Mostrar mensagens com a etiqueta extrema-direita. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta extrema-direita. Mostrar todas as mensagens

18 agosto 2011

O multiculturalismo de David Cameron

José Biern Boyd Perfeito

Em 2007, David Cameron, ainda líder da oposicão pelo Partido Conservador (Tories), visitou a cidade de Birmingham, uma das maiores cidades do centro/norte de Inglaterra, muito conhecida pela industria automóvel das grandes marcas que nos habituamos a ver.




-------------------------------------------------------------------------------

A velha(nacionalizada) British Leyland, a Jaguar, a Land Rover, a DLV (DAF/Leyland), a Rover, todas elas se situam ou situavam numa cintura estratégica, entre Birmingham e Conventry tornando as áreas residencìais de Birmingham preferidas da grande massa de emigração nos anos 70 e 80.

A cidade cresceu, o comércio cresceu, a índustria imobilíaria expandiu-se e estava-se num caldeirão de culturas, identidades, nacionalidades, que habitavam lado a lado com uma classe trabalhadora Inglesa, muito classista, orgulhosa do seu passado e acima de tudo, lutadora dos seus direitos. Era uma área Trabalhista, dos clubes e centros comunitários, bairros dos Councils, etc.

Ainda antes de chegarmos a 2007 e a David Cameron, uma abrupta transformação nos anos 70, com a crise petrolífica de 73, a queda do Governo Trabalhista de Callaham, levou a que Margareth Thatcher, no seu primeiro governo em 1979, tivesse uma atenção especial á zona de Birmingham.

Por aí começou a privatização das índustrias automóveis, sendo a primeira a British Leyland, acabando por terminar no que acabou, como é do conhecimento geral; venda da Land Rover, falencia da Rover e da LDV, além de outras marcas não menos históricas que foram ficando pelo caminho.
Não foi porque Thatcher escolhesse ao acaso essa área geográfica, mas porque era uma das zonas onde a força de milhares de trabalhadores estava centralizada, em que a reenvidicação era uma das armas para lutar contra as politicas neo-liberais que se colocavam no futuro, e essa força tinha de ser, como no caso dos mineiros, partida, dividida, derrotada.
Nos finais dos anos 80, as politicas de reconversão e de re-adaptaço, continuavam a assegurar os empregos de uma forma geral, a mobilidade interna atenuou outros e tudo parecia controlado.

Mas nos anos 90 recomeçaram os problemas, com as restantes fábricas a fecharem, milhares de trabalhadores no desemprego e uma crise social pesadíssima. Já não havia reconversões para tantos trabalhadores ou re-adaptações.
Uma das maiores comunidades em Birmangham era e é a comunidade Muçulmana, muito presente em toda esta faixa do centro de Inglaterra, Luton, Beresford, Birmingham, Oxford ínclusive.
Como uma comunidade que demonstra taxas de crescimento acima da média, o seu nùmero aumentou exponencialmente em relação ao que era um nùmero de referência da própria comunidade Inglesa, original daquela área.
A maior parte dos trabalhadores da comunidade Muçulmana, ou trabalhava nas índustrias de automóveis ou possuía pequenos negócios familiares de comidas rápidas, com enorme concorrência entre eles e com ligação directa com o poder de compra da região.
Estavam integrados e interagiam com a restante população, não havendo problemas de maior, onde a cultura da classe trabalhadora, internacionalista e justa, absorvía todos os diferendos culturais.

As coisas, entretanto, mudaram, com os anos 90 e seguintes.
A maioría dos trabalhadores, agora no desemprego, maioritáriamente Emigrantes, vivia de benefícios socias, como o Housing Benefit (o Council paga a renda da casa) Income Support (quantia mínima de dinheiro que um cidadão precisa para sobreviver) Child care (ajuda para crianças) e outros. Esta situação afectava todas as comunidades, sem excepção, mas mais fortemente a comunidade Inglesa local, que como é evidente, tinha perdido os seus empregos também.
Os County Councils (governos locais) entraram em derrapagens orçamentais motivado pelo aumento de benefícios sociais, em crescendo a cada dia que passava.
Havia tensão social motivado pelo funcionamento do sistema que protege as familias numerosas, tradicionalmente Muçulmanas, com os benefícios sociais e formas de apoio.
Com os empregos a escassearem, também a tensão aumentava, ainda para mais, com grande impacto nos média que notíciava que havia milhões de libras a serem enviadas para países como o Paquistão, Polónia, Letónia, Bangladesh, India, etc, etc pelos emigrantes, que não eram gastos no Reino Unido.

Uma parte da classe média baixa, inicia movimentos nacionalistas, frontalmente opondo-se aos emigrantes, de uma forma geral.
Nasce duma já agonizante EDL(anos 60), o BNP (British National Party) (Partido Nacionalista Britanico) com Nick Griffin a liderar essa Classe média baixa.
O seu discurso de Emmigrants free, colheu aceitação na Classe trabalhadora, desempregada ou com dificuldades.
Nessa altura Tony Blair apresentava uma nova política de Emigração, com o Emmigrants act, no sentido de apertar mais as malhas nas licenças de trabalho e o controle fronteiríço.
Socialmente Blair definiu o Reino Unido como Multiculturalista, integralista de todas as culturas. Não se colocava nesta altura, muito em relevo a questão religiosa. Havia uma aceitação muito Britanica (mind your own business) nessa questão.

Agora voltamos então a Cameron em 2007.

Desde os atentados das Twin Towers e de Londres (2005) que a tolerancia das questões religiosas sofreu uma alteração vincada na relação com as comunidades Muçulmanas.

Tradicionalmente reservados e pouco interventivos na sociedade, com poucos conhecimentos de Inglês, o discurso do integralismo começou a mudar os termos. Crescia, nas classes médias e baixas Inglêsas, uma silenciosa revolta, impulsionada por vários sectores da sociedade, conservadores e nacionalistas.

Mas, para os très princípais partidos Inglêses, o Partido Trabalhista, o Partido Conservador e os Liberais- Democratas, a politica a seguir seria sempre o integralismo mas com multiculturalismo, ou seja, inclusão na sociedade Inglêsa, mas reconhecendo as identidades culturais de cada cidadão. A questão do véu Islamico nao teve sequer discussão, foi adaptada nas escolas. Foram criados grupos de trabalhos escolares para planificar matérias pedagógicas para cada tipo de cultura ou religião.
Um dos casos judíciais, em fase deste clima, foi a tentativa de prova de uma determinada tradição de uma religião como cultura e identidade, capaz de criar um regime legal de excepção.
Em 2007, Cameron visita então Birmingham, com grande aparato de média atrás, interagindo principalmente com a comunidade Muçulmana.
Dormiu inclusíve, numa casa de uma familia Muçulmana e fêz um discurso francamente humano sobre as diferenças culturais.
Disse na altura que, "não se podia forçar ninguém a ser Inglês" "que havia uma comunidade jovem e intelígente capaz de se adaptar e "trazer o melhor da sua cultura para a nossa cultura".
Falou-se novamente na política dos anos 60, a assimilação pelo povo Inglês das comunidades de culturas diferentes, das suas linguas e tradições, fossem populares ou religiosas.
Jack Straw, Home Secretary (Ministro do Interior) do governo Trabalhista de Blair, vinha, na mesma altura (estavamos em campanha eleitoral) a público reforçar a ídeia do Multiculturalismo e da total inclusão dos Emigrantes na sociedade Inglêsa, com as suas próprias culturas.

Foi sol de pouca dura.

Aqui entra a minha propria experiência como Officer do T&G e depois UNITE.

Estávamos no ínicio de 2008 e o T&G (sindicato que representa transportes e trabalhadores gerais) funde-se com o Amicus e formam o maior sindicato Britanico. Dois Homens ficam á frente deste sindicato, Dereck Simpson e Tony Woosley.
Numa refínaria da Total Francesa na Escócia, em 2008, foi efectuado um despedimento colectivo, de trabalhadores locais. Cerca de 300.
Nas semanas seguíntes, agências de trabalho temporário, recrutam trabalhadores emigrantes, Italianos, Polácos e alguns Portuguêses.
Foi passada nas televisões internacionais, as muito célebres imagens dos trabalhadores Italianos a entrárem para o turno e a mostrarem o dedo do meio para as camaras, o que foi apresentado pelos média, como uma afronta ao povo Inglês. O circo estava montado.
Marca-se uma manifestação para o exterior da refínaria e num palanque improvisado, Dereck Simpson, um dos meus secretários gerais da altura, deu o mote para o ínicio do clima que se vive hoje. Sim, vindo de um Secretário geral de um sindicato.

A frase British Jobs for British people, (Empregos Inglesês para os Inglêses) foi atirada ao ar, como um rastilho de pólvora que pegou e não mais parou, pelo Dereck, num dos seus mais tristes momentos. E teve vários.
O alvo eram os Emigrantes como já o tinham sido anteriormente um pouco mais silenciosamente. Agora gritava-se nas ruas, nas manifestações sindicais, apesar de por parte da maioria de nós, ter-mos feito o impossível para desmontar essa falácia racista.
No pior dos cenários, coloquei em causa a minha continuidade no Unite, mas fizeram-me reconhecer que saindo se estava a dar mais espaço a quem pensa dessa forma.
Numa reunião em Cardiff, na Transport House, eu e o Andy Richards, exigímos a Dereck uma retratação pública e o reconhecimento do erro e da enormidade que tinha cometido entre outros erros que surgiram e muitos mais que vieram a sugir.

Nunca se retratou nem sequer alguma vez explicou a frase, mantendo um clima de nevoeiro que muitos foram aproveitando para o seu próprio benefício.
Gordon Brown sabia e sempre soube aproveitar estes pontas de lança do partido trabalhista.
Dos sete Portugueses que lá estavam a trabalhar, todos se sindicalizaram e mantive algum contacto com eles, por mais algum tempo.
Motivados por esse tipo de afirmações racistas, os partidos de direita nacionalistas, agarraram na coisa e como atacar emigrantes só por si, não dava os resultados previstos, passou-se a um acrescento.

Emigrantes e a sua cultura, os seus hábitos sociais e religiosos, foram o alvo seguinte.
Alvo princípal, os Muçulmanos outra vez.
Em 2009, a EDL (English Defense League) reascendia o ódio pelos Muçulmanos, uma campanha de manipulação corre nos tabloides ligados a Rupert Murdoch.
Frases como "estão a alterar a nossa terra como se fosse deles" ou "qualquer dia já se fala a lingua deles aqui" ou " querem doutrinar o mundo no Islão" eram parandongas dos jornais diários.
No entanto e depois de tudo isto, o povo Inglês, acalmava, regressava como sempre, á sua boa vizinhança, ao espírito de solidariedade e houve um reprovar frontal ás agitações racistas, apesar de as manifestações anti-Muçulmanos serem recorrentes, mas pouco participadas.

Os povos não são racistas, são as classes opressoras que radicalizam a sociedade á medida das suas necessidades.

Havia sido criado, no entanto um clima de tensão que aos poucos se fazia sentir por entre os Inglêses no geral, fosse em termos dos desempregados, fosse em termos de aceitação da força de trabalho emigrante e as suas culturas próprias. Nas eleições Europeias, O BNP (Partido Nacional Britanico) teve resultados surpreendentes em zonas tradicionalmente Trabalhistas e o UKIP (Independente, nacionalista e Euro-céptico) conseguiu eleger um deputado para o parlamento Europeu, o que já por si, á uma contradição da sua própria base ideológica.

(Em 2009, uma serie de reuniões do meu Partido Político, O SWP e do Unite Against Fascism, em que participei, em Swansea, foram feitas em locais secretos, com a polícia a patrulhar a zona, devido ás ameaças que tinhamos recebido de membros da extrema direita).

Mas em 2010 estava já tudo mais calmo, até porque a eleição de Nick Clegg dos Liberais Democratas, para o governo Inglês em coligação com o Partido Conservador, deu alguma esperança ás políticas sociais porque Nick Clegg é casado com uma Espanhola e esse facto foi de certa forma levado como bandeira de uma certa abertura e desanuviamento a questão da emigração.
Convém também ressalvar que Boris Johnson ocupava então já o cargo de Mayor de Londres e iniciava uma política concertada com a polícia metropolitana, sobre alvos a incidir, no sentido de controlar a criminalidade. Alvos esses, assentes na ídeia que a criminalidade nasce nos bairros sociais mais pobres e em zonas de minorias étnicas, o que fez disparar as acções de controle a determinadas zonas em que a maioria dos residentes era de cor ou de etnia diferente.
Também durante as eleições para o Parlamento, os nùmeros de votos dos Partidos de direita, desceram aos seus valores habituais, perdendo algum do protagonismo e legitimidade das eleições anteriores.

Chegados que somos a 2011, uma cimeira sobre segurança Europeia realiza-se em Munique, patrocinada pela sempre Virgem Chanceler Alemã, Angela Merkel nos dias 3 e 4 de Fevereiro.
David Cameron faz então, nessa cimeira em consonância com Angela Merkel, declarações surprendentes e aterradoras.
Afirmou publicamente que o Multiculturalismo tinha falhado no Reino Unido!!

Que os Jovens Muçulmanos, nao queriam integrar-se na cultura Inglêsa, que estavam radicalizados e eram foco de violência. Que nao aceitavam o modo de vida Inglês, que viviam em segregação cultural, motivada por separatismos culturais e religiosos.
Falou num liberalismo muscular.
Este discurso de um racismo extremo e ignorante, acabou por trazer ao de cima, a verdadeira cor desta coligação. E de David Cameron que em 4 anos alterou de forma radical, ele sim, a sua opinião publica que andou a vender para ganhar eleições. Mas o pior de tudo, está na ajuda que deu á extrema direita e nacionalista, com o seu discurso, dois dias antes de uma manifestação anti-Muçulmanos marcada para Luton. (Fev/2011)

Claro que os lideres racistas e fascistas, apanharam as palavras de Cameron e deram vivas que o Governo estava a dar-lhes razão.
Sao em média 7 milhões de Emigrantes no Reino Unido, aproximadamente 10% da sua população total.
Ha 2,7% de Muçulmanos na população total. (8th October2009 PEW Reserch center Report).
Este discurso irresponsável vai criar mais ódio e confrontos por entre as populações, um clima que para o governo Inglês, trás uma maravilhosa desculpa para criar mais repressão e controle da população.
-Há que controlar as manifestações e protestos da sociedade Inglêsa e para isso é preciso construir uma base de repressão que se possa justificar aos olhos do povo.

Os Muçulmanos são, mais uma vez, o bode expiatório para o que aí vem.
Como se pode declarar o falhanço de uma politica social, de direitos humanos, de respeito pelas culturas e religiões, baseado em percentagens de populacao de 2,7% , plenamente intregrada e envolvida na sociedade.
Como se pode falar em radicalização quando a comunidade Muçulmana vive o seu dia a dia, sem rebentar bombas ou dar tiros e matar inocentes, coisas que os exércitos ocidentais sao conhecidos por fazer nos países Muçulmanos?
Como pode um Homem que afirmou em 2007 que não se podia forçar ninguém a ser inglês, agora vir dizer que todos tem de o ser, á força, senão por motivos estratégicos de interesses políticos e financeiros.
Como pode um Primeiro-Ministro fazer declarações de uma tal irresponsabilidade, antes de uma manifestação neo-nazi e racista, senão para lhe dar protagonismo?

Uma coisa é certa, o discurso de Cameron sobre o Multiculturalismo, deixa mais pessoas revoltadas, porque sabem que num país, todos contam, todos fazem parte.
Todos nós conhecemos um Mohammed, um Sadiq, um Sahid etc etc. São nossos amigos, colegas, vizinhos. Não são Terroristas nem radicais furiosos. São apenas pessoas, trabalhadores.

Como nós...

Oxford, 4th July 2011

Jose Biern Boyd Perfeito

Escrevi este texto na data acima anotada. Nessa altura, não me passou pela cabeça que os protestos pudessem ser tão próximos no tempo.
Não sendo somente a questão multicultural, ela representa sem dúvida parte do ignante que levou á inflamação desta ultima semana. Tal como a repressão que se segue.

David Cameron está a preparar o seu próprio caldo, para nele ser cozido.

Criar um clima de repressão social num clima de repressão económica, é o reagente para uma reacção não só quantitativa, mas também, qualitativa




16 fevereiro 2011

De Uganda a Cantanhede

Apesar do assassinato de Carlos de Castro ter sido tema explorado ab nauseam pelos piores motivos, penso que não será tarefa infrutífera deixarmos de pensar na dimensão do filão social que alimenta (e se alimenta) o sensacionalismo rasteiro. Se alguém andasse distraído com os juros da dívida soberana ou se por momentos esquecesse que país existe para eleger Cavaco Silva, a homofobia que veio à tona, espreitou ousada e criminosamente, à conta das notícias do assassinato em Nova Iorque, devia fazer-nos não só estremecer mas acordar e combatê-la em cada canto. Como disse Angélica Liddell, dramaturga presente em Portugal nas últimas semanas, o extermínio dos judeus na Alemanha não começou nos campos de concentração, começou nas anedotas de judeus nos salões das festas daquele país.


No dia 26 de Janeiro David Kato, um activista dos direitos LGBT no Uganda, foi assassinado. Estava envovido na denúncia do ódio destilado por um órgão de comunicação social daquele país contra os homossexuais, jornal que tinha iniciado uma rubrica de título "Enforquem-nos", rubrica onde se publicava a cara e o nome de homoessexuais no país.
Em Janeiro tive também o desprazer de conhecer um texto de um professor de Direiro da Faculdade Nova de Lisboa. Publico-o na íntegra, bem como os e-mailes que trocámos entretanto.



Um caso sórdido ao gosto de uma informação reles
Destaque: Que raio se ensina nos cursos de comunicação e de jornalismo?



Não se lhe conhecia qualquer actividade social, intelectual, científica, artística u política meritória ou, sequer, relevante. Era um personagem medíocre, de cujo perfil apenas pude recolher dois traços, que alguma comunicação social considerou merecedores de referência: era homossexual e era "cronista social". O primeiro traço deveria ser completamente irrelevante, já que emerge da
liberdade de orientação sexual, que apenas a cada um diz respeito. Todavia, considerada alguma prosa que a ocasião suscitou, terá tornado a vítima mais digna de dó – vá-se lá saber porquê!
O segundo, considero-o pouco menos que desprezível: significa que a criatura “ganhava” a “vida”a escrevinhar coscuvilhices e a debitar maledicências, chafurdando nos dejectos dos socialites. A viagem que o levou a Nova Iorque tinha um óbvio móbil “romântico”, que a
comunicação social preferiu apenas insinuar, não por pudor, mas porque a insinuação
vende melhor do que a afirmação: tratava-se, simplesmente, de seduzir um jovem de 21 anos.
Quanto a este, também os seus motivos parecem evidentes: “pendurou-se” no
idoso para, explorando as suas “inclinações”, beneficiar dos seus supostos contactos internacionais, iniciando uma carreira no mundo da moda.
Estavam, pois, bem um para o outro. Nada me interessam os pormenores abjectos que rodearam o assassinato. Deixo-os aos media, lambendo os beiços com a sordidez da história, muito melhor do que o criador de qualquer reality show poderia inventar.
O que não posso deixar de lastimar é a falta de vergonha da nossa comunicação social, com destaque para as televisões: há uma semana que os noticiários das 8 abrem com dez ou quinze minutos da "tragédia". Não as imagens horríveis das cheias no Brasil – que ficaram sempre para depois – mas as imagens ridículas dos correspondentes em Nova Iorque, repetindo à exaustão o detalhe dos testículos cortados e a agressão com um televisor (?) – que deve ser um crime especialmente hediondo, aos olhos de quem trabalha para uma cadeia de televisão – e entrevistando em prime time advogados de sotaque extravagante e peritos forenses, para prognosticarem a acusação que irá ser feita ao homicida, ou recebendo no aeroporto os amigos, de ar compungido, do morto.

É para isto que serve a informação televisiva, incluindo a do canal público que
ós pagamos: para preencher o espaço deixado vago pelo desaparecimento do jornal O crime.
Desculpem o desabafo: a informação televisiva tem mesmo de ser esta espécie de teledifusor de lixo? Que raio se ensina nos cursos de comunicação e de jornalismo? E desculpem o excesso de aspas: servem para eu resistir à tentação do vernáculo menos próprio, chamando às coisas os nomes que às coisas são.

Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa – Campus de Campolide – 1099-032 LISBOA
Tel: 213847400 Fax: 213847471 e-mail jc@fd.unl.pt



Exmo Professor João Caupers

Tendo lido o texto que colocou a circular publicamente na internert não consigo deixar de lhe devolver esta resposta como protesto de indignação e repulsa.
Qualquer pessoa com o mínimo de senso e conhecimento compreende o popularismo e a forma como os media têm vindo a descer os seus níveis de qualidade e rigor, em especial as televisões (as de sinal aberto particularmente). Isso não é surpresa, o que surpreende é um professor catedrático descobrir esse facto em Dezembro de 2010. Onde andou estes últimos anos? Não o preocupou até aqui o tabloide na informação? Estranho esta surpresa e como o seu texto indignatório começa por chamar medíocre a alguém que acaba de morrer - facto de natureza subjectiva e irrelevante para o conteúdo das suas acusações (se a pessoa fosse o nobel da literatura podiamos dar mais atenção à sua morte? penso que não é isso que a sua disciplina ensina) como afirma coisas que não são verdade - era uma relação consumada e pública segundo todos os amigos que privavam com o casal - ninguém foi levado para ser seduzido, só posso concluir que o seu texto não é movido pela indignação em como a comunicação social não dá a devida atenção às coisas mais importantes, mas que isso lhe serve de pretexto para dirimir os seus preconceitos e ódios pessoais.
Carlos Castro não era só homossexual, foi um activista dos direitos dos homossexuais, porque foi -num país atávico e homofóbico -tomo o seu texto como um exemplo - alguém que deu a cara e assumiu a sua diferença num período em que raros ou muito poucos o faziam. Isso faz dele alguém de uma enorme coragem, coragem essa que a homofobia presente no seu texto e na comunicação social reles não apagará.

Melhores cumprimentos


O Professor Caupers teve a amabilidade de me responder. Aproveitou para me dizer que tinha recebido e-mailes de apoio ao seu texto e manda-me um de exemplo (um rico exemplo).


Exma. Senhora,

Recebi o seu texto, que me mereceu a melhor atenção, pese embora discordar de tudo quanto nele se escreve.
Rectifico apenas um ponto: não pus o texto a circular na internet. Foi escrito para uma coluna de opinião mantida pela página da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa e destinada a provocar debate e polémica com os estudantes e outros membros da comunidade académica.
Terá sido posto a circular, provavelmente, por uma das pessoas – mais de uma dezena – que não conheço e que me escreveram a felicitar. Envio-lhe um texto bem mais violento do que o meu.
Com os meus cumprimentos
.

Apoio na íntegra o texto.
O cronista social foi Fernão Lopes: Aquele a quem se refere, foi cronista marginal. Só uma franja da sociedade, muita estreita e marginal rastejava pelos seus textos infectos.
Não tenho pejo em revelar que, no dia que se soube da sua morte, tive a sensação de que a sociedade ficou mais limpa.
Pouco me importa se isto é bonito e correcto ou não; foi o que senti e sinto.
Quanto à outra parte – a das TV e especialmente a publica – deve-nos desculpas e pedidos de reparação por inundar as nossas vidas, vezes sem conta, com banhos de porcaria em que eles próprios se comprazem.
Parabéns
Cruz Fernandes

15 outubro 2010

Saudações para a Marcha LGBT 2010 de Belgrado


“Foi um dia muito triste para a Sérvia”, disse o ministro da Defesa, Dragan Sutanovac. Tadic prometeu que os pessoas responsáveis por esta violência serão julgadas: “A Sérvia garantirá os direitos humanos a todos os cidadãos, independentemente da sua diversidade. Ninguém tolerará tentativas de os pôr em causa”, assegurou o Presidente."

notícia no Público em 10/10/2010

04 outubro 2008

O líder das cabeça de martelo


Hoje, como vivemos numa sociedade bem diferente do que preconiza e defende gente não só igual mas próxima do PNR e demais gorgulho branco, Mário Machdo foi condenado apenas a 4 anos de prisão efectiva. Apenas porque o nosso sistema penal, e bem, assenta no princípio de que ao cidadão deve ser dada a oportunidade de errar ou não de novo. E de que uma pena de prisão não deve destruir a vida inteira de um individuo ainda que este possa ter destruido a de muitos. Porque uma condenação não funciona como uma remissão integral dos pecados. Se fosse Mário Machado e seus acólitos bem podiam apodrecer na prisão. Mas ainda bem que não vão. Porque a sociedade que queremos é não autoritária. Na sociedade que Mário Machado idealiza o seu destino mais certo seria acabar com um tiro na cabeça (bala cobrada depois à sua esposa, se ela não a tivesse facultado do arsenal caseiro). Na nossa, daqui a uns tempos vem cá para fora, vai às tardes da Júlia, vende umas reportagens para a revista Sábado ou/e jornal Sol e volta a apanhar mais 4 anos depois de ser apanhado em flagrante a destuir campas judias ou a partir uma loja na mouraria.

20 abril 2007

PNR - boa viagem!

Encontro de fachos em Lisboa cancelado. Afinal parece que os nazis não andam tão à vontade quanto isso. Interessante e a reter é verificar que, com a prisao de 11 pessoas por posse ilícita de armas e propaganda nazi, um encontro convocado pelo PNR é cancelado. A relação fica evidente para quem podia ter dúvidas. Cantem o hino de braço esticado e gritem viva Portugal e Hitler e Salazar. Fazerem-no no recato dos vossos lares se não for à frente das crianças parece-me óptimo. Se quiserem vir para a rua, pois então, agora concorrer a eleições? Fazer listas para associações de estudantes? Isso parece mais obsceno que coleccionar tacos de baseball.

07 abril 2007

O nazismo e César das Neves

Uma associação de luta pelos direitos das lésbicas, gays, bissexuais e trangenders, iniciaram um processo aqui há um par de anos contra João César das Neves, esse energúmeno conhecido pela extrema religiosidade com que encara economia e mercado financeiro. O processo tinha como razão o seu discurso de incitamento ao ódio contra um grupo minortário na sociedade. Igualava gays a pedófilos, o que não é fazer outra coisa que comparar negros a perigosos assaltantes ( que é proibido justamente porque se incita o ódio a determinados grupos da população).
O processo não deu como provado que César das Neves tenha feito referências directas aos visados (a associação em si) mas sim aos homossexuais em conjunto- como se este conjunto pudesse representar-se num advogado e numa queixa. Não deve haver muita gente que não se lembre das enormidades que lhe jorram da caneta, ou da mão, ou seja lá por que órgao donde deus lhe permtiu pensar e a nós castigar-nos por qualquer pecado ao termos de o ouvir.
Esta decisão de um tribunal chega numa altura em que um cartaz racista e xenófobo está plantado em Lisboa sem que haja lei que o impeça.
Os discursos de ódio estão à solta e não há lei que nos venha sossegar a consciência ao jantar ou mesmo no almoço da Páscoa. Ou acreditamos que o código é válido e trabalhamos para o melhorar ou acreditamos que o código só corresponde à validade ideológica na sociedade donde emana e encerra. A lei é morta e não melhorará o mundo. 50 anos depois do Holocausto há nazis pela Europa fora com o à vontade do padeiro que entra ao serviço.

Site da Opus Gay

30 março 2007

Pela nossa Saúde!

PNR - José Pinto Coelho - é a coisa mais estúpida que o sociedade portuguesa pariu nos últimos anos. Só que ser estúpido não é o maior problema desde agrupamento de nazis e desmiolados em busca de algum grupo onde possam encaixar e fazer parte de um destino para além de ser vítima de um benfazejo acidente na ip4 ou mesmo 5. O maior problema é que andam cheios de vontade de vir sujar os passeios das nossas cidades como se eles já não tivessem merda que chegue. E como a Antártida está a derreter, o planeta aqueceu e já não há retorno para a porcaria que andamos há décadas a pôr no mundo para quê virem uns tip@s, ainda por cima especialmente estúpidos, poluirem-nos ainda mais o ar? Um plano especial da UE a impôr cotas de emissão de josés-pintos-coelhos já!