Pode estar certo de que o nosso amigo Tuzzi ; daria o sinal para desencadear uma guerrsa com a consciência mais tranquila do mundo, ainda que pessoalmente não seja capaz de fazer mal a uma mosca; e o seu amigo Moosbrugger será condenado à morte por milhares de pessoas, porque, à excepção de três, não têm de executar a sentença com as suas próprias mãos! Estes métodos "indirectos", levados ao extremo do virtuosismo, protegem hoje a boa consciência dos indivíduos e de toda a sociedade; o botão que tem de ser accionado é sempre de uma brancura imaculada, e o que acontece na outra ponta da linha diz respeito a outros, que por sua vez nunca carregam no botão em nome pessoal. Acha isto abominável? Mas é assim que deixamos morrer ou vegetar milhares de pessoas, deslocamos montanhas de sofrimento, mas também realizamos algo de concreto! Arriscaria mesmo dizer que nisso, nessa forma da divisão social do trabalho, se expressa apenas a velha divisa da consciência humana entre fins que se aceitam e os meios que se toleram, se bem que numa escala grandiosa e perigosa!
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