Intolerável!
Nem sei que mais dizer do cancelamento do "Idomeneo" de Mozart na Ópera de Berlim!
Das outras, das várias censuras que enfrentou quando era vivo, conseguiu ir escapando... Ora iludindo, ora pondo em música o que não podia deixar em palavras... "As Bodas de Fígaro", por exemplo, está cheia de cenas desse género, em que as referências estão na orquestra e não nas vozes. Esta censura, agora, duzentos e cinquenta anos depois, é simplesmente cobarde.
O "Idomeneo" é uma das óperas mais conhecidas de Mozart, foi representada em todo o Mundo um sem número de vezes, e agora alguém se lembra que é ofensiva? Foi composta em 1781 e é agora que é ofensiva?
Obviamente não conhecemos os detalhes da encenação, mas o libretto mete a guerra entre Tróia e Creta e uma história de sacrifícios semelhante à de Abraão, mas em vez de S. Miguel e Deus, está Neptuno e outros deuses gregos.
Desde quando é que a Arte tem que andar a reboque das censuras, das opiniões dominantes, das ameaças? Se não fôr para pôr em causa o pensamento dominante, para nos pôr a pensar, para nos fazer reflectir precisamente naquilo que nos parece inquestionável, então a Arte não existe.
Porque isso, essa coisa que serve só para fazer passar o tempo sem questionar absolutamente nada, é mau entretenimento.
A coisa parecia ir bem quando começámos a construir teatros por cima dos palácios da Inquisição... Como é que chegamos aqui e damos por nós a olhar outra vez para um palácio que já lá não está e a agir como se estivesse?
Das outras, das várias censuras que enfrentou quando era vivo, conseguiu ir escapando... Ora iludindo, ora pondo em música o que não podia deixar em palavras... "As Bodas de Fígaro", por exemplo, está cheia de cenas desse género, em que as referências estão na orquestra e não nas vozes. Esta censura, agora, duzentos e cinquenta anos depois, é simplesmente cobarde.
O "Idomeneo" é uma das óperas mais conhecidas de Mozart, foi representada em todo o Mundo um sem número de vezes, e agora alguém se lembra que é ofensiva? Foi composta em 1781 e é agora que é ofensiva?
Obviamente não conhecemos os detalhes da encenação, mas o libretto mete a guerra entre Tróia e Creta e uma história de sacrifícios semelhante à de Abraão, mas em vez de S. Miguel e Deus, está Neptuno e outros deuses gregos.
Desde quando é que a Arte tem que andar a reboque das censuras, das opiniões dominantes, das ameaças? Se não fôr para pôr em causa o pensamento dominante, para nos pôr a pensar, para nos fazer reflectir precisamente naquilo que nos parece inquestionável, então a Arte não existe.
Porque isso, essa coisa que serve só para fazer passar o tempo sem questionar absolutamente nada, é mau entretenimento.
A coisa parecia ir bem quando começámos a construir teatros por cima dos palácios da Inquisição... Como é que chegamos aqui e damos por nós a olhar outra vez para um palácio que já lá não está e a agir como se estivesse?