Não foi um acaso que uns poucos milhares de pessoas estiveram em frente ao palácio de Belém a exigir eleições. Não foram inciativas partidárias as autoras do sucesso da propagação da mensagem e da pronta adesão. Não foi um acaso a expontaneidade de muitas das palavras de ordem que se ouviram. Temia-se o pior e o pior aconteceu. Que a esquerda queira pedir contas a Sampaio e se sinta atraiçoada por ele são outros contos, naturais e não meramente encaixadas na conversa de afianço das unhas. A desilusão ultrapassa largamente a visão de que esta foi uma nesga de esperança de quem não tem programas ou alternativas reais à esquerda. A desilusão está nas ruas, já estava, e com a saída despudorada de quem há muito recentemente tinha assumido continuar o trabalho e o desafio para provar aos portugueses que os seus sacrifícios não tinham sido em vão, ela transformou-se em indignação aguda a cuja resposta o presidente da república não soube dar a resposta e a leitura políticas. A traição não foi à esquerda, a traição foi a todos.
Concordo quanto a esta decisão não estar longe da imagem de marca do Partido Socialista, Sampaio afinal insere-se na herança partidária. E não é por estarmos muito aflitos que devemos escamotear esse legado riquíssimo a enganar o povo. Isto não quer dizer que não haja verdadeiros e honestos sociais-democratas no PS. Mas pelos vistos, o Sampaio achou que não eram eles a ir para o governo. E só isto permite entender a demissão do Ferro Rodrigues. Dito de outra forma, é a única hipótese que a torna lógica e entendível.
As conclusões que interessam retirar se tudo isto for verdade é acreditar que a alternativa de esquerda a existir é onde está a política e não onde está o PS.
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