18 janeiro 2006

De palas nos olhos

É por estas e por outras que eu continuo a dizer que os franceses vivem fechados no hexágono e nunca olham para o que passa à volta. Não sabem que há outros países, que até podiam ter exemplos e nem era preciso ir longe... Népia. Se não é em França e em francês, não é com eles.

Este senhor começa com um propósito muito louvável: democratizar os poderes presidenciais em França. Apoiado, bem precisam!
Depois descreve um regime parecido ao nosso e diz que a democracia ficaria enfranquecida. Porque, e só porque se esqueceu de tirar as palas! O senhor tem medo do poder do Parlamento. Diz ele que a democracia sairia enfraquecida... Acho que o dicionário dele é diferente do meu quanto à palavra democracia.

O regime francês prevê que o Primeiro Ministro é nomeado pelo Presidente, e que os dois trabalham em conjunto para gerir o país. Depois há um Senado que ainda tem algum poder e um Parlamento que faz quase nada. Quer dizer, eles devem fartar-se de trabalhar, não duvido, mas nada do que fazem resulta verdadeiramente em mudanças para o país.

A questão é que o tipo com mais poder em França é o Presidente. O Villepin não faz nada sem "pedir autorização". Em Portugal é o Primeiro Ministro; o Presidente intervém em caso de veto ou em crises de maiores dimensões. Só que um Presidente não pode ser demitido e um Primeiro Ministro que desagrade pode ser corrido, como se viu com o Santana e o Raffarin.

Diferença: em Portugal isso traduziu-se em eleições (não estamos muito melhor, mas fomos nós quem escolheu); em França o Chirac nomeou o mesmo governo reformulado e continuou tudo na mesmíssima, e a população não foi tida nem achada (e ainda acharam normal)!

O nosso sistema não é concerteza ainda o ideal, pode ser muito melhorado, mas é ainda assim bem mais democrático que o francês!

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