18 junho 2006

György Ligeti


Só soube agora que morreu esta semana um dos meus compositores preferidos.

Ligeti nasceu na Transilvânia em 1923, numa pequena cidade que pertencia à Hungria, passou de mãos, e é agora romena. Sobreviveu a uma guerra mundial onde perdeu grande parte da família. Depois viu o país invadido por uma força totalitária e igualmente mortífera. Nesta altura, apenas ouvia e fazia publicamente música do regime, e cladestinamente ouvia outra música escondido numa cave e em condições que alteravam profundamente a transmissão do som.
Nos anos 50 ele e a mulher tiveram que fugir a pé durante muitos quilómetros até poder apanhar um comboio e chegou assim à Alemanha ocidental. Todos os laços com a terra natal, os amigos, a família, foram cortados até 1989.

Escreveu a música que Kubrik usou depois na Odisseia no Espaço (Lux Aeterna) e De olhos Bem Fechados (Musica Ricercata). Escreveu "Le Grand Macabre", uma ópera muito lúcida e muito bem escrita, que muito impressionou os "habitués vison" do S. Carlos há alguns anos.
Escreveu um "Estudo Sinfónico" para 100 metrónomos, 10 intérpretes e um maestro. Escreveu música cómica e bem-disposta, como os "Nonsense Madrigals".

Foi talvez um dos primeiros compositores a não pertencer a um grupo, a um estilo. Ele tinha o seu estilo, que aliás mudou ao longo da vida e dos acontecimentos. Tinha as suas técnicas, sempre inovadoras, que ele próprio desenvolvia.

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