22 novembro 2006

Nem sei que lhe chame...

Acabou a Festa da Música. Parece-me que agora sim, os neo-liberais podem dar os seus pulos de alegria. Têm finalmente o que tanto quiseram durante tanto tempo e que nenhum governo lhes deu. A Cultura está a desaparecer.

Acabam subsídios no Porto, diminuem em Lisboa. Agora os preconceituosos já podem ficar descansados com o seu preconceitozinho de que a música é só para meia-dúzia de chatos pseudo-intelectuais; a iniciativa que o deitava por terra e esgotava salas enormes com semanas de antecedência acabou.

Há quem argumente que as pessoas íam à Festa da Música pelo acontecimento em si e não pela música. Ou talvez porque era a única ocasião que tinham de ouvir aquele género de música a preços aceitáveis para salários portugueses, digo eu. Fosse pelo que fosse, iam milhares de pessoas ao CCB, assistiam aos concertos, ficavam a conhecer mais coisas, que de outra forma não conheceriam. O país dessas pessoas ficou mais rico.

Mas as lotações esgotavam, e toda a gente sabe que uma sala esgotada é que dá prejuízo! Lógicas!

Como não entendo a lógica da ministra que diz que de facto o orçamento diminuiu, mas nunca se gastou tanto em cultura como o ano passado. Um orçamento não pode diminuir aumentando! Mas ela acha-nos tão estúpidos que nos quer convencer disso mesmo.

Os neo-liberais fartam-se de dizer que a cultura é superflua, que não querem o seu dinheirinho gasto com "párias", artistas. Que quem quer, compra e paga por isso, e se não vende é porque não é bom. (Pelos vistos, se vende também não é grande coisa...) E votam em quem defende isso mesmo, para terem o que querem. Mais uma vez, é no momento do voto que estas coisas se decidem. Vota-se em quem vai fazer os orçamentos, distribuir os dinheiros e nomear os directores das organizações culturais.
Acho que não sabem no que estão a embarcar, mas espero que sejam muito felizes com os seus enlatados comerciais.

Sem comentários: