19 dezembro 2006

Anos 80: Uma tipologia

A maior tentativa de empreender uma visão sobre a década, segundo os curadores, a exposição em Serralves é arrojada e complicada de receber. Será por não estarmos tão longe dessa década ou porque (ainda) reinam as categorias que por muito tempo estiveram associadas a uma obra de arte (como o belo). A comunicabilidade continua a parecer um princípio sólido e seguro. E comunicam. Não da forma violenta e imediata que a maior parte da arte plástica e visual dos anos 60/70. Merece a visita. Até 25 de Março.





"Apresentando obras pertencentes ao último momento histórico antes da globalização, "Anos 80: Uma Topologia" organiza-se em torno de grupos geográficos (o mapeamento geográfico da arte mundial, porém, é abandonado sempre que um argumento estético se revela mais forte do que o argumento topológico). A exposição mostra – com raras excepções – obras originárias da Europa e das Américas. Apesar de adoptar uma perspectiva europeia, inclui contributos de todo o universo da arte e ao mesmo tempo abre algumas janelas para locais de menor visibilidade, como Istambul (Gülsün Karamustafa), Atenas (George Hadjimichalis, Apostolos Georgiou), Santiago do Chile (Eugenio Dittborn), Moscovo (Ilya Kabakov) ou Abidjan (Frédéric Bruly Bouabré).
A exposição centra-se em obras que dão forma, em particular, à incerteza contemporânea acerca do lugar da arte na sociedade contemporânea e, de uma maneira geral, às incertezas culturais e políticas da época. Assim, nem inclui obras que pretendem oferecer novas (velhas) certezas (por exemplo, o regresso a tradições e mitologias locais, formas de arte estabelecidas e representadas na Transavanguardia italiana, na Wilde Malerei alemã, ou a obra de americanos como Julian Schnabel, David Salle e Eric Fischl), nem inclui obras que reagem com um distanciamento cínico à situação contemporânea (Jeff Koons). Aquilo a que aqui se assiste (após o período da arte conceptual, baseada na linguagem dos anos 70) é o regresso do objecto – mas um objecto que gera um lugar suspenso, um lugar sem lugar, o não-lugar da atopia.
Assiste--se ainda ao regresso do corpo – mas um corpo fragmentado, traumatizado, hibidrizado. Nessa medida "Anos 80: Uma Topologia" apresenta – em contradição com algumas das leituras comuns na década – uma perspectiva particular e partidária sobre um período rico em obras enformadas por referências críticas à arte mais avançada dos anos 60 e 70 (e não o seu desprezo ou a sua rejeição), criando novas constelações com base em precedentes da história recente."

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