28 abril 2006

Ei-lo, o livro!

El burlador de Sevilla
y convidado de piedra
Comedia famosa del maestro Tirso de Molina

Esta é mais uma versão da famosíssima e muitas vezes reescrita história de D. Juan Tenorio. Mas desta personagem todos sabemos mais ou menos qualquer coisa. Assim por alto, é um tipo incapaz de obedecer a quaisquer convenções sociais (e não só as de fidelidade), não respeita regras nem pessoas. Depois, cada autor faz a sua versão, e como eu não conheço nem um terço (talvez nem um quarto) dos D. Juans da literatura, fico por aqui.


O me encantou neste livro é o deslumbre com que vêm a cidade (espanhola na época) de Lisboa. O texto é de cerca de 1630 (talvez um pouco antes) e nele convivem várias personagens e acontecimentos de épocas diferentes. A páginas tantas o Rei de Castela manda um nobre a Lisboa. Claro que quando Lisboa pertenceu a Espanha, já esta estava unificada e o Rei seria de Espanha e não de Castela... E que notícias traz D. Gonzalo de Lisboa?

"La mayor ciudad de España (...) Es Lisboa una otava maravilla."

Descreve o percurso do Tejo entre duas serras (Sintra e Arrábida), e ainda o que parece outra cidade sobre o rio, tal o número de embarcações que ali estão. Este monólogo de D. Gonzalo é um hino de amor a Lisboa e à sua magnificência.
Os Jerónimos, o Rossio, a Rua Nova dos Mercadores e a riqueza destes, o Terreiro do Paço e o Paço, "edifício de Ulisses", assim como a variedade, abundância e riqueza das comidas, e a neve da Serra da Estrela...

"Mas, ¿qué me canso?
porque es contar las estrellas
querer contar una parte
de la ciudad opulenta."

"Mas, para que me canso? Porque é como contar as estrelas, querer contar uma parte da cidade opulenta."

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