Ontem o dia passou como todos deviam passar. A Inês decidiu partir para Paris onde a espera uma paixão, o que é muito estranho na Inês. Ofereceu um almoçinho a alguns dos amigos mais íntimos em casa da mãe. Eu, para não variar, cheguei atrasado. À mesa já se sentia a empatia própria das amizades antigas, mas bem regada. Atirei-me à lasanha e ao vinho tinto antes que acabassem. À minha volta partiam-se copos e entornava-se vinho, pegava-se em conversas antigas e cenas perdidas na memória de alguém como se tudo tivesse voltado à vida e a sorte dos minutos imediatos dependesse de uma decisão sobre quem tinha razão, quem tinha feito o quê e porquê. Fumavam-se cigarros. Terminámos com salada de frutas, bolo de rum, uísque, rum, licor de uísque, café. Depois assistimos aos vídeos sobre jogadores de xadrês no jardim do Luxemburgo que a Inês gravou em Paris e ao documentário sobre as Escadinhas de São Cristóvão em Lisboa. Saímos para o verde de Sintra, o amarelo e azul da praia como se o dia fosse eterno. Foi bom. Só não foi ontem.
Sem comentários:
Enviar um comentário