02 novembro 2006

Estatuto da Carreira Docente

Alberta Marques Fernandes pegou nos argumentos do( representante de 14 sindicatos) Mário Nogueira que arrancou à força de o contradizer e fez com eles o seu contraditório à Ministra da Educação. Apesar do espanto da jornalista do jornal2 perante as respostas no final elogiou a convicção da Ministra. Convicta parece de facto. Faltou perguntar se a exclusão de 2/3 dos professores dos três últimos escalões da carreira se devia entender à luz dos cortes orçamentais e da diminuição das despesas do Estado. Porque a convicção da Ministra não convence. Necessário introduzir nas escolas um modelo de gestão das organizações (onde muito menos do que 1/3 chega a chefe) que premeie a excelência e responsabilize os que ganham mais. Ou seja, diz a ministra, os professores em fim de carreira ganham o dobro dos que iniciam [grande coisa, deve ser isso que a carreira tem de aliciante] mas não fazem nem metade. Sim, é verdade que as turmas bicudas se atiram aos recém-chegados em muitas escolas. Mas parece-me perfeitamente razoável que um professor a dar aulas há 20 anos possa ver reduzido de alguma forma o seu tempo de desgaste, seja na componente lectiva seja na atribuição de cargos vários. E se é avaliar e obrigar a trabalhar que se pretende em que é que a desvalorização salarial proposta neste projecto de governo contribui?

1 comentário:

Helena Romão disse...

Em nada.

A questão, ou melhor, parte da questão, é que a profissão de professor é uma profissão de desgaste rápido. Basta comparar os números de depressões de professores com os de outras profissões.

Como isso não está previsto na lei, os próprios professores se organizaram empiricamente de modo a contemplar isso. É claro que quem está no topo da carreira tem menos horas de aulas.

Falta acrescentar que são muitas vezes esses professores que assumem as funções de coordenação de grupo e outras. Ou seja, já têm essa responsabilidade acrescida de que a ministra se acabou de lembrar como se tivesse inventado a pólvora.

O que me espanta é que se atirem os leões aos professores como se ganhassem alguma fortuna impossível. Mesmo em topo de carreira, o ordenado de professor não é milionário. Se disserem que ainda assim é muito acima do ordenado no privado, então o verdadeiro problema é que o ordenado no privado é miserável.
Há sim quem ganhe milionariamente, tanto na função pública como no privado, mas não são nem os professores nem os assalariados.


E agora uma pergunta de cariz económico: se os consumidores portugueses não têm dinheiro, como é que o governo espera que haja investidores a apostar num mercado sem meios de consumo?

Como é possível falar na competitividade só na óptica do investimento sem pensar que tem que haver quem consuma os produtos/serviços desse investimento?