Presentemente, vivemos sob os auspícios de uma cultura que se caracteriza por um capitalismo obcecado pelo low cost, suportado por uma sociedade em rede, preocupada com a sustentabilidade da velocidade da informação/comunicação, dos MB (mega bites), mas sobretudo viciada nos gráficos impregnados de adrenalina, que tentam demonstrar que os números são o pilar do desenvolvimento da civilização.
O Homem tecnológico, cultural, humanista, faz parte de um passado distante e evoluímos para uma nova Era – a do Homem Descartável.
Muitos de nós erigimos algumas das questões essenciais postas pelos números, no que se refere aos visitantes dos museus, ao desinvestimento na cultura, e sobretudo ao alheamento da sociedade relativamente ao Património Histórico.
Teorias e análises foram faladas e escritas ao longo de décadas, por pensadores, profissionais da cultura e comentadores, sobre as novas necessidades culturais das gerações presentes e vindouras.
Mas, infelizmente, mesmo as visões mais apocalípticas falharam.
O caso das obras de Miró, no nosso estimado Portugal, é paradigma de como se comporta esta geração descartável:
a) Para com as Instituições, que deveriam ter sido convidadas a analisar a questão, e que simplesmente não o foram – a Secção dos Museus, da Conservação e Restauro e do Património Imaterial (SMUCRI) do Conselho Nacional de Cultura, a Direcção-Geral do Património Cultural / DGPC, a APOM (Associação Portuguesa de Museologia) e o ICOM-Portugal.
b) Para com a respectiva área de especialidade - Secretário de Estado da Cultura.
c) Para com a Lei de Portugal, que obriga a que as obras de arte, ao serem deslocadas para outro país, tenham de obter uma autorização para o efeito.
d) Para com os Portugueses, que não tiveram a oportunidade delas usufruírem, nem que fosse por breves momentos numa exposição.
e) Para com os Museus do Estado, que teriam, porventura, a oportunidade de incorporar algumas obras (já que possamos concordar que, devido à situação actual do País, nem todas pudessem ficar em Portugal).
f) Para com a inteligência. A colecção Miró constitui um acervo artístico gerador de riqueza em qualquer parte do mundo, em especial num país turístico como é Portugal, que através de uma política de comunicação/actuação semelhante a outras recentes exposições, poderia ajudar (não a resolver) a remover a imagem da profunda trapalhada ligada ao caso BPN.
g) Para com Juan Miró, artista universal, nascido no território Ibérico, representativo de uma Era próspera da pintura europeia, um dos mais importantes pintores do século XX, cujas obras não mereceriam tamanha desfeita.
Hoje as de Miró, amanhã de outro artista de referência. Não deixa de ser um precedente, tão insólito como preocupante.
Associação Portuguesa de Museologia
Presidente João Neto
Lisboa, 3 de Fevereiro
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05 fevereiro 2014
20 setembro 2012
Pussy Riot: a meta-obra de arte
"A verdade é que as Pussy Riot não são aquilo que nos habituámos a designar como “uma banda”: integrando cerca de 10 performers e 15 elementos responsáveis pela logística técnica (incluindo filmagem, montagem e distribuição de vídeos via-Internet), são elas próprias uma espécie de “braço armado punk” do colectivo radical de "street-artists", Voïna (“Guerra”), a quem, em Agosto do ano passado, o "graffiter" britânico, Banksy, dedicou um episódio do programa “The Antics Road Show”, no Channel 4: “A Rússia. Terra de arquitectura grandiosa, excelente literatura e corrupção policial endémica”, narrava a voz-off enquanto as imagens mostravam as “performances artísticas extremas” dos últimos cinco anos destinadas a provar que “a polícia não é imbatível” e que incluíram a pichagem nocturna de um falo gigante numa ponte levadiça de São Petersburgo que, quando erguida, apontava para o edifício-sede do FSB (ex-KGB) ou a "Fuck for the heir Puppy Bear!", “fuck action” pública de grupo, levada a cabo, em Fevereiro de 2008, no Museu de Biologia de Moscovo – na sala “Metabolismo e energia dos organismos” – em protesto contra a passagem de testemunho de Putin a Medvedev (“medvedev”, em russo, significa “urso”), nas muito contestadas eleições desse ano.
Ler o texto completo em Provas de Contacto
10 julho 2012
Vasconcelos em Veneza
"Sem recorrer a mediações protetoras de uma política do gosto, a Secretaria de Estado da Cultura usou este ano a prerrogativa de escolher o artista – Joana Vasconcelos – que vai representar Portugal na Bienal de Veneza. A decisão é talvez quase inédita na política cultural de um país democrático e apresenta uma preocupante conformidade com a tatuagem do “Governo de Portugal” com que ficam marcadas as obras e acontecimentos culturais subsidiados pelo Estado" António Guerreiro, A política da arte
08 novembro 2011
Festival Temps d`Images

Entre 14 e 18 de Novembro, no Auditório da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Entrada Livre.
09 dezembro 2009
Excelentes notícias
Depois de décadas sem destino o Museu de Arte Popular vai deixar de ser um fantasma à beira-rio. O edifício, em vias de classificação, é um notável testemunho da arquitectura modernista portuguesa onde trabalharam e deixaram marca muitos dos artistas desse período. Devolver-lhe a função original é assumir, num mundo cada vez mais mundializado, que o Museu Nacional de Etnologia deixa espaço, e que todo o espaço não será demais, à existência de um Museu vocacionado para a protecção do património popular. Sem os paternalismos e o discurso fascizante do Estado Novo sobre o bom e humilde povo português. Sem, por outro lado, cristalizar num entendimento obsoleto da museologia, mas sim colocar em contacto, e dar novas vidas e novos olhares ao nosso património popular. Há museus que trabalham, de forma notável, esta realidade a nível local (Museu do Trabalho em Setúbal, Museu de Íhavo).
Este anúncio a juntar ao assumir da insuficiência dos 0,3% do orçamento para a Cultura colocam altas -onde se querem- as expectativas na recém-chegada ministra Canavilhas.

06 dezembro 2009
SOS Azulejo
Um espaço que sempre idealizei mais ou menos com estas valências tomou forma através do projecto SOS AZULEJO. Aqui, para além de ficarmos a conhecer como proteger e tratar um dos aspectos mais curiosos e interessantes da história da arte portuguesa, ficamos também alertados para os imensos riscos que corre e, encontramos um espaço comum, com interlocutores vários (incluindo a polícia judiciária) para detectar situações de risco e cuidarmos em conjunto do que (nos) é caro. E promovem iniciativas de conhecimento e aprofundamento de conhecimento insubstiuíveis e imperdíveis.
12 novembro 2009
Os braços da Venus de Milo

A rtp 2 passou recentemente um programa de Waldemar Januzczak em três episódios desgarrados (entre e dentro de si) onde o crítico de arte, de forma entusiasta e vibrante, nos conduz, quase sempre sob paisagens deslumbrantes, sobre aquilo que o maravilha e exalta na história da escultura (chegando a incluir nesta categoria construções arquitectónicas da civilização Maia).
No 1º primeiro epiódio propõe-se explicar o êxito ao longo de séculos da escultura conhecida como a Vénus de Milo para concluir que esta escultura desmembrada concentra as características, também presentes nas estatuetas pré-históricas idênticas à Venus of Willendorf, definidoras da fertilidade e portanto essenciais ao ser-mulher. Esta estátua tem um sucesso que permanece ao longo do tempo segundo este crítico prolíxuo, não porque seja uma imagem repetida mil vezes e identificada por todos como o Nascimento de Vénus renascentista em todas as caixas de bom-bons (o ready made e o Wandy Wharhol já não tinham explorado esse fenómeno da massificação associada à imagem, e já outros teóricos não falam do fim da imagem?) mas porque sintetiza aquilo que interessa numa mulher (o seu peito para amamentar e as suas coxas e púbis para procriar). Chega a dizer: não está ali tudo o que interessa numa mulher? Fabrica pequenas réplicas com bracinhos para nos demonstrar que qualquer par de membros na Venus de Milo lhe teria retirado a importância que detém no reconhecimento universal. Talvez a sua teoria não seja de ignorar no que diz respeito à opção em emitir de forma repetida para a comunicação massificada determinadas imagens, que, na força da sua repetição, acabam por impôr-se, universalmente aceites, e transportadoras desses valores (não os que lhe deram origem) mas os que motivaram a sua ampla divulgação.

01 julho 2009
Iluminação
26 maio 2009
Arquivo Universal
A Condição do Documento e a Utopia Fotográfica Moderna
Menos de dois meses foi o tempo da melhor exposição que passou pelo Museu Berardo e nos últimos tempos, certamente, por Lisboa. 1000 imagens num mundo em que levámos a imagem à saturação não é tarefa fácil. E não é a quantidade que justifica o arrojo e a ambição deste projecto. A quantidade está lá como condição necessária para tentar o balanço da história da fotografia em 150 anos. A fotografia enquanto documento. De que forma este tipo de documento nos permitiu alterar o olhar sobre o objecto? E como não salvámos o mundo por podermos a partir da imagem verdadeira ( agora objectivada ao limite só ultrapassado com a imagem em movimento) demonstrar, revelar, apontar, concluir.
Menos de dois meses foi o tempo da melhor exposição que passou pelo Museu Berardo e nos últimos tempos, certamente, por Lisboa. 1000 imagens num mundo em que levámos a imagem à saturação não é tarefa fácil. E não é a quantidade que justifica o arrojo e a ambição deste projecto. A quantidade está lá como condição necessária para tentar o balanço da história da fotografia em 150 anos. A fotografia enquanto documento. De que forma este tipo de documento nos permitiu alterar o olhar sobre o objecto? E como não salvámos o mundo por podermos a partir da imagem verdadeira ( agora objectivada ao limite só ultrapassado com a imagem em movimento) demonstrar, revelar, apontar, concluir.
Jorge Ribalta é o comissário da exposição organizada pelo Museu d`Art Contemporani de Barcelona (MACBA). Uma exposição que devia ficar, nalgum sítio em qualquer parte do mundo, mas ficar.
03 abril 2009
06 outubro 2008
Por um Museu da Liberdade

Foi pintado ontem na António Maria Cardoso. Um ensaio de um mural que deviamos ter nesse rua frente ao novo condomínio de luxo construído onde funcionou a sede da PIDE/DGS, já que o esperado Museu da Resistência e Liberdade terá de se constituir noutro lugar. Juntei às ligações o link para o movimento cívico Não Apaguem a Memória.
12 julho 2008
Era uma vez o Espaço

Lá em cima
há planícies sem fim
Há estrelas
que parecem correr
Há o sol e a Any[?] a nascer
Nós aqui sem parar
numa terra a girar
Lá em cima
há o céu de cetim
há cometas
há planetas sem fim
Galileu
teve um sonho assim
Há uma nave no espaço
a subir passo a passo
Galileu
teve um sonho assim
Lá em cima pode ser o futuro
a alegria
vamos saltar o muro
e a rir
unidos com um abraço
vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço
há planícies sem fim
Há estrelas
que parecem correr
Há o sol e a Any[?] a nascer
Nós aqui sem parar
numa terra a girar
Lá em cima
há o céu de cetim
há cometas
há planetas sem fim
Galileu
teve um sonho assim
Há uma nave no espaço
a subir passo a passo
Galileu
teve um sonho assim
Lá em cima pode ser o futuro
a alegria
vamos saltar o muro
e a rir
unidos com um abraço
vamos contar uma história
Era uma vez o Espaço
lala lalalalala lalalalalal
Lá em cima
já não há sentinelas
sinfonia
toda feita de estrelas
uma casa sem portas nem janelas
É estenderes o braço e tocares o espaço
15 abril 2008
Notícias do meu país #2

A remodelação das estações de Roma e Alvalade faz-nos acreditar. Esperemos com alegre expectativa o que está reservado aos pobres da Linha Verde, Intendente, Anjos e Arroios.
13 março 2008

Lisboa perfumou-se toda. É à noite que se descobre o mistério. A Primavera em todas as árvores. Fiquei sem os meus favoritos há meio ano, ando a reecontrá-los aos poucos. Hoje fica aqui o site do Pedro Penilo.
17 julho 2007
A Comunista Guernica
No exame nacional do ensino secundário à disciplina de História da Cultura e das Artes do presente ano surpreende-nos a pergunta 3.
"Guernica, obra de Pablo Picasso, testemunha a destruição provocada pela Guerra Civil de espanha (1936-1939), convertendo-se, simultaneamente, numa obra comprometida ideologicamente, numa alegoria histórica e numa síntese formal dos principais movimentos artísticos da primeira metade do século XX.
Analise esta obra, relacionando-a com os seguintes tópicos:
-posicionamento de Pablo Picasso no contexto político e militar da Guerra Civil de Espanha;
-siginificado da obra enquanto símbolo de um acontecimento concreto;
-influências do Cubismo e do Surrealismo nela patentes.

Ficamos a saber de antemão que a representação de uma cena de destruição e morte causada por um bombardeamento é uma obra comprometida ideologicamente. Depois deste dado a priori tudo pode acontecer, mesmo esperar que quem tenha feito este exame tenha tido o entendimento menos enviesado e pequeno de quem o elaborou. E que dizer do Surrealismo tão categoricamente patente em Guernica? E que dizer do ensino oficial das artes ?
"Guernica, obra de Pablo Picasso, testemunha a destruição provocada pela Guerra Civil de espanha (1936-1939), convertendo-se, simultaneamente, numa obra comprometida ideologicamente, numa alegoria histórica e numa síntese formal dos principais movimentos artísticos da primeira metade do século XX.
Analise esta obra, relacionando-a com os seguintes tópicos:
-posicionamento de Pablo Picasso no contexto político e militar da Guerra Civil de Espanha;
-siginificado da obra enquanto símbolo de um acontecimento concreto;
-influências do Cubismo e do Surrealismo nela patentes.

Ficamos a saber de antemão que a representação de uma cena de destruição e morte causada por um bombardeamento é uma obra comprometida ideologicamente. Depois deste dado a priori tudo pode acontecer, mesmo esperar que quem tenha feito este exame tenha tido o entendimento menos enviesado e pequeno de quem o elaborou. E que dizer do Surrealismo tão categoricamente patente em Guernica? E que dizer do ensino oficial das artes ?
13 julho 2007
21 abril 2007
13 abril 2007
16 fevereiro 2007
19 dezembro 2006
Anos 80: Uma tipologia
A maior tentativa de empreender uma visão sobre a década, segundo os curadores, a exposição em Serralves é arrojada e complicada de receber. Será por não estarmos tão longe dessa década ou porque (ainda) reinam as categorias que por muito tempo estiveram associadas a uma obra de arte (como o belo). A comunicabilidade continua a parecer um princípio sólido e seguro. E comunicam. Não da forma violenta e imediata que a maior parte da arte plástica e visual dos anos 60/70. Merece a visita. Até 25 de Março.

"Apresentando obras pertencentes ao último momento histórico antes da globalização, "Anos 80: Uma Topologia" organiza-se em torno de grupos geográficos (o mapeamento geográfico da arte mundial, porém, é abandonado sempre que um argumento estético se revela mais forte do que o argumento topológico). A exposição mostra – com raras excepções – obras originárias da Europa e das Américas. Apesar de adoptar uma perspectiva europeia, inclui contributos de todo o universo da arte e ao mesmo tempo abre algumas janelas para locais de menor visibilidade, como Istambul (Gülsün Karamustafa), Atenas (George Hadjimichalis, Apostolos Georgiou), Santiago do Chile (Eugenio Dittborn), Moscovo (Ilya Kabakov) ou Abidjan (Frédéric Bruly Bouabré).
A exposição centra-se em obras que dão forma, em particular, à incerteza contemporânea acerca do lugar da arte na sociedade contemporânea e, de uma maneira geral, às incertezas culturais e políticas da época. Assim, nem inclui obras que pretendem oferecer novas (velhas) certezas (por exemplo, o regresso a tradições e mitologias locais, formas de arte estabelecidas e representadas na Transavanguardia italiana, na Wilde Malerei alemã, ou a obra de americanos como Julian Schnabel, David Salle e Eric Fischl), nem inclui obras que reagem com um distanciamento cínico à situação contemporânea (Jeff Koons). Aquilo a que aqui se assiste (após o período da arte conceptual, baseada na linguagem dos anos 70) é o regresso do objecto – mas um objecto que gera um lugar suspenso, um lugar sem lugar, o não-lugar da atopia.

"Apresentando obras pertencentes ao último momento histórico antes da globalização, "Anos 80: Uma Topologia" organiza-se em torno de grupos geográficos (o mapeamento geográfico da arte mundial, porém, é abandonado sempre que um argumento estético se revela mais forte do que o argumento topológico). A exposição mostra – com raras excepções – obras originárias da Europa e das Américas. Apesar de adoptar uma perspectiva europeia, inclui contributos de todo o universo da arte e ao mesmo tempo abre algumas janelas para locais de menor visibilidade, como Istambul (Gülsün Karamustafa), Atenas (George Hadjimichalis, Apostolos Georgiou), Santiago do Chile (Eugenio Dittborn), Moscovo (Ilya Kabakov) ou Abidjan (Frédéric Bruly Bouabré).
A exposição centra-se em obras que dão forma, em particular, à incerteza contemporânea acerca do lugar da arte na sociedade contemporânea e, de uma maneira geral, às incertezas culturais e políticas da época. Assim, nem inclui obras que pretendem oferecer novas (velhas) certezas (por exemplo, o regresso a tradições e mitologias locais, formas de arte estabelecidas e representadas na Transavanguardia italiana, na Wilde Malerei alemã, ou a obra de americanos como Julian Schnabel, David Salle e Eric Fischl), nem inclui obras que reagem com um distanciamento cínico à situação contemporânea (Jeff Koons). Aquilo a que aqui se assiste (após o período da arte conceptual, baseada na linguagem dos anos 70) é o regresso do objecto – mas um objecto que gera um lugar suspenso, um lugar sem lugar, o não-lugar da atopia.
Assiste--se ainda ao regresso do corpo – mas um corpo fragmentado, traumatizado, hibidrizado. Nessa medida "Anos 80: Uma Topologia" apresenta – em contradição com algumas das leituras comuns na década – uma perspectiva particular e partidária sobre um período rico em obras enformadas por referências críticas à arte mais avançada dos anos 60 e 70 (e não o seu desprezo ou a sua rejeição), criando novas constelações com base em precedentes da história recente."
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