A Ministra da Educação teve uma ideia. Sim, senhores, soem os tambores! Uma ideia! Levantou-se e desatou a bradar a todos os jornais. Só que se esqueceu de um pequenito pormenor, coisa de nada: ra-cio-ci-nar. Coitadita, uma pessoa também não se pode lembrar de tudo, e ter a ideia já é muito bom!
A ideia da sra. ministra é a de dar aulas de música a todos os meninos do 1º ciclo do ensino básico das 15h30 às 17h30. Dito assim até parece uma boa ideia, e o princípio é corretíssimo: pôr a música como parte integrante dos currículos escolares desde o início.
Falta pôr em prática, e aí é que surgem muitos problemas:
Por isso nós, músicos, que sempre defendemos o ensino da Música a todas as crianças e jovens, e que sempre sonhámos com aulas de Música nas escolas do ensino geral (fora dos conservatórios e escolas similares), vamos continuar com a nossa utopia. E as crianças vão continuar sem poder aceder à leitura de uma partitura, sem poder desfrutar do desenvolvimento cognitivo e emocional que a aprendizagem musical/ artística traz a qualquer pessoa.
A ideia da sra. ministra é a de dar aulas de música a todos os meninos do 1º ciclo do ensino básico das 15h30 às 17h30. Dito assim até parece uma boa ideia, e o princípio é corretíssimo: pôr a música como parte integrante dos currículos escolares desde o início.
Falta pôr em prática, e aí é que surgem muitos problemas:
- Duas horas por dia daria um horário de 10 horas semanais, se as aulas fossem diárias. Isto não chega a ser um horário de part-time para estudantes de música.
- Os estudantes a quem estas horas poderiam interessar têm eles próprios aulas a esta hora da tarde.
- Podiam fazer acumulação de horas em várias escolas primárias de um mesmo concelho, prefazendo um horário completo, com um contrato de trabalho dentro da legislação: sim, a ideia é boa, mas cada pessoa não pode estar em dois sítios simultaneamente e os horários são simultâneos.
- Os professores que se sujeitarem a este horário e a este salário de 10h (ou menos) semanais, vão, obviamente, sair assim que encontrarem algo melhor.
- Precisamos assim de um professor de música para cada escola primária do país. Ora, mesmo tendo em conta que as escolas desaparecem às centenas, e sabendo que não chovem profs. de música... onde é que a ministra acha que se podem encontrar professores de música nesta quantidade industrial?
- Delegou a responsabilidade nas câmaras municipais, que estão aflitas, e ela diz com ar cândido: "nós lá no ministério tratámos de tudo, não há razão nenhuma para que não esteja tudo a funcionar nas escolas!"
Por isso nós, músicos, que sempre defendemos o ensino da Música a todas as crianças e jovens, e que sempre sonhámos com aulas de Música nas escolas do ensino geral (fora dos conservatórios e escolas similares), vamos continuar com a nossa utopia. E as crianças vão continuar sem poder aceder à leitura de uma partitura, sem poder desfrutar do desenvolvimento cognitivo e emocional que a aprendizagem musical/ artística traz a qualquer pessoa.