04 novembro 2005

Crónica de duas mortes há muito anunciadas

Primeiro, em vez de se preocuparem tanto com o véu, era isto que deviam ter resolvido. Quando há um problema resolvem-se as causas, não os sintomas.

Algumas destas são as mesmas cités onde agora se passam os confrontos. Pobreza, violência em casa, nas igrejas e mesquitas, na escola, na rua, desemprego. Não há praticamente integração em França. As cités são guetos onde se enfiam os imigrantes de países pobres - África sub-sahariana, Magreb, Médio Oriente, ex-colónias francesas, ou mesmo dos DOM-TOM (Ultramar - sim, a França tem Ultramar!)... São pessoas que muitas vezes não falam francês ou são analfabetas. Vivem em comunidades fechadas. Sem integração possível, fecham-se no que conhecem: a cultura dos países de origem, mas com exageros de imigrante. Vivem do RMI (rendimento mínimo de inserção) enquanto ele dura ou do subsídio de desemprego.

Do Estado, só cortes financeiros e repressão. Da polícia, que se quereria protectora, só há medo, terror e muita repressão. A repressão suficiente para três miúdos inocentes fugirem a esconder-se dentro de um transformador eléctrico.

Não digo mais. Não há palavras para tanta indignação. Deixo-vos ler os artigos que ilustram bem o que se passa nas cités. Não hoje, mas desde há muito tempo.


Pensando melhor, digo: Sarkozy devia ser sumariamente demitido. Sem mais delongas. A justificação foi o funeral dos dois jovens. E depois, obviamente, o único destino que se reserva a tal gente: o tribunal.

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