06 junho 2006

Escritoras, médicas, pintoras, directoras...

"(...) réformes qui prétendent féminiser la langue jusqu’à l’absurde :
« Puisque vous dites que cette soldate est écrivaine, dites donc aussi que le sentinel est un nouveau recru. Car la première est une personne et le second est un person. »"

(...) reformas que pretendem feminizar a língua ao absurdo: "Já que diz que esta soldada é escritora, diga também que o sentinelo é um recruto. Porque a primeira é uma pessoa e o segundo é um pessôo."»


Ora, uma escritora é uma mulher que exerce essa profissão, e já agora devíamos começar a dizer soldada mais vezes. Nós temos várias escritoras e não nos tem feito mal nenhum. Eles também têm, mas insistem em chamar-lhes "escritor" ou "senhora escritor".

Cá para mim, esta comparação é que é absurda, por dois motivos. Porque "feminizar" seria passar os plurais mistos para o feminino, obrigar os escritores a intitular-se "senhor escritora", etc.
É absurdo achar que o facto de admitir uma médica ou uma directora de qualquer departamento seja uma feminização. Feminiza o quê? A mulher que é médica? Ela já é feminina! A língua? Porquê, não deixa de haver "médico"!?

O facto de não existirem "escritora", "directora", "ministra", "professora" (ensino superior), "pintora", "doutora", "médica", etc., etc., etc., é não só absurdo, mas uma gigantesca demostração de machismo latente, cultural, impregnado na sociedade. Repare-se como todas se referem a profissões de algum prestígio social e hierarquia elevada. E como o acham natural, é um absurdo com tendência à perpetuidade.


Os franceses são muito zelosos (às vezes um bocadinho paranóicos) com a gramática da língua francesa e os anglicismos, mas tão permissivos nesta coisa do acordo de género, quando o género é feminino... A sacrossanta madre Academia Francesa encarrega-se destas coisas todas. É-lhes perfeitamente natural despedir-se à sexta feira com um sorridente "Bon weekend", mas chamar "professora" ou "doutora" às mulheres que a integram, nunca!

Não entendo. Pronto, que é querem, sou só uma mulher, estas coisas não são para mim, coitadinha, que tenho esta cabecinha de mulher.

Sem comentários: