"Assim, durante a década em que as epidemias de SIDa atingemtodo o continente, em que grandes fomes e as guerras continuam a fazer razias, os países pobres financiaram os países ricos:entre 1983 e 1989 pagaram-lhes 242 muilhões de dólares(Relatório do PNUD de 1992, p.23 a 51) e sóa África subsaariana transferiu nada menos de 700 milhões de dolares por ano (p.43). Nos úlitmosanos, o próprio FMI recebeu de África cerca de três vezes e meia o que pagou.Os mercados africanos são os mais vulneráveis- não lhes são permitidas as medidas de proteccionismonão-tarifário que predominam ainda nos países desenvolvidos- e as condições impostas ao pagamento das dívidas sao asmais draconianas: o juro real corrigido pelos preços em dólardas principais exportações é de 4% nos países ricos e de 17% nos países "em vias de desenvolvimento", isto é, pagam quatro vezes mais. O impactorecessionista de todas as medidas combinadas contribui para enfraquecer a economia e para desregular a sociedade, desertificando os campos e agravando a concentração urbana, onde não há emprego"
Francisco Louça, A maldição de Midas a cultura do capitalismo tardio, Edições Cotovia 1994.
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