"Marx dizia: o mérito de Lutero foi o ter determinado a essência da religião, definindo-a não a partir do objecto mas como religiosidade interior; o mérito de Adam Smith e de Ricardo foi o terem determinado a essência ou a natureza da riqueza, não como natureza objectiva mas como essência subjectiva abstracta e desterritorializada, actividade de produção em geral. Mas, como esta determinação se faz nas condições do capitalismo, eles objectivam de novo a essência, alienam-na e reterritorilizam-na, mas agora sob a forma de propriedade privada, dos meios de produção. De modo que o capitalimo é, sem dúvida, o universal de todas as sociedades, mas apenas na medida quem é capaz de levar até certo ponto a sua própria crítica, isto é, a crítica dos meios pelos quais ele re-encadeia o que, nele, procurava libertar-se ou aparecer livremente. É preciso dizer o mesmo de Freud: a sua grandeza foi a de ter determinado a essência ou a natureza do desejo, não em relação aos objectos, fins ou origens (territórios), mas como essência subjectiva abstracta, líbido ou sexualidade. Simplesmente, ele refere ainda esta essência à família, como última territorialidade do homem privado (donde a situação do Édipo, que no princípio, nos Três Ensaios, é marginal, e que depois se vai abatendo progressivamente sobre todo o desejo). Tudo se passa como se Freud se desculpasse por ter descoberto a sexualidade, dizendo-nos: garanto-lhes que isto não sairá da família. E assim temos o segredinho nojento em vez da imensidão entrevista; o rebatimento familiarista em vez da deriva do desejo; pequenos riachos recodificados no leito materno em vez dos grandes fluxos descodificados; a interioridade em vez de uma nova relação com o exterior".
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24 setembro 2014
27 setembro 2013
Egipto - partido comunista
The Muslim Brotherhood implemented the same policies on the continuation of the privatization program and the liberalization of prices, and did not raise the minimum wage even though it was one of the first demands of the revolution. They even reduced the taxes on businessmen, continued the privatization of services and refused to implement the health insurance program. They insisted on selling and mortgaging the assets of Egypt and its institutions through the project of "Islamic bonds" which they rushed to pass in the Shura Council [the upper house of parliament] controlled by Muslim Brotherhood. The most dangerous position was their refusal to pass the law to ensure freedom to form unions, which they had agreed upon with all political forces and trade union currents before the revolution, and replaced Mubarak’s men in the government-controlled General Union of Egyptian Workers with their own men
(...)
Those who have ousted Morsi are more than 22 million citizens of the Egyptian people who signed a document containing the signatory’s name, ID number (national ID) and the name of the province, written by hand rather than on the Internet, in an unprecedented referendum that was culminated in the “big coming out" in main squares by more than 27 million demonstrators on 30th June 30, continuing for four consecutive days. It was Morsi who overthrew legitimacy when he issued his dictatorial constitutional declaration in November 2011. It was Morsi who devastated human rights when his terrorist supporters besieged the Constitutional Court, when his militia tortured protesters in front of al-Ittihadyah Palace [the presidential palace]as shown by investigations carried out by the public prosecutor office, and when his men killed demonstrators in front of the headquarters of the Freedom and Justice Party (the political arm of the Muslim Brotherhood) in accordance with explicit orders from the leader of the group and his deputy, as the killers confessed before the public prosecutor. It was Morsi who reneged on the promises he had announced on the day he succeeded to amend the Constitution and form a coalition government. He and his group insisted on submitting to the conditions of the International Monetary Fund, and also declared Jihad on Syria at a conference of terrorist jihadist forces without referring to the army and the National Defense Council.
Therefore, all the political parties and forces, and even the Salafi al-Nour Party, which jumped from the ship before it sank, have supported early presidential elections. This call is not a coup against democracy, rather it emanates from the heart of popular democracy when any president betrays his promises to the people and his program on the basis of which the people had elected him.
To limit the cause of democracy to just the "ballot box" is a complete plunder of the essence of democracy and an explicit rejection of the right of peoples to revolt against their autocratic rulers and the fascist regimes that use religion to hide their reactionary nature and right-wing capitalist orientation.
The defending of Morsi by the United States and Western capitalist states and portraying the issue as just a "military coup" against "constitutional legitimacy" is a formal position that hides the fact that world imperialism is terrified by peoples’ revolutions and their ability to transcend the narrow confines of the democratic bourgeoisie which represents, in essence, the optimal form to fulfill the interests of big businessmen and monopolies and their local agents in controlling the destiny of peoples in Third World countries.
(...)
Nevertheless, we are keen for the need to be alert and pay attention during the next phase to ensure that the military's role in this stage is limited to the protection of the people and the Egyptian national security and to abide by its promises not to interfere directly in political affairs, and the need for the people to remain in the squares to ensure the implementation of their demands in the transitional phase.
(...)
The arrival at this critical point led to the overthrow of Morsi and the intervention of the army in a manner that serves the objectives of the revolution at this stage. It is noteworthy that this is the first time that the Egyptian army has disobeyed America’s orders because it has realized the nature of the big dangers that would plague itself and the homeland if it declines to support the revolution.
The national and democratic forces realize that the army’s leaders have interests and privileges which they want to preserve, and they also want to have a role in power without a direct political interference. We believe that this has to be taken into account at this stage with emphasis on correcting things gradually during the next phase.
Entrevista con el camarada Salah Adli, Secretario General del Partido Comunista Egipcio por "Nameh Mardom", órgano del Tudeh
23 maio 2013
Obama e Guantánamo e o terrorismo
•Número atual de presos em Guantánamo: 166
•Presos com acusações pendentes:6
•Presos cuja liberdade imediata foi garantida, mas que continuam sob custódia: 86
•Detentos de Guantánamo em greve de fome: 103
•Detentos em greve de fome que foram forçados a comer: 30
•Prisioneiros que morreram em custódia: 9
•Crianças detidas pelos EUA em Guantánamo: 21
•Presos julgados em um tribunal civil: 1
•Presos sem direito à liberdade pois não podem ser julgados devido a falta de provas ou tortura: 50
•Prisioneiros libertados pelo governo Bush: 500+
•Prisioneiros libertados pelo governo Obama: 72
•Custo anual da prisão aos cidadãos dos EUA: US$150 milhões
•Dias passados desde que Obama prometeu fechar Guantánamo: 1580
•Dias passados desde que os prisioneiros chegaram em Guantánamo: 11 anos, 4 meses, 12 dias
Números disponíveis na petição online da Avaaz
Actualização das posições de Obama sobre a luta contra o terrorismo:
"Falando concretamente sobre os drones, o presidente disse que tais ataques são não apenas legais como também mais eficazes e um dos meios menos violentos de combater os terroristas que representam um perigo constante em terras remotas e sem lei, para além do alcance dos governos.
"Os drones já causaram baixas civis de "despedaçar o coração", admitiu, sublinhando que mesmo assim são mais seguros do que as alternativas, quando uma intervenção armada de tropas americanas no terreno pode causar mais mortes entre civis inocentes ou ainda desencadear uma crise internacional".
12 abril 2013
Na morte da amiga de Pinochet

Morreu Margaret Thatcher, uma das principais responsáveis pela contra-revolução neoliberal que há mais de 30 anos vem devastando os regimes democráticos ocidentais, deformando a economia, tornando as sociedades democráticas cada vez mais desiguais, destruindo a coesão social, impondo o «casino da especulação monetária» e a ditadura dos mercados financeiros globais que hoje mandam em nós.Morreu, além disso, a amiga de Pinochet, um dos ditadores mais sanguinários e corruptos da América Latina, que permitiu que o Chile se tornasse banco de ensaio das políticas ultraliberais preconizadas pela famigerada «escola de Chicago» e levadas a cabo pelos «Chicago boys», apadrinhados por Milton Friedman e Friederich von Hayek, figuras tutelares do pensamento de Margaret Thatcher, além da mercearia do pai. Não faço esta acusação de ânimo leve. São factos conhecidos, designadamente a sua acendrada admiração por Augusto Pinochet, como se projectasse nele aquilo que ela desejaria impor, mas nunca conseguiria, na velha democracia inglesa. Há muitas fotos em que aparecem ambos sorridentes, lado a lado, quer quando o ditador estava no poder, quer quando o detiveram em Londres na sequência do pedido de extradição efectuado pelo juiz espanhol Baltazar Garzon, que o acusou de ser responsável, durante a ditadura, pelo assassínio e desaparecimento de vários cidadãos espanhóis.Esta mulher a quem chamaram «dama de ferro», como poderiam ter chamado «de zinco» ou «de chumbo», nutria um profundo desprezo pelos grandes intelectuais ingleses do seu tempo, designadamente Aldous Huxley, John Maynard Keynes, Bertrand Russell, Virgínia Woolf e T. S. Eliot, conhecidos como o «círculo de Bloomsbury» (do nome do famoso bairro londrino de editores e livreiros e de boémia intelectual). A frustração dela perante o talento e a inteligência que irradiavam deles, e que ela não conseguia captar, levaram-na a considerá-los «intelectuais estouvados, que conduziram o Reino (Unido) pelos caminhos nada recomendáveis da segunda metade do século XX». Ao diabo as «literatices» da «clique de Bloomsbury», dizia ela. «O meu Bloomsbury foi Grantham» (onde o pai tinha a famosa mercearia) (…) Para compreender a economia de mercado, não há melhor escola do que a mercearia da esquina». Deve ser por isso que as mercearias estão a falir…Thatcher considerava «a distância entre ricos e pobres perfeitamente legítima» e proclamava «as virtudes da desigualdade social» como motor da economia. A verdade dos números é, no entanto, bastante diferente. Como salienta John Gray, um dos mais importantes pensadores contemporâneos, na Grã-Bretanha da chamada «dama de ferro» os níveis dos impostos e das despesas públicas eram tão ou mais altos, ao fim de 18 anos de governos conservadores, do que quando os trabalhistas deixaram o poder, em 1979. Ao mesmo tempo, nos EUA de Ronald Reagan, co-autor da «contra-revolução neoliberal», o mercado livre e desregulado destruiu a civilização de capitalismo liberal baseada no New Deal de Roosevelt, em que assentou a prosperidade do pós-guerra.Convém dizer que John Gray, autor de vários livros editados em português, entre os quais Falso Amanhecer (False Dawn), chegou a ser uma das figuras dominantes do pensamento da chamada «Nova Direita», que teve uma grande influência nas políticas que Thatcher pôs em prática. Mas ficou desiludido e alarmado com as terríveis consequências dessas políticas e tornou-se um dos críticos mais lúcidos e implacáveis dos «mercados livres globais», cuja desregulação tem causado os efeitos mais perversos nas sociedades contemporâneas, provocando a desintegração social e o colapso de muitas economias. O capitalismo global parece funcionar, segundo Gray, de acordo com as regras da selecção natural, destruindo e eliminando os que não conseguem adaptar-se e recompensando, quase sempre de maneira desproporcionada, os que se adaptam com sucesso. Estas são, logicamente, as inevitáveis consequências do pensamento de Thatcher, ao pôr em prática «as virtudes da desigualdade social» como motor da economia.A pesada herança de Margaret Thatcher, tal como a de Ronald Reagan - adoptadas não apenas pela direita ultraliberal, mas também por uma certa esquerda neoliberal (Tony Blair, Gerhard Schröder e alguns discípulos da Europa do Sul, designadamente lusitanos) - é esta crise brutal em que a UE e os EUA estão mergulhados há já cinco anos. E o mais terrível é que é o pensamento dos principais responsáveis por esta crise que continua e prevalecer na maioria dos governos que prometem acabar com ela à custa da austeridade, do empobrecimento dos cidadãos e do confisco dos seus direitos sociais.
Lisboa, 8 de Abril de 2013
15 novembro 2012
Greve Geral e o Estado Policial
Na última Greve Geral a psp decidiu intervir de forma violenta sobre parte da manifestação, quando esta passava no Chiado. Na altura, quando ficou claro que foi uma carga premeditada (o local onde se posicionaram, as cacetadas arbitrárias para o meio da manif abrindo várias cabeças e regressando à sua posição no cordão de escudos, e depois a carga arbitrária e desproporcionada que varreu toda a manifestação da esquina da benard ao Largo do Camões) gerou-se um movimento a exigir a demissão do ministro Miguel Macedo. Jornalistas juntaram-se ao coro dos protestos, em parte motivados pela violência a que haviam sido sujeitos dois dos seus. Mais filmes surgiram a provar que havia elementos da psp "infiltrados" que faziam cá em baixo junto dos manifestantes, o papel de elementos provocadores das forças policiais. Os mesmos provocadores foram vistos mais tarde a deter pessoas isoladas já longe da manifestação.
Depois de tudo provado nem Miguel Macedo se demite, nem nenhum comando da psp é responsabilizado, apenas um polícia sofre um processo disciplinar, aquele que é fotografado (para o mundo inteiro) a carregar numa jornalista acabada de cair no chão.
Na Greve Geral de ontem a praça em frente ao parlamento foi varrida pela psp pelas 18h30 da tarde. Milhares de manifestantes foram obrigados a desmobilizar, sendo perseguidos de forma bruta, cega e covarde por todas as ruas das imediações da assembleia da república. Esta "operação de limpeza" continuou pela noite dentro tendo as forças policiais ido prender cerca de 20 jovens à estação de comboios do Cais so Sodré. A psp delimitou um perímetro de segurança para a sua operação especial pedindo identificação a todas as pessoas e viaturas que se deslocassem na área (de S.Bento aos Cais do Sodré pelo menos).
Não sei quantos feridos e detidos resultaram da "operação" do dia de ontem, sei o que vi com olhos de horror e incredulidade, mas julgo que é possível retirar desde já a conclusão de que a agressão na última greve geral -22 de Março- foi um ensaio para o uso da violência como programa político sobre os trabalhadores portugueses. Entre a Greve Geral de 22 de Março e a Greve Geral de ontem, 14 de Novembro, já se realizaram várias manifestações nas imediações da AR, no largo de S.Bento. Algumas delas (15 de Setembro, 15 de Outubro) como pudemos ver pelas televisões, com grupos de pessoas a atirar pedras de forma consecutiva contra os cordões policiais. Em nenhuma delas a polícia reagiu como ontem e como reagiu na última Greve Geral, donde se pode concluir que esta foi uma decisão política, tomada pelo governo tendo em conta estes dois dias especiais. Esta decisão não pode ser desligada da iniciativa da Greve Geral que mobilizou parte dos trabalhadores contra todas as medidas do governo desde a sua eleição. À pobreza forçada pelas suas decisões o governo junta o bastão, a medo, experimentando e apostando tudo em como pode, inspirando-se nos exemplos que vêm do país vizinho e insuflados da convicção de que tomaram conta de tudo e nada já os detém. A este respeito ver as declarações do presidente da república, tão parco a comentar as opções do governo que afectam a vida de todos os portugueses e hoje tão generoso em vir fazer declaraçoes a elogiar a intervenção das forças policiais. Ver também as declarações do observatório da Segurança que,a julgar por isto :"Filipe Duarte salvaguarda que
ao contrário de países como a Grécia, Espanha ou Itália, «em Portugal
não dá para perceber» se estas ações de protesto «são ou não
estruturadas, planeadas, organizadas, e com estratégias bem definidas», dá para perceber que, para além de cumprirem ordens que violam a legalidade, a segurança, igualdade e integridade dos cidadãos, e de emitirem propaganda, esta polícia e este observatório não fazem muito mais.
14 agosto 2012
A crise no coração do sistema
"(...) Conforme alertávamos em 2002, a crise mundial do capitalismo só estaria madura quanto atingisse o coração do sistema: os Estados Unidos, a Europa e o Japão. [12] Agora, com a crise sistêmica global, o mundo assiste a maior crise de toda a história do capitalismo e, ao mesmo tempo, inicia-se o processo de amadurecimento para as transformações de todas as instituições construídas em Bretton Woods. O velho sistema monetário-financeiro está desaparecendo, porque já não cumpre mais as funções para as quais foi criado e nem corresponde mais às novas relações de produção oriundas da internacionalização da produção e das finanças. A ordem econômica internacional está à deriva: suas instituições, seus métodos de regulação e ação política dos governos centrais se mostram incapazes de resolver os problemas oriundos da crise.
As várias frações de classe do grande capital, (norte-americano, europeu e japonês) tateiam no escuro, impotentes diante dos fenômenos novos para os quais não estão preparados. Não conseguem entender a profundidade da crise e continuam aplicando sem sucesso os mesmos métodos do passado. Essa impotência diante dos fatos objetivos da vida torna mais agressiva as elites parasitárias dos países centrais, que buscam a todo o custo sair da crise pelos métodos mais primitivos e predatórios, como a fomentação de guerras cada vez destrutivas contra nações que não obedecem aos ditames do capital, a imposições de ajustes econômicos predatórios contra os trabalhadores, buscando regredir seus direitos aos estatutos do século XIX, bem como a manipulação cada vez mais sem cerimônia dos meios de comunicação para justificar suas ações (...)"
20 junho 2012
Ajustamentos
Mais um excelente texto de Pacheco Pereira. Não tenho a convicção, como ele, de que o voto e a opinião não estejam ajustados. Estão. Claro. Das formas que as humanidades de igual forma explicam e entendem. Com todas as manhãs de Fátima Lopes e Luís Goucha e com todo o "paternalismo" do mundo estão. Por isso as eleições não podem ser, por si, a forma de escapar à prisão onde chegámos.
"Na verdade, a única economia que conta é a "economia política", que é aliás a de Adam Smith, Marx, Schumpeter, Keynes, Friedman, e tantos outros. E se há coisas que eles sabiam é que se existisse esse "estado natural" perfeito não haveria economia, e que há "ruído" nas sociedades humanas, e os economistas que não o ouvem são maus políticos. Não há "leis da economia", como não há "leis da sociedade", há pessoas, interesses, grupos, ideias, diferentes escolas e diferentes soluções, diferentes tempos e diferentes modos. Eu não sou relativista porque não penso que valha tudo o mesmo, e porque nós podemos escolher. Em democracia esta escolha faz-se pelo voto, e não se vota em teorias sobre as "leis da economia", nem em experiências de laboratório. Felizmente, o voto ainda não está "ajustado", apesar de alguns esforços europeus. Felizmente, a opinião ainda não está "ajustada", apesar de alguns esforços portugueses".
06 março 2012
“Portugal está a ser assassinado, como muitos países do terceiro mundo já foram
"Em tempos consultor na empresa Chas. T. Main, John Perkins andou dez anos a fazer o que não devia, convencendo países do terceiro mundo a embarcar em projectos megalómanos, financiados com empréstimos gigantescos de bancos do primeiro mundo. Um dia, estava nas Caraíbas, percebeu que estava farto de negócios sujos e mudou de vida. Regressou a Boston e, para compensar os estragos que tinha feito, decidiu usar os seus conhecimentos para revelar ao mundo o jogo que se joga nos bastidores financeiros.
Como se passa de assassino económico a activista?
Em primeiro lugar é preciso passar-se por uma forte mudança de consciência e entender o papel que se andou a desempenhar. Levei algum tempo a compreender tudo isto. Fui um assassino económico durante dez anos e durante esse período achava que estava a agir bem. Foi o que me ensinaram e o que ainda ensinam nas faculdades de Gestão: planear grandes empréstimos para os países em desenvolvimento para estimular as suas economias. Mas o que vi foi que os projectos que estávamos a desenvolver, centrais hidroeléctricas, parques industriais, e outras coisas idênticas, estavam apenas a ajudar um grupo muito restrito de pessoas ricas nesses países, bem como as nossas próprias empresas, que estavam a ser pagas para os coordenar. Não estávamos a ajudar a maioria das pessoas desses países porque não tinham dinheiro para ter acesso à energia eléctrica, nem podiam trabalhar em parques industriais, porque estes não contratavam muitas pessoas. Ao mesmo tempo, essas pessoas estavam a tornar--se escravos, porque o seu país estava cada mais afundado em dívidas. E a economia, em vez de investir na educação, na saúde ou noutras áreas sociais, tinha de pagar a dívida. E a dívida nunca chega a ser paga na totalidade. No fim, o assassino económico regressa ao país e diz-lhes “Uma vez que não conseguem pagar o que nos devem, os vossos recursos, petróleo, ou o que quer que tenham, vão ser vendidos a um preço muito baixo às nossas empresas, sem quaisquer restrições sociais ou ambientais”. Ou então, “Vamos construir uma base militar na vossa terra”. E à medida que me fui apercebendo disto a minha consciência começou a mudar. Assim que tomei a decisão de que tinha de largar este emprego tudo foi mais fácil. E para diminuir o meu sentimento de culpa senti que precisava de me tornar um activista para transformar este mundo num local melhor, mais justo e sustentável através do conhecimento que adquiri. Nessa altura a minha mulher e eu tivemos um bebé. A minha filha nasceu em 1982 e costumava pensar como seria o mundo quando ela fosse adulta, caso continuássemos neste caminho. Hoje já tenho um neto de quatro anos, que é uma grande inspiração para mim e me permite compreender a necessidade de viver num sítio pacífico e sustentável.
entrevista a John Perkins.completa no i online
15 novembro 2011
A ideia certa. O tempo, sempre foi
"Não podem despejar uma ideia que chegou no tempo certo", diz o comunicado do Occupy Wall Street. "E a nossa ideia é que as nossas estruturas políticas servem-nos a nós o povo - todos nós e não apenas os que amealharam muito poder e dinheiro.
Para esta quinta-feira, quando se completam dois meses desde o início do acampamento, está marcada uma ação direta não-violenta de massas, que envolve uma manifestação e a ocupação do metro e da praça Foley. Para esta manhã foi convocada uma assembleia pós-despejo."
Para esta quinta-feira, quando se completam dois meses desde o início do acampamento, está marcada uma ação direta não-violenta de massas, que envolve uma manifestação e a ocupação do metro e da praça Foley. Para esta manhã foi convocada uma assembleia pós-despejo."
26 agosto 2011
Mr Buffet
"If you make money with money, as some of my super-rich friends do, your percentage may be a bit lower than mine. But if you earn money from a job, your percentage will surely exceed mine — most likely by a lot"
in NY Times, 14.08.11
in NY Times, 14.08.11
28 julho 2011
Eis como as dívidas aumentam e como se morre de fome na Somália
Bank stocks crash! Click here to view our video on how to profit.
Just in the last 11 trading days, the shares of UniCredit, one of the largest banks in Europe, have crashed by 31%, precipitating sharp declines in bank stocks all over the world.
For most people, this is frightening.
But to others, it's a tremendous profit opportunity:
If the shares in major U.S. banks fall by a similar amount, simple investments you can use to profit from these declines would be up at least 282% and as much as 645% -- just in the last 11 days.
Already, with a relatively moderate decline in major U.S. bank stocks, these investments surged as much as 60.8% in only two days (Friday of last week and Monday of this week).
Capture just half of those profits, and you can make a lot of money.
And this is just one of the opportunities we talk about in our video --American Apocalypse.
We also give you a preview of what to expect as this great debt crisis continues to unfold ... along with other specific investments that can soar as the housing market craters again and stocks plummet anew!
Watching American Apocalypse is free but we think it could save you, or make you, a king's ransom in the weeks and months ahead.
Just click this link, and it will begin playing immediately.
Best wishes,
The Weiss Research Team
09 junho 2011
First Manifesto of the Rossio Square
The protesters, assembled in the Rossio Square, conscious that what is set in march is an act of resistance, hereby agree to state the following:
We, citizens, women and men, workers, migrants, students, unemployed and retired people, united by our indignation in front of a stifling social and political situation that we refuse to accept as inevitable, have taken our streets. We thus join those that around the world today fight for their rights against the constant oppression of the ruling economical-financial system.
From Reykjavik to Cairo, from Wisconsin to Madrid, a popular wave sweeps the world. This wave is silenced and twisted with disinformation by the media, the same media that doesn't question the permanent injustices in every country, only proclaiming the inevitability of austerity, the end of rights, the funeral of democracy.
Real democracy will never exist as long as the world is managed by a financial dictatorship. The ransom signed behind our backs with the IMF and the EU has abducted democracy and our lives. The countries in which the IMF intervenes see a brutal drop in the average live expectancy. The IMF kills! We can only reject it. We refuse to have our wages, our pensions and social supports cut, while simultaneously the culprits for this crisis are spared and recapitalized. Why do we have to choose between unemployment and precarious labour? Why do they want to take away our public services, stealing us, through privatizations, of what we payed for all our lives? Our answer is no. We defend the withdrawal of the troika plan. Following the example of many other countries around the world, such as Iceland, we will not accept to bury our present and our past for a debt that isn't ours.
We refuse to accept the theft of our future. We intend to assume control of our lives and intervene effectively in each and every process of political, social and economical life. We are doing it, today, in the popular assemblies gathered all around. We appeal to all the people to join, in the streets, in the squares, in each corner, under the shade of every statue so that, united, we may change once and for all the rules of this crooked game.
This is just the beginning. The streets are ours.
Lisbon, 22nd of May 2011
03 maio 2011
O fracasso Obama

"(...)Mas ouvindo as declarações de Bush e de Obama, tal como a generalidade dos líderes mundiais, este assassinato é entendido como o coroar da estratégia que considera ter fracassado.
Naturalmente, eles continuam a não querer admitir. Acabei de ouvir agora o Benjamin Netanyahu afirmar que esta operação “é uma vitória retumbante da justiça” e eu gostaria de lhe perguntar o que seria um fracasso. Já deveriam ter aprendido com o passado e abandonado o triunfalismo. A propaganda de Obama vai fazer deste fracasso uma vitória, como fez com os levantamentos em curso em vários países do Médio Oriente, mas isso não muda a realidade. Os serviços secretos norte-americanos não foram capazes de prevenir os acontecimentos do 11 de Setembro e agora não foram capazes de capturar e julgar aquele que foi o seu responsável. Só seria um sucesso se fossem capazes de o levar à justiça. (...)"
23 março 2011
"A precariedade e o PREC, começando pelas mesmas quatro letras, designam duas conjunturas iguais em tudo menos num ponto: o PREC trouxe insegurança e instabilidade para os patrões, a precariedade traz insegurança e instabilidade para os trabalhadores. O PREC nacionalizazou certas empresas e a banca, a precariedade nacionaliza o salários dos trabalhadores para acudir às necessidades de certas empresas e da banca. Quem percebe de finanças na televisão garante que a primeira conjuntura é péssima para a economia, enquanto a seguda é excelente. A primeira é intolerável, a segunda deseja-se. Esta gente é que não é parva".
Ricardo Araújo Pereira, Da parvoíce, Revista Visão, 10.16 de Março
01 fevereiro 2011
Despedir mais, despedir melhor

Quem é amigo?
Os patrões queriam despedimentos baratos, indemnizações de 21 ou 15 dias por cada ano de trabalho em vez dos 30 actuais e, mesmo assim, com um limite de 12 anos, isto é, 12 salários.
Por outras palavras: o patronato foi aos saldos do Estado Social abertos em Portugal desde 2005 a ver se comprava dois despedimentos pelo preço de um.
Coube a uma ministra ex-sindicalista de um governo socialista a duvidosa honra de entregar numa bandeja o direito ao trabalho dos portugueses à voracidade patronal com o generoso pretexto de, assim, "aliviar" os encargos das empresas com os trabalhadores despedidos (passando esses encargos para os contribuintes através do subsídio de desemprego, quem é amigo?).
O patronato queria 21 dias de indemnização por cada ano de trabalho em vez de 30? O Governo deu-lhe 20. Queria um limite máximo de 12 salários, que lhe permitisse despedir os trabalhadores mais antigos e substitui-los por precários (se não despedi-los e contratá-los depois "a recibo verde" de modo a livrar-se dos descontos para a Segurança Social)? O Governo deu-lhe os 12 salários.
Explicou a ministra que em Espanha também é assim. Com admirável honestidade intelectual, "esqueceu-se" de dizer qual é o salário mínimo em Espanha e que, em Espanha, os 12 salários de indemnização são 'brutos", isto é, com todos os suplementos e em Portugal incluem só o salário-base. Mas não podia lembrar-se de tudo, não é?
Os patrões queriam despedimentos baratos, indemnizações de 21 ou 15 dias por cada ano de trabalho em vez dos 30 actuais e, mesmo assim, com um limite de 12 anos, isto é, 12 salários.
Por outras palavras: o patronato foi aos saldos do Estado Social abertos em Portugal desde 2005 a ver se comprava dois despedimentos pelo preço de um.
Coube a uma ministra ex-sindicalista de um governo socialista a duvidosa honra de entregar numa bandeja o direito ao trabalho dos portugueses à voracidade patronal com o generoso pretexto de, assim, "aliviar" os encargos das empresas com os trabalhadores despedidos (passando esses encargos para os contribuintes através do subsídio de desemprego, quem é amigo?).
O patronato queria 21 dias de indemnização por cada ano de trabalho em vez de 30? O Governo deu-lhe 20. Queria um limite máximo de 12 salários, que lhe permitisse despedir os trabalhadores mais antigos e substitui-los por precários (se não despedi-los e contratá-los depois "a recibo verde" de modo a livrar-se dos descontos para a Segurança Social)? O Governo deu-lhe os 12 salários.
Explicou a ministra que em Espanha também é assim. Com admirável honestidade intelectual, "esqueceu-se" de dizer qual é o salário mínimo em Espanha e que, em Espanha, os 12 salários de indemnização são 'brutos", isto é, com todos os suplementos e em Portugal incluem só o salário-base. Mas não podia lembrar-se de tudo, não é?
Manuel António Pina, JN, 25 de Janeiro de 2011.
17 janeiro 2011
Mercados
(...) Apareceu na vida das pessoas uma nova palavra: mercados, que ditam as regras na Europa.
Só que, infelizmente, não são mercados. Não é preciso estudar Economia para saber que falamos de mercados quando existem duas partes com capacidade e que se encontram para realizar uma transacção. Quando falamos em termos financeiros, só por incorrecção é que pode falar-se de mercados. Em boa verdade, o que temos do lado de lá, de quem disponibiliza recursos, não são pessoas, mas sim uma estrutura de fundos de investimento, financiados pelo sistema financeiro que, sem nenhuma negociação entre as partes, dita as regras numa lógica absoluta. O que está a passar-se é claramente capitalismo de pilhagem. Não estamos a falar do capitalismo como sistema económico, social, de produção. Estamos estritamente no campo da pilhagem. Nunca na história moderna os Estados tiveram tal desequilíbrio perante a agiotagem. (...)
Só que, infelizmente, não são mercados. Não é preciso estudar Economia para saber que falamos de mercados quando existem duas partes com capacidade e que se encontram para realizar uma transacção. Quando falamos em termos financeiros, só por incorrecção é que pode falar-se de mercados. Em boa verdade, o que temos do lado de lá, de quem disponibiliza recursos, não são pessoas, mas sim uma estrutura de fundos de investimento, financiados pelo sistema financeiro que, sem nenhuma negociação entre as partes, dita as regras numa lógica absoluta. O que está a passar-se é claramente capitalismo de pilhagem. Não estamos a falar do capitalismo como sistema económico, social, de produção. Estamos estritamente no campo da pilhagem. Nunca na história moderna os Estados tiveram tal desequilíbrio perante a agiotagem. (...)
Em entrevista a José Reis, Director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Jornal SOl, 16/01/11
05 janeiro 2011
"Um novo Tratado Versalhes assombra a Europa"

Um novo Tratado Versalhes assombra a Europa ou Furiosa Teutonicorum insania
por Yanis Varoufakis. Ler o texto no Resistir.info
03 janeiro 2011
Funcionários
As medidas de austeridade, que vêm somar-se à austeridade social e política que vemos crescer nas ultimas décadas, com destaque esfusiante para a última, agudizam aquilo que os seres humanos transportam individualmente revelando, assim, os valores universais de que são ou não portadores. A paisagem não é animadora. Alguém escrevia, a propósito das reformas no ensino de Maria Lurdes Rodrigues que o mais admirável, heroico e estimável ser era aquele que face a tantos ataques às suas condições de trabalho, conseguia continuar a fazer dele motivo de orgulho para si e para os outros. É preciso dizê-lo, em cada repartição do Estado, desde a sala de um julgamento até ao bloco operatório, da direcção geral ao departamento municipal, há um funcionário a vingar-se do corte de 10% do seu salário naqueles a quem o seu serviço se dirige. E é capaz de fazê-lo na melhor das intenções, crendo que o utente, o beneficiário, o contribuinte, o público,fará a "revolução". Não a que repõe o acesso à justiça, à saúde, ao ensino, mas a que repõe os seus 10% de salário. Ainda que aceitássemos que esta é uma condição para aquelas (o que não é exactamente nem sempre verdadeiro) não é possível compactuar com o abstencionismo ou a má vontade que faz do pagador do costume mais uma vez a vítima da festa. Num mundo de desumanidade quem não o seria em circunstâncias sociais que condenariam ou não valorizariam o seu desinteresse pelos demais, encontra agora caminho aberto e incentivo a sê-lo porque, se por um lado se sente revoltado e injustiçado, por outro, há caminho a que socialmente se valide e compreenda um comportamento de abstencionismo (profissional, político, moral). A crise abre buracos onde não se esperava, como um cancro.
09 dezembro 2010
A desesperada esperança, por Valdemar Rodrigues
"(...) Punge ouvir homens como o Prof. Cavaco Silva dizerem ser necessário um "novo modelo económico". Especialmente homens que, como ele, tanto se empenharam em desenvolver o modelo económico que hoje temos e que nos esmaga, assente nos "mercados" financeiros sem rosto nem interesse pelo bem público, que afinal de contas nunca foi interesse a que estivessem por natureza obrigados. É certo que o Prof. Cavaco Silva, e tantos outros políticos da sua espécie, nunca seriam quem são ou ocupariam os lugares políticos que vieram a ocupar se não tivessem tomado as decisões que tomaram, e que foram largamente favoráveis ao estabelecimento desse modelo económico do qual agora - estranhamente - procuram demarcar-se. O facto de até ao momento ninguém ter sido politicamente responsabilizado pela onda de desastres financeiros iniciada em 2008 nos EUA, a qual ditou em Portugal a "nacionalização" de alguns bancos (um dia talvez percebamos com exactidão o quanto nos custaram tais "nacionalizações" amigas do sistema financeiro) deixa de ser misterioso se notarmos o quão importante é o sucesso da fase em que estamos a entrar, e que consiste na cobrança coerciva da dívida soberana - pois o objectivo sempre fora só e apenas esse: o de tomar posse do (muito) que ainda resta dos bens públicos nacionais, há tempo suficiente sob administração de políticos incapazes. A democracia, único sistema de governo capaz de comprometer o povo com os desastres da governação, foi usada como instrumento, sobre o lastro de uma classe média ascendente que lhe daria, segundo Max Weber, crescente consistência. Foi essa classe média alavancada pelo crédito que deu à banca argumentos para pensar que estava a agir "socialmente bem" em todo o processo. Teria toda a razão, não fossem os banqueiros também homens, e não propriamente deuses como alguns se devem achar. Mas é claro que a principal culpa foi e é política, como já se disse. Mantendo a permissa webberiana, o desaparecimento (súbito) dessa classe média representa uma incomum ameaça para a democracia. E não é por acaso que surgem agora coisas "inevitáveis", como sejam a recente aprovação do Orçamento de Estado para 2011, ou a reeleição, em Janeiro próximo, do Prof. Cavaco Silva: tudo é inevitável quando já não temos forças. (...)"
30 novembro 2010
"É preciso parar com isto"
Publica-se na íntegra a Carta de "O Militante Socialista" de 24 de Novembro de 2010
Na greve geral do dia 24, milhões de trabalhadores portugueses exigem a retirada do plano de austeridade
Exigem o pagamento dos salários por inteiro
Exigem a proibição dos despedimentos colectivos da Groundforce, das Páginas Amarelas e em todas as outras empresas
Na greve geral do dia 24, milhões de trabalhadores portugueses exigem a retirada do plano de austeridade
Exigem o pagamento dos salários por inteiro
Exigem a proibição dos despedimentos colectivos da Groundforce, das Páginas Amarelas e em todas as outras empresas
O que está expresso nestas palavras de ordem foi aquilo que uma delegação de militantes – mandatados pelo Encontro realizado em Lisboa, no passado dia 13 de Novembro – apresentou à Direcção da CGTP, com base numa Carta onde é pedido que as Direcções das Centrais sindicais não assinem seja o que for com o governo de Sócrates/União Europeia, sem a retirada do seu plano de austeridade. Esta Carta concentra a tomada posição da Comissão Coordenadora das CTs do Parque Industrial da Autoeuropa: “Não queremos voltar a ver dirigentes sindicais competir sobre a negociação de indemnização de despedimentos; queremos sindicatos a agir em unidade para garantir postos de trabalho.”
Arménio Carlos – membro da Comissão Executiva da CGTP – garantiu à delegação que esta Central não capitularia perante este Governo, como já tinha afirmado, e que matinha a sua posição de não assinar nenhum “Pacto para o emprego”, sem outra política para o desenvolvimento do país, sem aumento dos salários e das pensões, sem reforço do poder do Estado em sectores estratégicos da economia, nomeadamente o da energia.
Disse também que a luta iria prosseguir, sector por sector, e que a CGTP tudo faria para impedir os despedimentos na Groundforce.
Mas se o Governo não recuar e até se preparar para um PEC 4, como afirmou o Secretário-geral da UGT, greves – sector a sector – não poderão quebrar a resistência dos trabalhadores?
O que os trabalhadores esperam não será o compromisso público das duas Centrais sindicais de que, por um lado, não aceitarão qualquer convite para negociar nada com o Governo sem que seja retirado o ataque aos postos de trabalho e aos salários e, bem ao contrário, irão continuar a mobilização em unidade até o Governo retirar este plano de austeridade?
Temos todos presente a experiência das fortíssimas mobilizações dos professores e do seu resultado. O que ganharam os professores e os seus sindicatos com aquela negociação, que levou a um “acordo”, sem que tivesse sido retirada a lei que acabou com a democracia nas escolas, e manteve uma avaliação injusta e inexequível – que a FENPROF acaba de exigir que seja suspensa? Não é por isso que tantos professores afirmam: “Tanta luta… para depois virmos morrer na praia!”?
Quantos militantes, quantos trabalhadores, quantos dirigentes não chegaram já a esta mesma conclusão?
Unir numa mesma malha, que atravesse todo o movimento sindical, todos quantos estão determinados a defender a independência completa das nossas organizações sindicais, para com elas realizarmos uma só frente – a da nossa classe –, obrigando o Governo, a União Europeia e o FMI a terem que recuar, é um objectivo premente, é o que de mais crucial poderemos realizar para ajudar a inverter, positivamente, o curso dos acontecimentos.
Grécia e Irlanda debaixo de um ataque feroz
A seguir Portugal?
O povo trabalhador da Irlanda está a ser fustigado, desde 2009, pelas consequências de um “Plano de austeridade” – que o Governo justificou e os dirigentes sindicais constrangeram os trabalhadores a aceitar, preferindo a “concertação social”, em nome da salvação da “independência do país”.
Foi assim que foram cortados os salários no sector público e os subsídios sociais, despedidos milhares de professores e trabalhadores da saúde.
Em consequência deste plano de “salvação da independência da Irlanda”, este país – com menos de 5 milhões de habitantes – conta com a existência de 440 mil trabalhadores no desemprego.
E agora, um ano depois, para continuar a tentar salvar os bancos da Irlanda – e, de facto, de todo o Sistema financeiro europeu e mundial, para salvar um capitalismo em decomposição – os representantes da União Europeia e do FMI impõem a ditadura ao povo da Irlanda, ditadura que o seu Governo submisso aceita, através de mais um pacote de 50 mil milhões de euros, como primeira tranche de uma verba global de 90 mil milhões, com a condição de baixar o défice público de 32% para 3%, num prazo de três anos.
A naturalidade com que fala destes valores de redução de dezenas de milhões – quer dizer da retirada de milhões e milhões ao povo irlandês – é algo de inaudito. Assim, dizem eles que o Plano de austeridade deveria levar à redução do défice público de 15 mil milhões de euros, mas, como os juros a aumentarem, a redução do défice implicará um acréscimo de 8 mil milhões.
Reduções de défice, contados em milhares de milhões e traduzidos – na ditadura que o Governo se prepara para assinar – num corte de 11% nos subsídios sociais, na redução do salário mínimo nacional e no despedimento de 200 mil funcionários públicos.
Foi assim que foram cortados os salários no sector público e os subsídios sociais, despedidos milhares de professores e trabalhadores da saúde.
Em consequência deste plano de “salvação da independência da Irlanda”, este país – com menos de 5 milhões de habitantes – conta com a existência de 440 mil trabalhadores no desemprego.
E agora, um ano depois, para continuar a tentar salvar os bancos da Irlanda – e, de facto, de todo o Sistema financeiro europeu e mundial, para salvar um capitalismo em decomposição – os representantes da União Europeia e do FMI impõem a ditadura ao povo da Irlanda, ditadura que o seu Governo submisso aceita, através de mais um pacote de 50 mil milhões de euros, como primeira tranche de uma verba global de 90 mil milhões, com a condição de baixar o défice público de 32% para 3%, num prazo de três anos.
A naturalidade com que fala destes valores de redução de dezenas de milhões – quer dizer da retirada de milhões e milhões ao povo irlandês – é algo de inaudito. Assim, dizem eles que o Plano de austeridade deveria levar à redução do défice público de 15 mil milhões de euros, mas, como os juros a aumentarem, a redução do défice implicará um acréscimo de 8 mil milhões.
Reduções de défice, contados em milhares de milhões e traduzidos – na ditadura que o Governo se prepara para assinar – num corte de 11% nos subsídios sociais, na redução do salário mínimo nacional e no despedimento de 200 mil funcionários públicos.
A cólera começa a levantar-se
Num noticiário da RDP Antena 1, do dia 24 de Novembro, foi dito que, nas ruas de Dublin, as pessoas falam revoltadas contra o Governo, contra a União Europeia e o FMI, contra o Tratado de Lisboa.
A revolta surge também no seio do movimento operário, apesar de toda a política de acompanhamento feita pelas direcções sindicais, durante a aplicação destes planos. Eamon Devoy, Secretário-geral do Sindicato dos Electricistas, um dos mais importantes da Irlanda, declarou que os cortes orçamentais já realizados “tornaram a vida na Irlanda inviável... Assistimos ao desmantelamento de todo o sistema de protecção social, das reformas e dos sistemas de saúde e de ensino, enquanto o Governo protege os especuladores. O Congresso do meu sindicato vai aprovar uma moção denunciando a traição do Governo”.
A revolta surge também no seio do movimento operário, apesar de toda a política de acompanhamento feita pelas direcções sindicais, durante a aplicação destes planos. Eamon Devoy, Secretário-geral do Sindicato dos Electricistas, um dos mais importantes da Irlanda, declarou que os cortes orçamentais já realizados “tornaram a vida na Irlanda inviável... Assistimos ao desmantelamento de todo o sistema de protecção social, das reformas e dos sistemas de saúde e de ensino, enquanto o Governo protege os especuladores. O Congresso do meu sindicato vai aprovar uma moção denunciando a traição do Governo”.
“Portugal não é a Irlanda”?
O governo de Sócrates tenta explicar, ao povo português, que o que está a acontecer com a Irlanda não irá acontecer em Portugal. Entretanto, vai impondo – à custa dos “concertos sociais” e das políticas de acompanhamento – um “Plano de austeridade” bem semelhante ao da Irlanda, e cujas consequências, como todos estamos a ver, serão mais desemprego e uma ainda maior destruição do nosso país.
Homens de grandes análises económicas, como Nicolau Santos, que afirmou, no dia 23 de Novembro – também num noticiário da RDP1: «Os mercados são verdadeiramente insondáveis. Não sabemos em quem acreditar: se nos que dizem que “Portugal não é a Irlanda”, ou que “Estamos no fio da navalha, por causa da elevada dívida do Estado”. Poderemos escapar, se houver uma acalmia dos mercados e se o Governo tiver uma actuação primorosa na execução daquilo que prometeu.»
Actuação primorosa “na execução do que prometeu”? O que prometeu o Governo? Não foi confiscar os salários da Função Pública e os benefícios sociais, aumentar os impostos, despedir milhares de trabalhadores, não lhes renovando os contratos ou, pura e simplesmente, substituindo-os por mão-de-obra ainda mais precária, como quer fazer na Groundforce/TAP?
A Ministra do Trabalho e a Direcção da chamada Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) apelam à “concertação social” e à negociação deste “Plano de austeridade”, tal como na Irlanda, na Grécia e em todos os outros países.
Uma “concertação” para nos levar à situação da Irlanda?
Como dizia, no passado dia 6 de Novembro, uma dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Calçado: “É preciso parar com isto!”.
POUS
Página na Internet:
http://pous4.no.sapo.pt E-mail: pous4@sapo.pt
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