22 agosto 2004

A indigência cultural

Como sabeis moro em Oeiras, um concelho que foi pioneiro na propaganda auto-glorificadora. Um munícipe de Oeiras acredita que vive num território marcado pela excelência, pelos níveis de desenvolvimento blá, blá, blá. Sabe que aqui vive gente com dinheiro, vê-se o mar. Considera-se muito melhor servido que um habitante de Odivelas (quem?), acha até que lá na Europa as coisas não devem ser muito diferentes e o Isaltino nunca precisou dos CDSs para vender este peixe a partir do Palácio do Marquês. Grosso modo o ranking anda ordenado assim: 1.º Lisboa (e depende das zonas), 2.º Cascais, 3.º Oeiras, a contar daquele lugar de nenhures onde gostamos de colocar o mundo em que os nossos filhos nunca viverão.
Esta conversa para dizer que em Oeiras há duas extensões da biblioteca pública camarária, em Oeiras e em Algés, com acervo e instalações acima do medíocre. E não há outras dignas desse nome. São pequenas. Têm poucos livros e poucas revistas. Quase não têm livros "em estrangeiro". Quase não têm produtos multimédia. Não têm locais de estudo isolados dos espaços de circulação e de consulta. Não têm acervos fortes em nada e são fracas em muita coisa. O concelho tem mais de 160 000 residentes e as bibliotecas com 100 pessoas estão cheias.
Ah Paris, que saudades de Paris.

2 comentários:

J. disse...

Os acervos são pequenos e os horários também. Catraia ía buscar os livros dos cinco, do agenteX e ler o Spirô até às 19h30...um dia da semana a biblioteca fechava mais tarde...21h. Hoje fecha às 18h, abre só duas manhãs ao sábado e fecha nas primeiras quartas de cada mês. Um munícipe que trabalhe todos os dias até às 18h tem imensas oportunidades de usufruir do grande papel das biliotecas "públicas" em Oeiras.

Al disse...

Pois, sem falar também no facto de o interior do Concelho não contar para o campeonato das más bibliotecas. Porto Salvo, Talaíde, Laje, Barcarena, Carnaxide (por acaso tem uma coisa no Centro Cívico), L-Velha não têm nada.