31 agosto 2004

MaNiFeSta-Te

CoNCeNTRaÇão De PRoTeSTo CoNTRa a DeCiSão Do GoVeRNo De iMPeDiR a eNTRaDa eM áGUaS PoRTuGueSaS Do NaVio DaS WoMeN oN WaVeS


4ª FEIRA-DIA 1 - 18H FRENTE À RESIDÊNCIA OFICIAL DO PRIMEIRO MINISTRO

29 agosto 2004

O fado dos decapitados II

Depois de escrever o post anterior e sem pensar que alguém pudesse partilhar as mesmas preocupações, encontrei isto no número de Julho/Agosto da New Left Review. Ponho aqui a referência porque os motivos que me levaram a pôr desajeitadamente aquelas interrogações (que apareceram ontem à noite em conversa com a almofada) estão aqui neste artigo, bem como a intuição que é necessário passar a um novo patamar reivindicativo na questão iraquiana, embora a editorialista só coloque a questão frontalmente na última frase, que eu, desgraçadamente, não consigo copiar para aqui. Ela por acaso passa por cima das acções mais "terroristas" no sentido que a propaganda lhes dá, acções que nenhuma entidade empenhada numa luta de libertação nacional clássica ou que queira assumir esse estatuto pode "legitimamente" cometer (atentados contra as Nações Unidas, decapitações de jornalistas...). Leiam. Eu acho que há aqui um desafio para as ATTACs deste mundo e para cada um de nós. Vamos lá assumir que os gajos não são todos totós ou fanáticos de Alá.

O fado dos decapitados

No Iraque começa a tornar-se um hábito o sequestro e assassínio de jornalistas estrangeiros ou a colocação de bombas. Sabemos que são terroristas a fazê-lo. Sabemos que se torna um hábito que bandos de radicais xiitas desatem aos tiros aos soldados americanos e aos seus assalariados iraquianos. Ou seja, não sabemos nada.

As formas de resistência à ocupação de um Estado estão tipificadas no direito internacional. Ora, julgo que essas formas foram reconhecidas no rescaldo das lutas de libertação nacional em África e na Ásia colocando no centro do sistema a Organização das Nações Unidas e o equilíbrio gerado na luta entre os dois blocos da guerra fria.

O que se passa no Iraque, i.e., a invasão e ocupação militar de um Estado por um grupo de Estados contra as normas do direito internacional podia levar a que se constituíssem movimentos de resistência a essa ocupação com legitimidade para serem reconhecidos internacionalmente. Isto implicaria um movimento em dois sentidos: os resistentes têm que operar de forma a serem reconhecidos pelo sistema de Estados-nação e estes últimos têm a chave da admissão dos primeiros à maioridade política internacional, com o evidente jogo de mútua composição de códigos de reconhecimento.

Antigamente (antes de 89) a coisa passava muito pela existência de oposição aberta entre os dois blocos imperialistas, essencialmente em zonas periféricas (Afeganistão, África, Vietname, Corea, Cuba etc.). Quem queria um Estado devia namorar as forças em presença e jogar no tabuleiro militar e diplomático o reconhecimento internacional. Hoje, parece que não é tão "fácil" a manutenção ou criação de Estados com base em reivindicações nacionalistas ou simplesmente respeitadoras do direito internacional. A existência de uma única potência hegemónica à escala mundial tornou possível o bloqueio de qualquer mecanismo de reconhecimento internacional de grupos resistentes que escape ao seu controlo.

Ou seja, os EUA estão a criar uma solução muito semelhante ao que fizeram no Vietname de Sul, por exemplo. Enquanto os EUA nomeiam e fazem eleger um governo fantoche, a "comunidade internacional" de Estados, as organizações de diverso tipo e as personalidades que se têm feito ouvir contra a guerra agem como se não houvesse interlocutores válidos no terreno. São contra a ocupação do Iraque como foram contra a guerra mas são contra as formas de resistência que existem como foram contra a ditadura de Sadam Hussein. Ao nível dos Estados isso é compreensível. Não acho que seja tão líquido esse silêncio da parte das organizações e das personalidades anti-guerra.

Será que os iraquianos, apesar de não apreciarem levar com bombas ou metralhados são demasiado frouxos para se oporem a isso? Ou será que "as organizações terroristas" e os bandos de xiitas radicais no terreno são a expressão politicamente radicalizada, errática ou imatura da resistência que existe? E que não estão tão isolados nem são bandos de criminosos como nos é dado a comer via CNN?

E será que a resistência à guerra protagonizada do lado de cá caiu no politica e etnocentricamente correcto de não reconhecer formas de resistência para lá do horizonte consagrado por décadas de conflitos nacionalistas e agressões imperialistas no direito internacional? E se o direito internacional que existe se tiver tornado um espartilho para quem não aceita, debaixo de bombas e metralha, a ordem que lhe querem impôr? E se o terrorismo condenado pela CNN fosse, neste momento, a única alternativa a um governo fantoche? E se do lado de cá andamos todos a fazer o frete à CNN, ao Pentágono, à casa Branca, ao Eliseu, ao Kremlin e a todos os grandes interesses organizados na partilha dos recursos iraquianos e na estabilidade na Mesopotâmia?

Vamos todos verter lágrimas pelos jornalistas assassinados e criticar o extremismo religioso ou começar a pensar duas vezes antes de entrar no consenso mediático e no apoio a novos testas-de-ferro dos imperialismos?

Vamos começar a exigir o diálogo com os terroristas e com os radicais islâmicos? Ou será que essa exigência, da parte das organizações e personalidades anti-guerra, esbarra com os aproveitamentos políticos e mediáticos sobre os quais se foi construindo o consenso anti-guerra?

Quantas questões, quão poucas respostas...

Aborto

Bush em 30 segundos

28 agosto 2004

Women on Waves



Uma associação invulgar holandesa vem agitar águas no mar português do esquecimento. Não nos esqueçamos que o governo rejeitou o pedido de referendo feito por mais de 120 mil pessoas este ano. Não nos esqueçamos dos números, dos factos. Infelizmente juntamo-nos à Irlanda, à Polónia, a Malta pelos piores motivos. Cobramo-nos de vergonha

27 agosto 2004

"Quiconque a de ses yeux contemplé la beauté est déjà livré à la mort"

Foi num fim de Verão em Veneza...

...Adagietto, 4.º Andamento, 5.ª Sinfonia, Mahler.







Inês

Ontem o dia passou como todos deviam passar. A Inês decidiu partir para Paris onde a espera uma paixão, o que é muito estranho na Inês. Ofereceu um almoçinho a alguns dos amigos mais íntimos em casa da mãe. Eu, para não variar, cheguei atrasado. À mesa já se sentia a empatia própria das amizades antigas, mas bem regada. Atirei-me à lasanha e ao vinho tinto antes que acabassem. À minha volta partiam-se copos e entornava-se vinho, pegava-se em conversas antigas e cenas perdidas na memória de alguém como se tudo tivesse voltado à vida e a sorte dos minutos imediatos dependesse de uma decisão sobre quem tinha razão, quem tinha feito o quê e porquê. Fumavam-se cigarros. Terminámos com salada de frutas, bolo de rum, uísque, rum, licor de uísque, café. Depois assistimos aos vídeos sobre jogadores de xadrês no jardim do Luxemburgo que a Inês gravou em Paris e ao documentário sobre as Escadinhas de São Cristóvão em Lisboa. Saímos para o verde de Sintra, o amarelo e azul da praia como se o dia fosse eterno. Foi bom. Só não foi ontem.

26 agosto 2004

Volta Tino, estás perdoado

Na mesma peça aparece, na página 11, o embrião de apoiantes da pré-candidatura de Isaltino à Câmara de Oeiras.

Arlindo Carvalho (este tem andado desaparecido): "Moro em Cascais e não costumava dar conta que Oeiras existisse. Hoje passo por lá e noto perfeitamente a evolução daquele município. Vejo com bons olhos o regresso do Dr. Isaltino de Morais à Câmara Municipal de Oeiras. É um autarca modelo e Oeiras deve-lhe muito"."

João Fernandes (quem?): "Não conheço muito bem o passado de Oeiras, mas daquilo que me contam parece ter havido ali uma grande evolução. Pessoalmente ficaria muito satisfeito se o Dr. Isaltino de Morais se recandidatasse à condução da autarquia. Foi ele que conseguiu dar desenvolvimento àquele município e por sua causa aquela câmara sempre foi exemplar"."

Luís Todo Bom (that's the man!): Sou suspeito por dizer isto porque sou um grande amigo dele. Apenas gostaria de frisar que seria bom para Oeiras se ele voltasse à presidência. Nota-se a diferença entre o que era e o que é hoje a dinâmica de Oeiras. Mais não digo porque só posso continuar a frisar que ele é um líder e faz falta a Oeiras"."
Casa Pia, Apito Dourado, PGR, Judiciária, Câmaras Municipais, Governo, Conselhos de Administração, revistas do imobiliário...parece que só há filhos da puta em todo o lado.

O leão mostra a sua raça





"Oeiras marcava o ritmo, hoje marca o passo"
"(...) infelizmente, a dr.ª Teresa Zambujo (...) não soube motivar a dinamizar aquela equipa que estava na Câmara."
"Desiludido ou traído?
Mais desiludido porque esperava mais dela, que pensasse mais pela cabeça dela. Verifico que há várias pessoas a influenciá-la, é uma espécie de "catavento", e um presidente da Câmara precisa de ser líder.(...)"
"Por vezes saía à uma ou duas da manhã para ver se os rebentos das novas árvores estavam, ou não, a rebentar e se tinham sido devidamente regados. Um presidente tem de ser capaz de sorrir, chorar ou sofrer com os seus munícipes."
"Devo sublinhar que quando me demiti do Governo - por não ter correctamente preenchida a minha declaração de património, e nada mais - poderia não ter renunciado ao cargo da câmara mas entendi faze-lo (sic) por uma questão ética."
Entrevista ao Jornal do Imobiliário, Agosto de 2004

22 agosto 2004

A indigência cultural

Como sabeis moro em Oeiras, um concelho que foi pioneiro na propaganda auto-glorificadora. Um munícipe de Oeiras acredita que vive num território marcado pela excelência, pelos níveis de desenvolvimento blá, blá, blá. Sabe que aqui vive gente com dinheiro, vê-se o mar. Considera-se muito melhor servido que um habitante de Odivelas (quem?), acha até que lá na Europa as coisas não devem ser muito diferentes e o Isaltino nunca precisou dos CDSs para vender este peixe a partir do Palácio do Marquês. Grosso modo o ranking anda ordenado assim: 1.º Lisboa (e depende das zonas), 2.º Cascais, 3.º Oeiras, a contar daquele lugar de nenhures onde gostamos de colocar o mundo em que os nossos filhos nunca viverão.
Esta conversa para dizer que em Oeiras há duas extensões da biblioteca pública camarária, em Oeiras e em Algés, com acervo e instalações acima do medíocre. E não há outras dignas desse nome. São pequenas. Têm poucos livros e poucas revistas. Quase não têm livros "em estrangeiro". Quase não têm produtos multimédia. Não têm locais de estudo isolados dos espaços de circulação e de consulta. Não têm acervos fortes em nada e são fracas em muita coisa. O concelho tem mais de 160 000 residentes e as bibliotecas com 100 pessoas estão cheias.
Ah Paris, que saudades de Paris.

Paul Auster

Enquanto não aparece por aí um espectro de novo tipo, pode sempre tirar-se alguns minutos para falar de "não importa o quê" aqui no Assedio. Desde que desagradavelmente me vi em férias sem as poder gozar como gostaria, redescobri os livros de Paul Auster. Há alguns anos já tinha lido A trilogia de Nova-Iorque na ressaca de uns filmes com o selo Auster em sessões nos cinemas onde o povo não vai. Lembro-me de três, Fumo, Fumo Azul (numa tradução idiota) e Lulu on the bridge (nas mãos dos tradutores que temos a coisa não andaria longe de Lulu na ponte...). Há dois meses, não sei porquê, decidi comprar Moon Palace (idiota tradução da Presença como Palácio da Lua) e depois The Book of Illusions. Apesar de ter gostado e de não seguir na leitura nenhuma ordem cronológica de produção, aconteceu que Paul Auster começou a repetir-se. Nos temas e nas soluções narrativas. Na Trilogia de NI tínhamos três histórias em tom de policial, com narrador e personagens perdidos no seu vazio existencial, a que a grande cidade emprestava uma côr negra e labiríntica. Em Moon Palace e The Book of Illusions as personagens voltam a perder-se na tentativa de definir sentidos para a vida, com os livros a explorarem sempre o tema do indivíduo autorecluso, em perda dos outros e do mundo. Em todos há personagens, normalmente as principais, mas também as secundárias, que a dada altura vagabundeiam sem sentido, num parque na cidade a alimentar-se de lixo, num apartamento convertido em gruta do leão ferido, em viagens cross-country pela América até ao fim de todas as estradas. Já como em Lulu on the bridge, há sempre a intervenção de algo inexplicável e inexplicado que salva Marco Fogg, David Zimmer ou Hector Mann do fim, normalmente o fascínio por uma mulher, com a qual mantêm uma relação de que saem "lavados". Ora isto define uma forma de construir as histórias algo linear, como se o Auster andasse sempre a sacar de trunfos para ganhar mais umas páginas de texto. Por outro lado estas coisas adequam-se bem ao "ar do tempo", à percepção comum das contingências da vida, toda a gente está disponível para se fascinar com o inexplicável, com o irracional, e para se confortar com os finais felizes sem justificação. O resto é bom e vê-se que aquilo leva ali muito trabalho. Em rápida consulta pela net, vê-se que as referências são sempre despoletadas pela reverência à qualidade da escrita do Auster, mas ninguém arrisca a crítica. Ou por outra, há textos laudatórios, glosadores e contextualizadores mas não há crítica, situação que me parece muito comum na imprensa que leio, e que se resume ao Cartaz do Expresso e ao Mil Folhas do Público.

19 agosto 2004

Acção de Formação

A formadora explicava o desenvolvimento de códigos de linguagem específicos em contextos particulares, trocando-se o sentido comummente aceite das palavras por outros, contra as normas da língua:

"- Por exemplo a seguir ao 25 de Abril,...vejo que não há aqui ninguém, ou quase ninguém, que já fosse nascido nessa altura..., havia pessoas que não estavam satisfeitas com as mudanças, pessoas que gostavam era...do 24 de Abril, do fascismo, enfim, eram fascistas! Ora, estas pessoas, que trabalhavam na função pública ou em empresas, que não estavam de acordo com a nova situação, eram pessoas que davam mau ambiente de trabalho, não queriam colaborar, então dizia-se que era necessário sa-ne-ar os locais de trabalho, os escritórios, as empresas, ou seja, no fundo era tirar de lá as pessoas e então dizia-se, er-ra-da-mente, que se estava a sanear essas pessoas. Ora elas não eram saneadas, porque isso não faz sentido, é um erro no uso da língua, o que era saneado era o local de trabalho. O secretário de estado de qualquer coisa era fascista, então dizia-se que ele tinha sido saneado, mas estava errado, o que se tinha era tirado a pessoa do cargo. Estão a ver?"

Depois ainda dizem que o 25 de Abril não valeu a pena...
...e vocês, o que é que acham?

17 agosto 2004

Cerveja II

E como o verão é uma boa altura para falar de caracóis (da terra e do mar) aqui destacamos mais um anúncio dos coleccionáveis para a história das ideias no primeiro quartel do séculoXXI em Portugal.

Da ficção à realidade

Ontem foi um dia importante.

O meu Curriculum Vitae sofreu mais uma actualização póstuma.

Aprendi a usar o Outlook Express.

O próximo é o PowerPoint do Office.

Um dia destes ainda me apanham numa entrevista de "emprego" a contar só verdades.


15 agosto 2004

Fátima no Ministério, já!

Fátima Bonifácio strikes again. Num artigo publicado hoje no Público, a senhora introduz-nos em alguns aspectos da sua vida enquanto vai desfiando um concentrado de ideias feitas do mais bacoco senso comum luso-pessimista, naquele registo apocalíptico de autoflagelamento colectivo que os intelectuais portugueses tão bem sabem encarnar quando falam para o povo. O problema é que "a Fátima" (é como eles se tratam lá no departamento) é professora universitária de História há 25 anos. Tem não sei quantos livros publicados sobre o nosso século XIX. Podia fazer alguma ideia das suas responsabilidades para lá da sala de aulas e dos arquivos (já que nas salas de aulas da licenciatura ninguém a vê há quase dez anos). Mas não faz. Aliás, isto lembra-me uns textos do Ricardo sobre alguns intelectuais da nossa praça (Filomena Mónica, Fernando Ruivo, Fátima Bonifácio), a estreiteza de vistas de quem se quer posicionar criticamente face a alguma coisa e é incapaz de ir mais longe que a sua mundividência de paróquia, acabando por se constituir a si próprio como medida de todas as coisas. Entre uma bica e um pastel de nata, o artigo diz isto: o ensino em portugal é uma merda e tem piorado, a culpa é "da escola", dos alunos que chegam analfabetos às universidades e das famílias que educam as crianças na preguiça mental. Como argumentação de apoio é referida a experiência de 25 anos de ensino na FCSH da Universidade Nova de Lisboa a alunos cada vez mais ignorantes. A conclusão é óbvia e transparente: não há dinheiro que resolva o problema.
Eu acho que tanta clarividência, tanto estudo das questões, tanta problematização, tanto esforço na busca de soluções só podem merecer um Ministério para Fátima.
Uma coisa é certa, minha querida: Setembro espera por ti nas paredes da faculdade onde não dás aulas há quase dez anos.




Cerveja

Descobrimos porque é que a sagres não tem sucesso em terras tripeiras. Vejam esta campanha dirigida à cidade

13 agosto 2004

regresso ao vale do Tejo

A Barbie afogou-se no Mar de Ons. Bem lhe disse para descalçar as mules dentro do barco,principalmente no meio da tempestade. Uma baixa pressão vinda da Irlanda fustigou-nos a costa da Galiza, restando-nos, para brincar, fugir das gaivotas e esturgir mexilhões. Magníficos estes sobreviventes da Maré Negra.
Descendo mais um pouco entrámos no Centro Português de Fotografia para ver, entre outras, a foto que o Deco linkou da exposição Futebol, língua universal . Das casas-de-banho da Cadeia da Relação de Souto Moura passámos para o Souto Moura da nova estação de metro da Trindade. A futura rede metropolitana vai fazer passar a invicta a mulher-da-vida. Completa será a maior rede de metro de superfície e aproximará toda a cidade e arredores. O Porto continua um estaleiro (não o serão irremediavelmente todas as cidades?) os andaimes na ponte D.Luís dão-lhe um ar mais intenso e radical. Esta ponte continua a desafiar todas as outras que foram surgindo, pela argúcia, escala, beleza. Não vimos a Casa da Música, recentemente desentaipada, porque precisava de descalçar os pés numa relva qualquer. Quando chegámos ao verde de um jardim apareceu-nos este moinho de pimenta gigante seguindo o seu rasto encontrámos o resto dos utensílios, de materiais vários, do cozinheiro Tony Cragg.
Interrompemos o passeio para vir a Lisboa beber uma sagres.

12 agosto 2004

11 agosto 2004

O futuro sem um canudo

Por entre respostas apressadas em surdina a mãe explicava-me uma vida exemplar. Trabalhara desde a adolescência (anacronismo imperdoável, a adolescência é uma invenção do 25 de Abril) como empregada doméstica, interna. Depois passara a doméstica externa, "trabalhar para senhoras", umas quatro ou cinco em 25 anos. Agora está desempregada, passou um ano a "trabalhar" num curso de hotelaria em Cascais, antes disso tinha a quarta classe. Está inscrita no centro de emprego mas não lhe arranjam nada no ramo. Aos 48 ("faltam dois meses, mas ponha") está velha. Mas mesmo que precise, neste momento não pode trabalhar. Tem uma filha de 24 e dois netos, uma boneca de três anos e um recém-chegado com 10 dias. A filha está desempregada, não acabou o 9.º ano e espreita-me agarrada à ombreira da porta do quarto. O outro filho, 13 anos, anda a estudar. Vai baixando a voz para me dizer que o marido a abandonou ao fim de 25 anos de vida comum. Como não há mais ninguém, tem que ser ela a tratar desta gente.
No próximo post a história do homem de 85 anos a trabalhar desde os sete como "ajudante de homens" no campo alentejano, que fez e viu nascer os paredões que aguentam a Av. Marginal, hoje jardineiro nas vivendas de Caxias.

08 agosto 2004

Tu é que tens razão

"E eu defendo-me um bocadinho do lixo informativo que nos submerge todos os dias. Faz parte da opressão submegir-nos em montes de estímulos absolutamente desnecessários que só têm como função distrair-nos do essencial, ocupar-nos o tempo, a atenção, tirar-nos autonomia crítica."

Visão, 22 Abril 2004


06 agosto 2004

It's too darn hot...



It's too darn hot,
It's too darn hot.
I'd like to sup with my baby tonight,
Fulfill the cup with my baby tonight.
I'd like to sup with my baby tonight,
Fulfill the cup with my baby tonight,
But I ain't up to my baby tonight,
'Cause it's too darn hot.
It's too darn hot,
It's too darn hot.
I'd like to coo with my baby tonight,
And pitch the woo with my baby tonight.
I'd like to coo with my baby tonight,
And pitch the woo with my baby tonight.
But sister you'll fight my baby tonight
'Cause it's too darn hot.
It's too darn hot,

According to the latest Report
Ev'ry average girl you know
Much prefers her lovely doggie to court
When the temperature is low,
But when the thermometer goes 'way up
And the weather is sizzling hot,
Mister Adam
For his madam.
Is not,
'Cause it's too, too
Too darn hot,
It's too darn hot,
It's too darn hot.
BOYS:
It's too darn hot,
It's too darn hot.
It's too darn hot.
Hot, hot, hot, hot...



04 agosto 2004

Boas férias!

As férias são como o futebol, há quem jogue

e há quem fique na bancada.

Nem de propósito, a primeira das imagens que acabei de linkar era uma das fotografias que a exposição da Relaçon mostrava, o que me levou a consultar o catálogo Magnum em linha e a perceber que as fotografias, com toda a informação necessária incluindo legendas, estão disponíveis no sítio da agência.

Ide até lá e inscrevei-vos, não vos arrependereis.


a todos umas boas férias


até já