19 julho 2004

decisão de Sampaio faz mais uma baixa

"(...) Quando o Cruzes Canhoto nasceu, fê-lo numa altura excitante, quando se debatia uma questão importante - a legitimidade da guerra do Iraque. Essa legitimidade não era uma questão pontual mas configura-se numa "canga ideológica" de interpretação do direito internacional e dos direitos humanos. Por isso se desenterrou Santo Agostinho, Clausewitz e muitos mais. É este género de política que me interessa, aquela que tem implicações na moral, na filosofia, na sociedade e nas relações humanas. Interessa-me a deslocalização dos ministérios dentro do impacto que tal decisão tem ao nível da concepção do Estado, do seu papel interventivo na sociedade e da relação que mantém com os cidadãos. Interessa-me relacionar esta medida com o sistema medieval, em que o rei andava de terra em terra a distribuir sacos de ouro e a ouvir as queixas, e compreender como indica uma concepção dos ministérios como confessionários e doadores de cheques aos profissionais da área e não como centros de planificação, coordenação e intervenção das áreas a nível nacional (não é surpresa nenhuma que o João Miranda defenda a ideia com unhas e dentes). É-me perfeitamente indiferente se o Ministério das Porcas e Parafusos deva ficar em Cucujães ou na Rebolosa. Sampaio decidiu dizendo que a escolha é entre Cucujães e a Rebolosa e não entre um estado interventivo ou um estado reactivo. Ele escolheu. Eu percebi."
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