21 abril 2006

Acham que eu ando desaparecida? E o Carrilho?

Pois ando. Mas se o Carrilho pode, porque é que eu não posso? Além disso, isto do blog para mim é um passatempo, aqui no Assédio não há trocos para ninguém. Já a Assembleia da República e Municipal para o Carrilho...
Se pensarmos bem, quem paga ao deputado (2 vezes) Carrilho são também as pessoas que estão com contratos precários por causa dele. Essas pessoas, se faltarem não recebem, e se faltarem muito são despedidas.

Porque raio é que um deputado não é um trabalhador como outro qualquer, nas mesmas condições? Porque são tratados como cidadãos especiais? A ideia de Democracia exige alguma organização, e no seu estado mais puro, exigiria que nós, cada um e todos nós, discutíssemos em fórum aberto o melhor para o país, e que tudo fosse levado a votação generalizada. Claro que isto é impraticável, porque não conseguimos reunir-nos todos num só lugar, os debates seriam impossíveis, e ainda porque não podemos (e não queremos) ser todos deputados. Para um funcionamento correcto da sociedade e do país, também têm que haver carpinteiros, professores, médicos, engenheiros, actores, canalizadores, enfermeiros, etc. Por isso, inventou-se um sistema de representação, em que cada grupo de cidadãos é representado no Parlamento por alguém em quem tem confiança e que defende as ideias desse grupo. Esse alguém é apenas um outro cidadão, mais um entre outros, que em vez de ser advogado ou secretário ou outra coisa qualquer, é deputado.
Um deputado é eleito por ter a confiança de um grupo de cidadãos. Se a quebra, sabendo que o seu cargo/profissão apenas tem como base a confiança, eu não vejo dúvida nenhuma: despedimento por justa-causa. Destino seguinte: centro de emprego da área de residência, como qualquer outro cidadão.
Porque é que nós temos que continuar a pagar-lhes até às próximas eleições para nada, por um trabalho que não é feito, por faltas injustificadas?

E se fizéssemos todos o mesmo? Os transportes, as escolas, os hospitais, os empregados das companhias de água, electricidade e gás... O deputado, se tivesse um problema de saúde, chegava ao Hospital e ouvia na recepção: "sabe, o sr. dr. esteve cá de manhã a assinar a folha de presenças, mas agora tinha um almoço importante, já não está". E se precisasse de um canalizador lá em casa? O canalizador chegava, assinava a folha, passava o recibo, era pago e saía no mesmo instante sem mais demoras.

A Democracia é fantástica, mas esquecemo-nos de uma coisa: é que são os deputados a legislar o seu próprio regime de trabalho.

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