22 janeiro 2006

Falta-nos esta resposta

"Que força é essa
que força é essa
que trazes nos braços
Que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo
Que te põe de bem com os outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo
que força é essa, amigo"?

Não se entende a força que move este povo, que o põe de bem com muito poucos e de mal consigo próprio.

Dir-se-ía o espírito salazarento ainda a pairar...
Para quando o 25 de Abril no espírito das pessoas?


É já amanhã que recomeça a luta, que agora se adivinha bem mais dura. Os ingleses dizem "when the going gets tough, the toughs get going" - em português será algo como: "quando as coisas endurecem, os duros põem-se a mexer". Cá estamos para isso!

10 comentários:

sotavento disse...

É este o povo que é o meu?!...
Resta-me a consolação de que a maioria nem sempre está certa, prova-o a história!...

Ant.º das Neves Castanho disse...

Se vamos mesmo ter de aturar o Cavaco (espero que "só" por cinco anos...), a culpa não é do Povo, mas da Esquerda inteira!

Reconhecer esta verdade é a premissa essencial para compreender o que aconteceu e, sobretudo, prevenir que se repita.

Quem quiser mais, vá a evolucoesdeabril.blogspot.com

E até amanhã, camaradas...

Cláudia [ACV] disse...

Helena,
volto à vossa caixa de comentários, para expôr um erro que dei aquando da nossa conversa sobre as praias do Algarve, a propósito do post "Coitadinho do Xô Silva!".

Nesse post,ao falar da Lagos de '50 referi José Afonso; contudo, por erro meu de leitura, confundi o José Afonso dos Santos, o bem conhecido músico, nascido em Aveiro, com José Afonso "Muchacho", figura essa sim algarvia a correspondem os dados biográficos que aí deixei.

Feita a correcção, até breve.

Helena Romão disse...

Obrigada, Ana Cláudia.

Castanho, não estou minimamente de acordo. Acho que se tivesse havido um só candidato ainda teria havido menos votos no conjunto da esquerda. Assim, houve vários candidatos para diferentes eleitores das várias esquerdas, mais ou menos centrais.

A culpa de um mau eleito é sempre dos eleitores que nele votaram, a não ser que as eleições não se façam em condições democráticas. Neste caso, quem pôs a cruzinha era maior de idade, tinha alguma informação (ok... aqui houve quase só falhas), e fê-lo em total confidencialidade. Sabia o que fazia.

Quanto à culpa do governo... não lhe vais chamar governo de esquerda, pois não????

A questão é muito mais complexa do que deitar as culpas para uma esquerda tão plural quanto anónima e numerosa. Pode ser que um destes dias tenha tempo de formular aqui a minha ideia.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Caríssima Helena, cuidado com as argumentações emotivas e pouco racionais, que só descredibilizam que as usa.

Eu disse que a culpa é da Esquerda, tu lês que eu defendo que deveria ter havido uma só candidatura dessa área! Não vem a propósito e, para além disso, eu até concordo contigo quanto às vantagens de várias candidaturas. Como vês...

A questão é complexa, obviamente. Mas às vezes basta concentrarmo-nos no que é essencial. A culpa é da Esquerda, repito-o (sabendo que não concordas...), por várias razões, mas duas em especial: 1ª - o cinismo do P. S. de Sócrates, que nunca mostrou vontade de realmente eleger Soares (pressenti logo estas consequências após o primeiro discurso do P.-M. em campanha...) e 2ª - a perplexidade e desmotivação dos eleitores de Esquerda com a luta fratricida e lamentável entre Alegre e Soares.

Bastava ter havido uma candidatura decente na área do P. S. (Freitas do Amaral), para a vitória de Cavaco À SEGUNDA VOLTA ser tudo menos certa.

Assim, a insistência de Garcia, a teimosia de Louçã e o entusiasmo de Jerónimo não NOS valeram de nada (mas também não lhes assaco culpas, atenção). O P. S. é que tinha a chave desta eleição nas mãos e eu ainda o considero um Partido de Esquerda (já agora, se este Governo não é de Esquerda, o que seria para ti um Governo de Esquerda, hã?).

Será que o meu comentário "a quente" ficou agora mais claro?

Helena Romão disse...

Bom, a minha argumentação, remeti-a para depois, se tiver para isso tempo, e se conseguir formulá-la decentemente. Tenho algumas ideias alinhavadas, já as expus um pouco num comentário do Troll, mas não estão suficientemente trabalhadas para as publicar. A minha argumentação não foi emotiva, porque não foi feita.

Só se chamas argumentação emotiva ao facto de dizer que as eleições foram livres e as pessoas decidiram livremente (com excepção da falta e enviosamento da informação dos meios de comunicação) o que quiseram.

..."a insistência de Garcia, a teimosia de Louçã e o entusiasmo de Jerónimo...": isto sim, seria uma argumentação emotiva.


Bom, este governo não é de esquerda. Lá por se auto-intitularem socialistas isso não os torna socialistas.
Lá por eu dizer que o fundo do écran é amarelo, ele não fica amarelo.

Há socialistas no PS (o Manuel Alegre, por exemplo, pelo menos enquanto não sair), e talvez até haja um ou outro no governo, mas a sigla PS de Sócrates quer dizer Partido do Sócrates. E a grande maioria dos dirigentes do PS estão neste último e não no partido socialista.
Mas como tu chamas socialista ao Freitas... é natural que aches este governo muito à esquerda. Só que as coisas não deixam de ser o que são só por lhe mudarmos o nome. E mesmo que repetidas à exaustão, podem enganar muita gente, mas não passam a ser verdade.

É certo que o Freitas aprendeu umas coisas lá na ONU, mas daí a tornar-se socialista...


O que seria para mim um governo de esquerda? Essa pergunta é muito complexa como calculas teria que abordar todos os aspectos da vida nacional e internacional para te responder exaustivamente, e em muitos campos nem sequer tenho conhecimentos para saber o que seria mais correcto.

Mas que tal se começasse por aumentar os ordenados, baixar o IVA, deixar de abolir os direitos dos cidadãos e combater seriamente a grande fuga fiscal para arranjar dinheiro?

Parar (pelo menos) as privatizações. Acabar com o offshore na Madeira. Descriminalizar o aborto. Estas três davam um óptimo conselho de ministros inaugural.

Fechar escolas, centros de saúde, secções essenciais de hospitais, esquadras de polícia e deixar os cidadãos sem instalações nenhumas em dezenas de quilómetros ao redor, não é um bom exemplo.
Andar a virar os cidadõs uns contra os outros para discutir o que não são mais do que migalhas: funcionários públicos contra empregados do privado, ainda menos.

Mudar isto já não era mau. Depois era só continuar por aí...

J. disse...

Helena! a do ecrân amarelo é para mim não é?!
Bom, dizer de Manuel Alegre que é socialista já me inspira algumas dúvidas. O discurso pode reclamar-se disso mas a prática nos últimos anos nao tem deixado mal nem Guterres nem Sócrates.

Helena Romão disse...

Para ti? Não! Nem me tinha lembrado disso... até estava a falar da janela onde se fazem os comentários, que é branca.

Bom, quanto ao Manuel Alegre, acho que o discurso dele é consistente desde sempre. O que acontece é que, a meu ver, ele iludiu-se em relação ao PS, e manteve a disciplina partidária. Isso é o que tenho contra ele: a disciplina partidária.
Não deixa de ser grave, acho que revela talvez alguma falta de visão. Mas não tenho dúvida de que seja socialista.

Ant.º das Neves Castanho disse...

Bom, assim lamento muito, mas nunca verás nenhum Governo de Esquerda...

Helena Romão disse...

Eu também lamento ser tão complicado, mas não desisto. E felizmente há muita gente de esquerda que não desiste.

É pena que se ache e que seja tão comummente aceite (só em Portugal) que o combate à fuga fiscal é uma Utopia, ou que a descriminalização do aborto é uma miragem, e que nunca veremos um governo que o faça. Eu acho que isso são realidades em muitos países, é a normalidade da existiencia nesses países, e portanto não é utopia nenhuma nem é assim tão longínquo como isso.

É só olhar para o lado.