18 novembro 2006

Ensaio sobre a falta de lucidez

Deixei de ler o José Saramago depois do ensaio sobre a cegueira. Não por nenhum outro tipo de motivo que a falta de interesse. Para além de considerar o Levantado do Chão um dos melhores romances portugueses não posso pronunciar-me muito em relação aos escritos pós-nobel. Mas a julgar pelas intervenções públicas suspeito fortemente que um prémio deste tipo não deve fazer bem a ninguém. É verdade que é difícil a um comunista prescindir de um palanque mas Saramago devia saber melhor que ninguém que a humildade tem que ser um caminho para a lucidez.
Confesso que tenho dificuldade em compreender: "o 25 de Abril é uma data, apenas. Já o disse em público e repito:eu já não celebro o 25 de Abril (..) Há um ante-25 de Abril que eu celebraria, se fosse disso que se tratasse, que é justamente o movimento que levou ao 25 de Abril. Feito por esses militares que a democracia liquidou, na maior parte dos casos, passando-os à reforma, perseguindo-os. A esses eu tiro o meu chapéu." Também tirou o chapéu ao Soares e ao Sampaio quando os apoiou. E, já agora, ao povo não?
E como comentar o "pacto de não agressão entre cristãos e muçulmanos" sem ver neste tipo de posições uma tremenda capitulação, uma incapacidade de ver que o futuro pode abrir-se de novo?

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois eu ainda li o todos os nomes, chegou para me fazer perder a paciencia. beijinho
alvaro