Chirac e Villepin encontraram-se hoje de manhã para combinar o que o Presidente diria à noite; a responsabilidade é, portanto, dos dois.
No discurso desta noite nada de novo. A mesma manipulação que nas últimas semanas fez crescer o número de manifestantes na rua, a mesma falta de respeito pela população, a minoração de 4,5% da população (e 67% que se mostram contra a lei nas sondagens), tratada como um bando de terroristas burros. Chirac e Villepin, do alto dos seus cadeirões, gozam com quem cá em baixo não tem poder. Ou é o que eles julgam... A "democracia" mantém-se o kratos (poder, força) de uns quantos eleitos e nomeados, contra a manifesta vontade do dêmos (povo).
Já há uns dias que a raiva vem crescendo, ouve-se uma voz cada dia mais alta. Do sussurro passou-se ao murmúrio, e daí chegaremos ao grito... Há o problema do "Chômage, Précarité, Exploitation", de toda a pretensa "igualdade de oportunidades"; mas cada vez mais, dá raiva tanta soberba, torna-se insuportável que nos tomem por parvos, que, entre um passeio na Alemanha e um jantar com o Rei de Espanha, ainda tirem tempo para gozar com quem trabalha.
Em 1789 os franceses determinaram que haveria cidadãos eleitos de entre o povo, que os representariam. Estes governantes esqueceram tudo; não se vêem como parte do povo e não o representam. Não são citoyens, são apenas élus.
Será que veremos um 14 de Julho em 2006, uma tomada do Eliseu ou Matignon? Uma nova ponte, como a que foi construída com as pedras da Bastilha e que dá acesso à Assembleia Nacional (e que era suposto perpetuar nos deputados a memória do que acontece a quem governa contra o povo)?
Será que veremos um 14 de Julho em 2006, uma tomada do Eliseu ou Matignon? Uma nova ponte, como a que foi construída com as pedras da Bastilha e que dá acesso à Assembleia Nacional (e que era suposto perpetuar nos deputados a memória do que acontece a quem governa contra o povo)?
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