15 agosto 2004

Fátima no Ministério, já!

Fátima Bonifácio strikes again. Num artigo publicado hoje no Público, a senhora introduz-nos em alguns aspectos da sua vida enquanto vai desfiando um concentrado de ideias feitas do mais bacoco senso comum luso-pessimista, naquele registo apocalíptico de autoflagelamento colectivo que os intelectuais portugueses tão bem sabem encarnar quando falam para o povo. O problema é que "a Fátima" (é como eles se tratam lá no departamento) é professora universitária de História há 25 anos. Tem não sei quantos livros publicados sobre o nosso século XIX. Podia fazer alguma ideia das suas responsabilidades para lá da sala de aulas e dos arquivos (já que nas salas de aulas da licenciatura ninguém a vê há quase dez anos). Mas não faz. Aliás, isto lembra-me uns textos do Ricardo sobre alguns intelectuais da nossa praça (Filomena Mónica, Fernando Ruivo, Fátima Bonifácio), a estreiteza de vistas de quem se quer posicionar criticamente face a alguma coisa e é incapaz de ir mais longe que a sua mundividência de paróquia, acabando por se constituir a si próprio como medida de todas as coisas. Entre uma bica e um pastel de nata, o artigo diz isto: o ensino em portugal é uma merda e tem piorado, a culpa é "da escola", dos alunos que chegam analfabetos às universidades e das famílias que educam as crianças na preguiça mental. Como argumentação de apoio é referida a experiência de 25 anos de ensino na FCSH da Universidade Nova de Lisboa a alunos cada vez mais ignorantes. A conclusão é óbvia e transparente: não há dinheiro que resolva o problema.
Eu acho que tanta clarividência, tanto estudo das questões, tanta problematização, tanto esforço na busca de soluções só podem merecer um Ministério para Fátima.
Uma coisa é certa, minha querida: Setembro espera por ti nas paredes da faculdade onde não dás aulas há quase dez anos.




1 comentário:

euricofc disse...

ò álvaro, a bovídea deu este ano de institucional e política coñtemporânea.
de resto o artigo é bosta. o que n é assim tão estranho se tivermos em conta a foto que usas para a retratar.