Foi só há 70 anos que abriu o campo de concentração do Tarrafal, o da morte lenta. Foi só há 70 anos que Portugal passou a ter um campo de concentração e morte. Nas colónias, claro, porque na metrópole, no "verdadeiro" Portugal, não se faziam trabalhos sujos. Isso era deixado às colónias, neste caso a Cabo Verde.
Só setenta anos depois, já Salazar se candidata a grande português. Só setenta anos depois, ainda os presos torturados estão vivos, já o carrasco é elogiado, estrela de televisão, posto lado a lado e comparado em pé de igualdade com quem construiu o país e definiu a nossa portugalidade. Como se a frigideira por onde passaram alguns dos presos no Tarrafal fosse uma pequena questão de opinião, divergências sem significado. Como se fosse igualmente válido ser preso num campo de concentração ou ser carrasco desse mesmo campo, é só uma questão de lados.
O branqueamento é rápido, e visivelmente eficaz. Para a opinião pública, campo de concentração é algo que tem a ver com os alemães, lá longe na Polónia. As notícias da imprensa sobre este assunto são escassas na internet. Excepção do DN, com uma entrevista a Edmundo Pedro sobre a sua tentativa de fuga.
Para não esquecer, não deixar branquear, nem deixar repetir, a ver uma exposição a ver na Torre do Tombo sobre a Guerra Civil Espanhola e o Tarrafal.
1 comentário:
também saiu na Pública enrevista ao Edmundo Pedro
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