Num documentário sobre o tsunami de 2004 na Ásia, transmitido na RTP pela passagem de um ano sobre o evento, ficámos a saber algo de extraordinário. Algo que nos faria bem tomar como exemplo da suposta caminhada do homem pelos caminhos da evolução/desenvolvimento. Ou, como diriam almas ideológicamente comprometidas, a caminhada da civilização.
Uma tribo, descendente de populações africanas que há milhares de anos deram àquela costa, sobreviveu de forma invulgar ao maremoto refugiando-se antecipadamente na floresta. A poucas léguas dali milhares perderam a vida e os testemunhos em vídeo dos europeus em férias pelas praias paradisíacas são um registo tragi-cómico da impotência ou incompetência mais rudimentar. Um membro da tribo explicava ao antropólogo que a estuda há 20 anos que os seus sabem o que siginifica quando o mar recua rapidamente. Os seus antepassados não os deixaram mal. Independentemente da compreensão do fenómeno ser menos física e mais metafísica, a questão foi a percepção e o reconhecimento imediato do fenómeno. Algo que falhou a milhares de seres humanos das mais variadas origens. Falha que lhes custou a vida.
Com isto não se quer defender, como em tempos idos fazia a Santa Sé, que o conhecimento comporta a perdição do ser humano, nem que a vida do bom selvagem comporta a virtude e a redenção. É, no entanto, surpreendente constatar, mesmo desta forma brutal, como suecos, ingleses, norte-americanos, tailandeses, indianos, alemães, ficaram na praia a ver as ondas chegar e os 200 habitantes da floresta, que vivem da pesca sem hi-pod nem gps, souberam fugir.
Pode medir-se o grau(ou algum deles) de desenvolvimento ao longo da História pelo nível de controlo que o homem exerce na natureza? Esse controlo, a ciência em suma, está ao serviço do ser-humano? Apesar da ingenuidade a resposta devia gerar mais inquietude e menos sorrisos conformados.
Uma tribo, descendente de populações africanas que há milhares de anos deram àquela costa, sobreviveu de forma invulgar ao maremoto refugiando-se antecipadamente na floresta. A poucas léguas dali milhares perderam a vida e os testemunhos em vídeo dos europeus em férias pelas praias paradisíacas são um registo tragi-cómico da impotência ou incompetência mais rudimentar. Um membro da tribo explicava ao antropólogo que a estuda há 20 anos que os seus sabem o que siginifica quando o mar recua rapidamente. Os seus antepassados não os deixaram mal. Independentemente da compreensão do fenómeno ser menos física e mais metafísica, a questão foi a percepção e o reconhecimento imediato do fenómeno. Algo que falhou a milhares de seres humanos das mais variadas origens. Falha que lhes custou a vida.
Com isto não se quer defender, como em tempos idos fazia a Santa Sé, que o conhecimento comporta a perdição do ser humano, nem que a vida do bom selvagem comporta a virtude e a redenção. É, no entanto, surpreendente constatar, mesmo desta forma brutal, como suecos, ingleses, norte-americanos, tailandeses, indianos, alemães, ficaram na praia a ver as ondas chegar e os 200 habitantes da floresta, que vivem da pesca sem hi-pod nem gps, souberam fugir.
Pode medir-se o grau(ou algum deles) de desenvolvimento ao longo da História pelo nível de controlo que o homem exerce na natureza? Esse controlo, a ciência em suma, está ao serviço do ser-humano? Apesar da ingenuidade a resposta devia gerar mais inquietude e menos sorrisos conformados.
3 comentários:
Ah, nós morremos na praia mas somos civilizados!... ;)
Não me parece e casos como este provam bem isso. É caricato, mas tb. vi na altura uma reportagem que me impressionou, numa praia qualquer uma criança salvou não sei quantas pessoas porque se lembrou das aulas de geografia, onde o Professor tinha ensinado que quando o mar recua rapidamente e aparecem muitas bolhinhas na areia molhada é sinal de maremoto... Assim sendo, a "civilização" esquece o que aprende, coisa que não fazem as tribos?!
:)
Sandra
PS1 Que coincidência, hoje estive num blogue de uma família que sobreviveu ao tsunami.
PS2 Vai espreitar o meu blogue, coloquei lá uma iniciativa engraçada, espero...
É mais uma prova de como o conhecimento científico nem sempre invalida a sabedoria popular tradicional (antes pode ser até complementado por ela)!
E toda a gente o sabe, queira ou não reconhecê-lo. Basta pensar nas medicinas tradicionais...
Pena é que tantas e tantas vezes esse conhecimento ancestral e tão frágil (raramente está documentado, porque se transmitia oralmente) esteja, pura e simplesmente, a extinguir-se, como certas formas de vida na Terra, que nunca mais poderemos reaver...
Enviar um comentário