A pré-candidata do PS francês às presidenciais do próximo ano, Ségolène Royal, foi ontem ao departamento (concelho) onde se verificaram a maior parte dos distúrbios de Novembro último, e que voltaram a repetir-se em menor escala na última semana. E que se lembrou de dizer? Nada mais nada menos do que a solução socialista para o problema da violência e delinquência é o aumento da segurança e instalações militares para os jovens problemáticos.
Claro que recebeu logo os maiores elogios: o Sarkozy disse-lhe que estava no bom caminho, e da FN mandaram dizer que a lepenização ultrapassa até as melhores expectativas. Quem não achou piada foi o companheiro da pré-candidata, e líder do partido a que ela também pertence, François Hollande. Disse que enfim... um enquandramento para os jovens sim, mas militar é que já não concorda muito...
A senhora até chega a acertar, quando diz que a pobreza e a violência costumam andar ligadas, mas coitadinha, não consegue é raciocinar a partir daí e tirar uma conclusão consequente.
Mas há quem tenha conseguido. A 16 de Junho de 2003 ouvi uma entrevista de que nunca mais me esqueci e cujas ideias principais me vêm à mente muitas vezes. Tratou-se de uma edição do programa "Pessoal... e Transmissível" da TSF, em que Carlos Vaz Marques entrevistava Benedita da Silva. Felizmente a TSF guardou-a na internet e é facilmente audível. No início do governo de Lula no Brasil, Benedita da Silva foi Ministra da Assistência e Promoção Social. É pena ter ficado tão pouco tempo no posto.
Depois de falar da violência física, que diz ser um problema importante, diz que há outra violência que são quase 50 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e quase 30 milhões que não comem. À pergunta "uma e outra estão ligadas?", responde que "uma acção contribui para que a outra aumente. (...) Combater a pobreza você está prevenindo. Porque não é o facto de ser pobre que torna a pessoa violenta, mas já é uma violência uns terem comida e o outro não. Já é uma violência uns terem emprego, dinheiro e o outro não."
Benedita da Silva percebeu o problema. Mas será que é preciso ter sido excluída, miserável, ter passado fome e vivido uma vida inteira numa favela carioca para perceber isto?
Claro que recebeu logo os maiores elogios: o Sarkozy disse-lhe que estava no bom caminho, e da FN mandaram dizer que a lepenização ultrapassa até as melhores expectativas. Quem não achou piada foi o companheiro da pré-candidata, e líder do partido a que ela também pertence, François Hollande. Disse que enfim... um enquandramento para os jovens sim, mas militar é que já não concorda muito...
A senhora até chega a acertar, quando diz que a pobreza e a violência costumam andar ligadas, mas coitadinha, não consegue é raciocinar a partir daí e tirar uma conclusão consequente.
Mas há quem tenha conseguido. A 16 de Junho de 2003 ouvi uma entrevista de que nunca mais me esqueci e cujas ideias principais me vêm à mente muitas vezes. Tratou-se de uma edição do programa "Pessoal... e Transmissível" da TSF, em que Carlos Vaz Marques entrevistava Benedita da Silva. Felizmente a TSF guardou-a na internet e é facilmente audível. No início do governo de Lula no Brasil, Benedita da Silva foi Ministra da Assistência e Promoção Social. É pena ter ficado tão pouco tempo no posto.
Depois de falar da violência física, que diz ser um problema importante, diz que há outra violência que são quase 50 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e quase 30 milhões que não comem. À pergunta "uma e outra estão ligadas?", responde que "uma acção contribui para que a outra aumente. (...) Combater a pobreza você está prevenindo. Porque não é o facto de ser pobre que torna a pessoa violenta, mas já é uma violência uns terem comida e o outro não. Já é uma violência uns terem emprego, dinheiro e o outro não."
Benedita da Silva percebeu o problema. Mas será que é preciso ter sido excluída, miserável, ter passado fome e vivido uma vida inteira numa favela carioca para perceber isto?
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