Há dois anos quando se descobria que Portugal estava prestes a ser o país mais pobre da União começou o Campeonato Europeu de Futebol. Ufa! Já que os ordenados não sobem ao menos esta alegria, o povo em delírio nesta festa nacional. E bem durou a festa. Agora os meus vizinhos retiraram as bandeiras debotadas e substituiram pelas cores novas da velha bandeira republicana. Desta vez já são made in Portugal e o merchandizing melhorou. Não há empresas nacionais de porte fora do evento. A Galp, a PT, a Tmn, a Carris, os Unidos da Curraleira, todos estão com a selecção. E como de lá para cá a crise aumentou é bom que o evento também suba de categoria.
O curioso neste papel aglutinador do futebol, e é por isso que funciona como agente de coesão social/nacional (aguenta as rupturas) é ver a maior parte das bandeiras estendidas às janelas dos bairros mais pobres. Num bairro social desta cidade, daqueles que nunca em manual algum terão direito a uma fotografia a não ser num processo de execução sumária dos seus autores, vi o maior número de bandeiras nacionais penduradas, quase todas as janelas e eram muitas janelas. Não pude deixar de pensar em como aquelas pessoas, atiradas para aquele sítio, com as vidas que imaginei terem, conseguem mostrar com orgulho a bandeira de um país em que vivem desta forma. Um país onde estão no último lugarzinho da fila e desse lugar acenam contentes o seu sentimento de pertença.
1 comentário:
Eu tenho uma teoria para isso. As pessoas julgam que a Bandeira Nacional é a bandeira da Selecção Nacional de Futebol assim como a bandeira vermelha com a águia é a do Benfica e a verde com o leão a do Sporting. O futebol é o novo ópio do Povo. E que jeito que isso vai dando...
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