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04 outubro 2024

Segredos Oficiais - 2019

 


O filme de 2019 relata a história verídica de uma agente dos serviços de informação ingleses que em 2002 percebe que os EUA preparam a guerra no Iraque através da intimidação e assédio sobre outros países de forma a receberem destes apoio à sua iniciativa. Sozinha e colocando o seu trabalho e vida em risco (ainda não tinha acontecido a morte do cientista inglês que fez parte da equipa internacional que foi ao Iraque pesquisar as armas de destruição maciça, e denunciou a mentira dos EUA), vai denunciar o que considera que o Reino Unido devia recusar fazer, acreditando que isso pode evitar ou ajudar a evitar a guerra. Não evitou porque nessa altura como agora, os nossos  governos (Europa e EUA) não estavam preocupados com a oposição maioritária das suas populações, que se manifestaram de forma expressiva nas ruas. 

Se uma ação corajosa não impediu a guerra pôs-nos a todos do lado do conhecimento. A verdade não vem sempre ao de cima, ela existe porque há seres humanos que dão consequência e significado à sua humanidade. 

"Porque os outros calam / mas tu não"

30 agosto 2011

A Nato

"Peter já estava a trabalhar numa análise da Organização do Tratado do Atlântico Norte: uma aliança militar permanente de nações europeias ocidentais sob o controlo dos Estados Unidos. Esperava-se que isto fosse dissuasor da conhecida ambição de Estaline em conquistar a Terra - tão misteriosamente quanto Hitler -, mas na verdade era claro para Peter e Aeneas que a Nato não seria nada mais do que o sinal exterior e visível da anexação militar da Europa Ocidental pelos Estados Unidos na área sensível em que as bases americanas em muitos países intimidariam qualquer Governo ocidental de ir para a esquerda. O cérebro da Nato era a agência de serviços secretos central que tinha conseguido, de certa forma, ver o reconhecimento público pela derrota do Partido Comunista nas eleições italianas de Abril de 1948. "


Gore Vidal, A Idade do Ouro, Notícias Editorial, 2000, p.334

03 maio 2011

O fracasso Obama

KILLER



"(...)Mas ouvindo as declarações de Bush e de Obama, tal como a generalidade dos líderes mundiais, este assassinato é entendido como o coroar da estratégia que considera ter fracassado.
Naturalmente, eles continuam a não querer admitir. Acabei de ouvir agora o Benjamin Netanyahu afirmar que esta operação “é uma vitória retumbante da justiça” e eu gostaria de lhe perguntar o que seria um fracasso. Já deveriam ter aprendido com o passado e abandonado o triunfalismo. A propaganda de Obama vai fazer deste fracasso uma vitória, como fez com os levantamentos em curso em vários países do Médio Oriente, mas isso não muda a realidade. Os serviços secretos norte-americanos não foram capazes de prevenir os acontecimentos do 11 de Setembro e agora não foram capazes de capturar e julgar aquele que foi o seu responsável. Só seria um sucesso se fossem capazes de o levar à justiça. (...)"

Entrevista a Robert Fisk no 5dias

18 novembro 2010

Nem Nato nem Patronato


A aplicação de medidas de "excepção" na livre circulação no espaço Shengen ou no espaço na UE é um ataque aos princípios fundamentais da existência da própria União Europeia. O impedimento da entrada no país imposto hoje a mais de 30 pessoas que se dirigiam a Portugal (a narrativa da segurança interna é semelhante à narrativa de Guantanamo, do Patriot Act) demonstra o grau de violência que a NATO significa e implica todo o mundo. Se houvesse dúvidas sobre a cedência de regimes democráticos ao seu discurso belicista e intervencionista em prol da segurança mundial, deviam ser desfeitas no momento em que no interior desses regimes se acaba com a liberdade de manifestação, com a liberdade de circulação. Os fins não justificam os meios. Essa foi uma lição dura que a história do século XX demonstrou abundantemente da forma mais atroz. Nazismo, Estalinismo, Dresden, Hiroxima, Nagazaki, julgamentos de Nuremberga, os milhões de mortos causados pela Guerra Fria (dezenas de vezes mais que numa II Grande Guerra). Os fins não justificam os meios. Não há paz sem democracia, não há democracia com encontros da NATO, não há paz com a NATO.

18 outubro 2010

A Revolução Traída#2

A Sociedade das Nações defende o statu quo: não é a organização da "paz"mas sim a da violência imperialista da minoria contra a imensa maioria da humanidade. Esta "ordem" só pode ser mantida por meio de guerras incessantes, pequenas e grandes, hoje nas colónias, amanhã entre as metrópoles. A fidelidade imperialista ao statu quo só tem um carácter convencional, temporário e limitado. A Itália pronunciava-se ontem pelo statu quo na Europa, mas não em África; qual será amanhã a sua política na Europa, ninguém o sabe. Mas a modificação das fronteiras na África já teve a sua repercussão na Europa. Hitler permitiu-se fazer entrar as suas tropas na Renânia porque Mussolini invadira a Etiópia. Seria difícil contar a Itália entre os "amigos" da paz. Entretanto, a França tem mais interesses na amizade italiana do que na amizade soviética. A Inglaterra, por seu lado, procura a amizade da Alemanha. Os grupos mudam, os apetites subsistem. A tarefa dos partidários do statu quo consiste, na realidade, em encontrar na Sociedade das Nações a combinação de forças e a camuflagem mais cómoda para a preparação da próxima guerra. Quem virá a começá-la, e quando será, depende das circunstâncias secundárias, mas será necessário que alguém comece, porque o statu quo não passa de um vasto pelourinho." (...)

L. Trostky, a Revolução Traída (introdução de Pierre Frank), Lisboa, Edições Antídoto, 1977, p.211

30 agosto 2010

Como numa década se destruiram décadas de direito internacional

"Os aviões telecomandados percorrem os céus do Iraque, do Afeganistão e, sobretudo, do Paquistão. Comandados a milhares de quilómetros de distância constituem os olhos e as orelhas do Exército e dos serviços de informação americanos. São, sobretudo, novas máquinas de matar que transformam a história militar.


A 5 de Agosto de 2009, à noite, Baitullah Mehsud, chefe dos talibans paquistaneses e presumível assassino de Benazir Bhutto, apanha fresco, com a mulher, no terraço de sua casa, numa aldeia do Vaziristão do Sul. A imagem capturada pela câmara de infravermelhos de um avião telecomandado Predator, que sobrevoa a região a mais de 3 mil metros de altitude, mostra distintamente o taliban a ser injectado para tratar a sua diabetes. Alguns segundos mais tarde, só restam de Mehsud alguns fragmentos do torso. Dois mísseis Hellfire disparados por um aparelho telecomandado dos Estados Unidos acabam com o chefe dos talibans, bem como com a sua mulher e sete dos seus guarda-costas. Depois de terem cumpido a sua missão, no Vaziristão, os agentes abandonam o quartel-general da CIA, em Langley, nos arredores de Washington, para regressarem a casa. O único risco que correram, nesse dia, foi o de se verem apanhados nos penosos engarrafamentos que paralisam a região à hora de ponta do encerramento dos escritórios...


Habitualmente, desta guerra telecomandada e secreta que os americanos travam nas zonas tribais do Paquistão só chegam aos media despachos lacónicos que, quase todos os dias, dão conta do número de paquistaneses mortos pelos drones. Porque, oficialmente, os Estados Unidos não fazem guerra no território do seu aliado de Islamabad.(...)"

A Guerra dos Drones, Sara Daniel, Revista Visão nº901, 10 a 16 de Junho de 2010.

Que 2001 irrompeu como uma sombra de insegurança para o mundo todos sentimos nesse dia de Setembro no início do século. Não sabíamos nem sabemos hoje onde nos levará a cavalgada sobre direitos conquistados com tanto esforço e sobre o sangue de tantos milhões. A Convenção de Genebra, actualizada em encontros recentes ao abrigo ds nações unidas, é clara: entre algumas coisas que estipula diz: é ilegal fazer uso indevido da bandeira branca, símbolo de rendição ou trégua (Haia IV); é ilegal matar ou ferir uma pessoa que se rendeu; é ilegal atacar uma pessoa ou um local indefeso; é ilegal atacar um edifício que esteja sendo utilizado como hospital, etc.

14 janeiro 2009

Le Monde Diplomatique-edição portuguesa

A guerra contra Gaza já estava na agenda
por José Goulão
Para entender o que está a passar-se actualmente em Gaza é necessária muito mais informação do que a proporcionada pela chusma de comentadores instantâneos que invadem as rádios e televisões e pelos enviados ou residentes que, não conseguindo entrar na faixa invadida, se conformam em ser veículos bisonhos, acomodados e passivos da realidade fabricada no Estado-Maior israelita. Ao menos podiam dar conta de episódios das importantes manifestações internas israelitas contra a guerra, mas parece que isso poderia parecer uma perigosa dissonância. É natural concluir-se que, tal como a agressão militar tem vido a ser preparada há mais de seis meses, também a correspondente acção de propaganda foi montada durante o mesmo período.A primeira vez que estive em Gaza foi em Fevereiro de 1988. A primeira Intifada começara pouco mais de dois meses antes precisamente naquele território ocupado, com uma dinâmica e persistência que surpreendeu a própria Resistência Nacional Palestiniana dirigida pela Organização de Libertação da Palestina (OLP).Nessa altura o Hamas não era mais do que um grupinho fundamentalista inspirado nos Irmãos Muçulmanos, organização fundada no Egipto em 1928, que se dedicava a agitação religiosa e alguma assistência social. Em 1988, porém, o Hamas foi ganhando fôlego, pretendendo distinguir-se pela chama revolucionária, decretando greves gerais e acções de resistência próprias que nunca convergiam com as desencadeadas pelas direcções da Intifada e da OLP. O Hamas actuava, visivelmente, como uma organização divisionista, potencialmente perturbadora da mobilização popular.Hoje, apesar de o pudor ou o desconhecimento impedirem comentadores e enviados ou residentes de se debruçarem sobre tal facto, já não é novidade que os serviços secretos israelitas, a Mossad, tiveram um papel determinante no relançamento e engrandecimento do Hamas. Tal foi reconhecido mesmo por ex-ministros israelitas e está profusamente demonstrado por informação disponível na Internet. Nem dá muito trabalho.Essa foi a génese do Hamas que hoje conhecemos. Como atingiu as dimensões actuais? Sempre à sombra da guerra e do boicote aos processos de negociações conduzido pelos governos de Israel e as administrações norte-americanas – primeiro mediadoras do processo de Oslo e depois as cabeças de cartaz do falecido Quarteto (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e Nações Unidas), que já nascera moribundo.Quando se iniciou a Autonomia Palestiniana como processo transitório para um Estado independente e Yasser Arafat regressou à Palestina, no Verão de 1994, a voz do Hamas mal se ouvia. As populações palestinianas dos territórios estavam em festa e acreditavam no bom desfecho de todo o processo.Shimon Peres, Benjamin Netanyahu, Ehud Barak, Ariel Sharon e Ehud Olmert, mais Bill Clinton e, sobretudo, George W. Bush foram inviabilizando paulatinamente as negociações israelo-palestinianas, assumissem as formas que assumissem, enquanto a Fatah (força dominante da OLP) e a Autoridade Palestiniana se foram enrodilhando na falta de alternativas estratégicas às negociações.Essas foram assumidas pelo Hamas, que capitalizou gradualmente o descontentamento popular, mesmo de vastos sectores não religiosos ou religiosos não radicais, até se transformar na maior organização da Resistência e ganhar as eleições gerais palestinianas de 2006. O não reconhecimento do governo do Hamas pelos Estados Unidos, Israel e o mundo em geral – nem mesmo em aliança com a Fatah – poupou o movimento islâmico ao desgaste do exercício do poder e de ser forçado a actuar no terreno em vez de privilegiar a propaganda nas mesquitas e a mobilização paramilitar.Quando a Fatah e o Hamas chegaram ao limiar da guerra civil, em 2007, o grupo islâmico assumiu o controlo de Gaza, enquanto Israel aproveitava a ocasião para impor um rigoroso bloqueio humano e de bens essenciais ao território. Em fase de plena construção do muro que fracciona a Cisjordânia em autênticos bantustões, a balcanização dos territórios palestinianos aprofundou-se.A tomada de Gaza pelo Hamas terá surpreendido o mundo, mas não os dirigentes de Israel. Basta conhecer o Plano Dagan.Meir Dagan é o chefe da Mossad, reconduzido por sucessivos governos israelitas desde o início do século. Ele idealizou uma estratégia de actuação que se tornou a cartilha de Ariel Sharon praticamente desde que este ressurgiu em força com a mediática invasão da Esplanada das Mesquitas em 2000, tolerada pelo então chefe do governo, Ehud Barak (o ministro que agora conduz a agressão a Gaza), e que inviabilizou a possibilidade iminente de palestinianos e israelitas se entenderem nas negociações de Taba, no Egipto.Percorramos, em síntese, alguns passos previstos no Plano Dagan. A operação «Vingança Justificada» tinha como objectivo enfraquecer, tornar maleável ou mesmo destruir a Autoridade Palestiniana. Sahul Mofaz, enquanto ministro da Defesa, apresentou-a com o título «A destruição da Autoridade Palestiniana e o desarmamento de todas as forças armadas». Isso, contudo, não impediu Israel e os Estados Unidos de fornecerem armas à Fatah na fase em que incentivavam a guerra civil entre os dois principais movimentos palestinianos. Entretanto, Israel exige agora o desarmamento do Hamas como pressuposto para um cessar-fogo.Outro ponto do Plano Dagan era o desaparecimento de cena de Yasser Arafat (um velho objectivo de Sharon desde a invasão do Líbano em 1980) e a sua substituição por uma direcção da Autoridade Palestiniana mais colaborante com Israel. Um objectivo como este mantém acesa a tese do assassínio do histórico dirigente palestiniano. A balcanização dos territórios palestinianos, o lançamento de vagas de terror contra as populações e o bloqueio de Gaza são outros aspectos do plano. Sem esquecer que, quando estava prestes a ser acordada a trégua de meados de 2008 em Gaza, Ehud Barak notificou as Forças Armadas para prepararem uma operação de grande envergadura contra este território para desencadear daí a alguns meses. Lendo o Plano Dagan não é de descartar que em alguma fase deste processo Israel abra uma «válvula de escape» em Gaza para que haja uma fuga em massa – limpeza étnica é a expressão correcta –, eventualmente para a Jordânia, atendendo ao comportamento actual do Egipto. Neste contexto é natural que venham à memória as conhecidas palavras de Ariel Sharon: «Não é necessário criar outro Estado palestiniano. A Jordânia é a Palestina».
* Jornalista. Resenha da intervenção proferida em 7 de Janeiro de 2009 na sessão pública organizada pelo MPPM– Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – na Federação das Colectividades de Cultura e Recreio, em Lisboa.

09 janeiro 2009

Protesto frente à Embaixada de Israel



"...A faceta humanitária da tragédia foi explicada por Fernando Nobre, da Assistência Médica Internacional (AMI): "O povo está encurralado, sem água nem electricidade, com 700 mortos e 3.000 feridos". "Os hospitais estão com as suas capacidades esgotadas e não é um corredor humanitário aberto durante três horas por dia a poder resolver o problema", denunciou. Fernando Nobre apelou a "um cessar-fogo imediato para se poder tratar dos feridos, levar água e electricidade à população e, sobretudo, estabilidade emocional, em particular às crianças, que vivem um verdadeiro pesadelo psicológico devido ao terror instalado".




A morte de Mohammed Al-Dura em Setembro de 2006, captada em vídeo nas imagens acima, representa para mim o que é Israel. A sua violência cega, o extermínio sem pudor dos que os rodeiam e recusam entregar-lhes a dignidade. É com muita consternação que leio pessoas que prezo apresentarem o argumento de direitos históricos para ancorarem uma espécie de culpa hereditária pelo exodus judeu ao longo dos séculos. Portugal tem a esse nível uma herança pesada que creio ter pago com as consequências nefastas para a economia, para não dizer outras, da expulsão dos judeus do seu território. A história dos últimos 60 anos após a criação, imposta, daquele território, parece dizer-nos que a coexistência pacífica e livre deste país com os que o circundam não é possível. Haverá dos dois lados quem pense o contrário. Os factos demonstram o contrário. Que outra linguagem conhece Israel diferente da que tem usado nos últimos dias? Como comparar rocket`s lançados sobre territórios que Israel se comprometeu abandonar, vindos de uma população exposta à fome, ao desemprego, à indignidade da usurpação das suas casas, oliveiras, terras, água, à indignidade dos check points, com os bombardeamentos vindos de um país com todo o poderio bélico possível?

06 janeiro 2009

Como Israel celebra o Natal

A matar mais de 500 pessoas em uma dúzia de dias.
Indispensável ler no Spectrum e indispensável ir protestar frente à embaixada do país construído com 60 anos de ininterrupto sangue dos outros à sua volta.

8 de Janeiro a partir das 18h em frente do check-point que a embaixada israelita instalou na colonizada Rua António Enes, nº 16, a S. Sebastião, Metro Picoas, seguindo pela 5 de Outubro é a segunda à esquerda

07 setembro 2007

América América



Não há séries norte-amercianas, daquelas que consumimos diariamente, que não traduzam o mal-estar da maioria do país em relação ao Iraque. E ao Afeganistão. Desde Erva, Ossos, Irmãos e Irmãs, Sete Palmos de Terra ou a Letra L, em todas há referências, de forma crítica mais ou menos aberta. No entanto, e já levado em conta que nos estúdios e produtoras onde se fazem estas séries e filmes, se encontra proporcionalmente mais gente da massa crítica, não deixa de ser estranha a forma ou o enfoque de que se reveste a maioria desta crítica. George Bush em Nova Orleães por ocasião da efeméride do desastre dizia qualquer coisa que começava assim: Eu vim a esta parte do mundo....Forma corrente de falar ou não, a forma como se refere a um estado dentro da federação dos estados que o compõem como uma parte do mundo não deixa de ser sintomático desta mundividência que creio, nos estranha enquanto europeus ou provavelmente estranha a qualquer habitante que se situe fora das fronteiras físicas da cabeça hegemónica do império. A mesma visão patente nos apontamentos à guerra feita naquelas séries. Eles incidem sobretudo sobre os custos que a guerra acarreta no próprio país, custos humanos e custos materiais. E se esses custos se justificam.
Caem para o chão soldados no Afeganistão para que nós possamos cair aqui a consumir. Apesar desta sentença lapidar sobre que way of life supostamente justifica uma guerra, a dimensão da guerra parece conter só a injustiça das mortes de soldados norte-americanos e os custos materiais que o país tem de enfrentar deixando para trás questões importantes (como se viu com o Katrina). Apesar de serem preocupações legítimas dos norte-americanos também seria legítimo ouvi-los questionar sobre os milhares de iraquianos que caem para o lado desde 2003, também seria legítimo ouvi-los questionar se as opções bélicas do seu país tornam o mundo um local mais perigoso e inseguro para viver. A hegemonia geo-política dos E.U.A parece ter ajudado a construir nos seus cidadãos a ideia de que o mundo é os E.U.A., que o que se move lá fora são recursos económicos imprescindíveis, impecilhos e obstáculos e alguns aliados (económicos fundamentalmente).

Visto que a noção de carácter nacional se tornou duma validade duvidosa, a noção de estilo nacional promete muito mais. É um postulado e uma explicação. Tenta estabelecer a ordem numa massa caótica de características ao determinar que uma nação se apercebe do mundo, e do seu lugar nele, dum modo que nunca é exactamente o de qualquer outra nação, tal como um dado indivíduo encara o mundo duma forma diferente da de todos os outros. Esta maneira constitui um processo de selecção e, por conseguinte, um processo de distorção, isto porque não só se deixam de fora coisas de possível importância como ainda as coisas seleccionadas se apresentam refractadas pelo prisma do carácter individual ou nacinal. (...)
Stanley Hoffmann, "O Estilo Americano: O Nosso Passado e os Nossos Princípios", 1968