23 fevereiro 2006

As palavras do Zeca

Estas palavras foram repetidas em vários blogs ao longo do dia, mas não é demais repeti-las.
Além disso, o meu contacto consciente com a música do Zeca Afonso começou só na adolescência, já depois da morte dele. Em pequena lembro-me de cantarolar o "Vejam Bem", sem saber o que queria dizer, sem lhe conhecer a importância. Eu sou da geração do PREC, "do nunca desmentido PREC, do assumido, sempre assumido PREC" (disse o Zeca, quando apresentava o Fausto no concerto do Coliseu). Por isso não tenho testemunhos de concertos. Só da lenta descoberta da sua música ao longo da adolescência, até se tornar uma referência essencial, provavelmente igual à de muita gente da minha geração. Daí a importância que também tem para mim a canção "Os filhos da madrugada".


Por estas razões, a homenagem que posso prestar-lhe é relembrar as suas palavras, copiadas da página da Associação José Afonso, e tentar pouco a pouco viver à altura dessa luta pela utopia:

"Não me arrependo de nada do que fiz. Mais: eu sou aquilo que fiz. Embora com reservas acreditava o suficiente no que estava a fazer, e isso é o que fica. Quando as pessoas param há como que um pacto implícito com o inimigo, tanto no campo político como no campo estético e cultural. E, por vezes, o inimigo somos nós próprios, a nossa própria consciência e os alibis de que nos servimos para justificar a modorra e o abandono dos campos de luta."


"Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão, seja a que nível for."

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