11 janeiro 2006

Gente de má memória




Digo má memória, porque se aproveitam da má memória das pessoas e porque preferíamos não termos que nos lembrar deles.
Eu explico.

O antigo edifício da PIDE e a casa de Almeida Garrett foram demolidos (no primeiro caso a fachada ficou) para fazer condomínios de luxo. É a memória colectiva que se vai embora. A memória é o que nos constrói, nos define, nos alegra ou nos avisa dos perigos.
Por mim preferia ter a memória de casas que, de modos muito diferentes, tiveram um papel importante na nossa história, do que ter que me lembrar destes dois presidentes da Câmara de Lisboa.
Têm o poder. Têm por isso o dever de cuidar da nossa memória, da nossa história. Não, preferem aproveitar-se da indiferença das pessoas para dar razão à alienação geral, combatendo a cultura e o conhecimento.


Outra curiosidade destes dois empreendimentos é o florescimento dos condomínios de luxo. Uma empresa que se mete numa grande construção, sabendo até que vai ter alguma contestação, só o faz se tiver a certeza do grande lucro. Sabem portanto que garantem a venda de todos os apartamentos caríssimos dos condomínios de luxo. Há gente capaz de pagar uma pipa de massa para poder dormir em salas de tortura! Está para lá da minha compreensão.

E o fosso cresce desmesuradamente. A defendê-lo, pior, muito pior que crocodilos, a ignorância e a apatia, sempre tão largas e fundas como o fosso.

1 comentário:

Ant.º das Neves Castanho disse...

É assim, somos pobres, pobrezinhos, em tudo...

Pobre Lisboa, pobre Portugal...

Mas não basta criticar. Há e haverá sempre muitos erros a evitar (ou não!) no futuro.

É preciso intervir. É urgente reagir! Este desabafo já é qualquer coisa, mas não basta. Parabéns e continua, mas que um dia a crítica comece, finalmente, a transformar-se em algo criador, construtivo, positivo!

Novos políticos: procuram-se (VIVOS)!