter poder sobre tudo o que se refere ao estacionamento em Lisboa, naquilo que é obrigação da PSP e da BT - GNR. Vão ser os empregados de uma empresa municipal, sem formação adequada nem poderes para penalizar os infractores, que vão passar as multas de estacionamento fora das áreas concessionadas.

O sistema judicial nacional é demasiado sério para ser entregue a empresas privadas, mas parece que a CML não percebe o que faz e o resto do pessoal da Justiça anda ocupado no beija-mão ao novo PGR.


Salva-se uma decisão: a de facilitar a aquisição de dísticos de estacionamento a quem reside temporariamente na cidade. Vai permitir a todos os que vêm trabalhar por alguns meses, sem mudar a sua residência oficial de origem, ter carro enquanto trabalham em Lisboa; é válido também para estudantes universitários, porque para muitas destas coisas as moradas de residências universitárias não são aceites.

Carmona a ver se escapa...

"Carmona manda inspeccionar EPUL mas solidariza-se com actuais administradores", diz o Público de ontem. Até parece que o Presidente da Câmara de Lisboa se lembrou assim de repente de mandar investigar a EPUL, mas quer continuar a estar bem com gregos e troianos. Até parece que é mesmo ideia da cabeça dele e que não foi obrigado a isso pelas circunstâncias da denúncia de Sá Fernandes. Quem ler assim sem mais, até parece que o Sá Fernandes não está na vereação a fazer nada...

Os factos remetem pelo menos ao tempo da presidência de Santana Lopes. Mas continuaram até serem denunciados, portanto, também implicam directamente a presidência de Carmona que, se não sabia de nada, é Presidente da Câmara e competia-lhe saber o que se passa nas empresas camarárias.

Mas há outra coisa: onde andam os vereadores do PS e do PCP? Sabendo que o PCP está na Câmara e nas vereações há muito tempo, desilude-me muito que não tenham dito nem feito nada.

Conclusão do dia:

Isto está lindo, está!

Ó p'ra ela a dar-nos música!

A Ministra da Educação teve uma ideia. Sim, senhores, soem os tambores! Uma ideia! Levantou-se e desatou a bradar a todos os jornais. Só que se esqueceu de um pequenito pormenor, coisa de nada: ra-cio-ci-nar. Coitadita, uma pessoa também não se pode lembrar de tudo, e ter a ideia já é muito bom!

A ideia da sra. ministra é a de dar aulas de música a todos os meninos do 1º ciclo do ensino básico das 15h30 às 17h30. Dito assim até parece uma boa ideia, e o princípio é corretíssimo: pôr a música como parte integrante dos currículos escolares desde o início.
Falta pôr em prática, e aí é que surgem muitos problemas:
  1. Duas horas por dia daria um horário de 10 horas semanais, se as aulas fossem diárias. Isto não chega a ser um horário de part-time para estudantes de música.
  2. Os estudantes a quem estas horas poderiam interessar têm eles próprios aulas a esta hora da tarde.
  3. Podiam fazer acumulação de horas em várias escolas primárias de um mesmo concelho, prefazendo um horário completo, com um contrato de trabalho dentro da legislação: sim, a ideia é boa, mas cada pessoa não pode estar em dois sítios simultaneamente e os horários são simultâneos.
  4. Os professores que se sujeitarem a este horário e a este salário de 10h (ou menos) semanais, vão, obviamente, sair assim que encontrarem algo melhor.
  5. Precisamos assim de um professor de música para cada escola primária do país. Ora, mesmo tendo em conta que as escolas desaparecem às centenas, e sabendo que não chovem profs. de música... onde é que a ministra acha que se podem encontrar professores de música nesta quantidade industrial?
  6. Delegou a responsabilidade nas câmaras municipais, que estão aflitas, e ela diz com ar cândido: "nós lá no ministério tratámos de tudo, não há razão nenhuma para que não esteja tudo a funcionar nas escolas!"
Legislar assim é fácil! Qualquer um de nós tem um pesadelo de noite e debita leis a toda a velocidade para delegar a responsabilidade do impossível nos outros.

Por isso nós, músicos, que sempre defendemos o ensino da Música a todas as crianças e jovens, e que sempre sonhámos com aulas de Música nas escolas do ensino geral (fora dos conservatórios e escolas similares), vamos continuar com a nossa utopia. E as crianças vão continuar sem poder aceder à leitura de uma partitura, sem poder desfrutar do desenvolvimento cognitivo e emocional que a aprendizagem musical/ artística traz a qualquer pessoa.

"Durão nega ter autorizado ou sabido de voos ilegais da CIA"

É o que diz uma notícia de ontem do Público.

Portanto, das duas uma:
  • ou é profundamente estúpido e se deixou enganar, e fica provado que as desconfianças sobre ter estado a servir cafés nos Açores são verdadeiras;
  • ou tem que ir ao médico para saber se é esquizofrénico ou tem Alzheimer;
A terceira, que é provavelmente a que ele se põe a si próprio, tomando-se como medida de avaliação: "um político é um ser desprovido de inteligência. Por isso, digo umas brejeirices e os tipos lá do PE engolem tudo, são uns papalvos. A população então, nem se fala!"

E não será coincidência a mais os vôos terem passado quase todos por Portugal e Espanha? Lembram-se da cimeira das Lages?

Ora aqui está uma fotografia da dita, sem o criado/ porteiro/ mordomo.

Era óbvio que naquela reunião se decidia mais do que o que já estava decidido: a guerra. E também era óbvio que se fosse para falar de coisas decentes, estaria a França, a Alemanha, etc. Não se sabia bem o que estava a ser discutido, mas "apanha-se mais depressa um mentiroso que um coxo". Agora já se sabe, é bastante claro. E já repararam que lhe dizem para se ir explicar, mas ninguém fala em retirar-lhe confiança, em obrigá-lo a demitir-se? É tudo muito "civilizado", muito "pacífico".

Não se tome a si como exemplo, sr. Barroso; não substime nem o PE nem a população. Trate lá disso com quem o quis vir buscar para comissário.

19 setembro 2006

SNS versão ministro da doença

Vai ser pago. Excluem-se as criancinhas e os partos, além das doenças crónicas. Também havia de ser giro, ter um fiscal na sala de partos, assim que o puto dava o primeiro choro: "São 3 chuchas e 2 biberons. Se precisar de incubadora vai para 7 pares de botinhas e 10 pacotes de fraldas..." Ou na sala de espera do D. Estefânia: pagava-se os internamentos em carrinhos pequeninos e bonecas.

Mas agora reparo: "Vai ser pago"???? JÁ É PAGO! E o IRS? E a Segurança Social? O IRC? Os 21% de IVA em produtos de primeiríssima necessidade? Toda - menos aquela que foge e a quem suas excelências dizem não ter dinheiro para ir cobrar - toda a população paga impostos, taxas e afins.

O sistema de saúde É PAGO! E há médicos desempregados, e há falta de médicos nos serviços, "porque é preciso poupar", mas o dinheiro anda aí. Onde é esse "aí" é que nós queríamos saber... Temos um Estado que é um saco roto, mas não podem andar a gozar connosco e com a Constituição - que é o próprio fundamento de Portugal - a pedir dinheiro a torto e a direito, como lhes dá "na gana".

À parte a questão da imoralidade e ilegalidade, uma questão prática. Há muita gente que não pode pagar mais. Paga os livros da escola dos filhos, paga propinas dos mais velhos, fraldas com 21% de IVA para os pequenos, paga todos os impostos referidos atrás, paga passes-sociais que de social só têm o nome, paga. Paga demais e não pode pagar nem mais um tostão.
Como vai fazer o ministro? Deixar morrer à porta do hospital um doente que não pode pagar o internamento e os exames médicos? Dar-lhe a escolher entre as despesas de internamento e as funerárias? Sim, uma coisa quase rotineira como uma apendicite não pode ficar à espera do salário do mês seguinte. Se não fôr operada, vai mesmo dar em despesas funerárias!

Então, e sendo operada, mas tentando minimizar o tempo de internamento? Aumenta os riscos de infecções e complicações, aumentando assim o número de doentes que vão precisar de mais tempo de convalescença (e correspondente baixa médica) ou mesmo de segunda intervenção cirúrgica.


Claro que o desenvolvimento do país e do sistema de saúde, deveria estar a conduzir-nos a um aumento da medicina preventiva. Devia levar o Estado a facilitar, e até incentivar os exames de diagnóstico: haveria mais casos em que estes exames teriam resultados negativos - e pareceriam inúteis, mas isso permitiria descobrir os casos positivos precocemente, POUPANDO DINHEIRO e tempo nos tratamentos, nas baixas médicas, nos internamentos, etc, etc, etc.
Em vez disso, o ministro prefere desincentivar a prevenção, cortar pagamentos, cortar nas despesas. Ou seja, estamos a regredir.

Dantes punham nestas coisas uns ministros que se regiam exclusivamente por critérios de poupança. Pelo menos eram bons gestores. Não se preocupavam com as pessoas, mas pelo menos pensavam em poupar. Este nem isso.

DEMISSÃO, obviamente!