19 setembro 2006

SNS versão ministro da doença

Vai ser pago. Excluem-se as criancinhas e os partos, além das doenças crónicas. Também havia de ser giro, ter um fiscal na sala de partos, assim que o puto dava o primeiro choro: "São 3 chuchas e 2 biberons. Se precisar de incubadora vai para 7 pares de botinhas e 10 pacotes de fraldas..." Ou na sala de espera do D. Estefânia: pagava-se os internamentos em carrinhos pequeninos e bonecas.

Mas agora reparo: "Vai ser pago"???? JÁ É PAGO! E o IRS? E a Segurança Social? O IRC? Os 21% de IVA em produtos de primeiríssima necessidade? Toda - menos aquela que foge e a quem suas excelências dizem não ter dinheiro para ir cobrar - toda a população paga impostos, taxas e afins.

O sistema de saúde É PAGO! E há médicos desempregados, e há falta de médicos nos serviços, "porque é preciso poupar", mas o dinheiro anda aí. Onde é esse "aí" é que nós queríamos saber... Temos um Estado que é um saco roto, mas não podem andar a gozar connosco e com a Constituição - que é o próprio fundamento de Portugal - a pedir dinheiro a torto e a direito, como lhes dá "na gana".

À parte a questão da imoralidade e ilegalidade, uma questão prática. Há muita gente que não pode pagar mais. Paga os livros da escola dos filhos, paga propinas dos mais velhos, fraldas com 21% de IVA para os pequenos, paga todos os impostos referidos atrás, paga passes-sociais que de social só têm o nome, paga. Paga demais e não pode pagar nem mais um tostão.
Como vai fazer o ministro? Deixar morrer à porta do hospital um doente que não pode pagar o internamento e os exames médicos? Dar-lhe a escolher entre as despesas de internamento e as funerárias? Sim, uma coisa quase rotineira como uma apendicite não pode ficar à espera do salário do mês seguinte. Se não fôr operada, vai mesmo dar em despesas funerárias!

Então, e sendo operada, mas tentando minimizar o tempo de internamento? Aumenta os riscos de infecções e complicações, aumentando assim o número de doentes que vão precisar de mais tempo de convalescença (e correspondente baixa médica) ou mesmo de segunda intervenção cirúrgica.


Claro que o desenvolvimento do país e do sistema de saúde, deveria estar a conduzir-nos a um aumento da medicina preventiva. Devia levar o Estado a facilitar, e até incentivar os exames de diagnóstico: haveria mais casos em que estes exames teriam resultados negativos - e pareceriam inúteis, mas isso permitiria descobrir os casos positivos precocemente, POUPANDO DINHEIRO e tempo nos tratamentos, nas baixas médicas, nos internamentos, etc, etc, etc.
Em vez disso, o ministro prefere desincentivar a prevenção, cortar pagamentos, cortar nas despesas. Ou seja, estamos a regredir.

Dantes punham nestas coisas uns ministros que se regiam exclusivamente por critérios de poupança. Pelo menos eram bons gestores. Não se preocupavam com as pessoas, mas pelo menos pensavam em poupar. Este nem isso.

DEMISSÃO, obviamente!

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