"(...) Não tenho quaquer obrigação moral de observar as práticas de uma religião ancestral e muito menos de servir o pequeno Estado-nação militar, culturalmente frustante e politicamente agressivo, que solicita, em termos raciais, a minha solidariedade. Não me convém sequer a postura, muito mais em voga neste começo do novo século, que é a da "vítima", a do judeu que, valendo-se da força do exemplo da Shoah (e numa época única e sem precedentes de realizações mundiais, de sucesso e de aceitação generalizada no que se refere aos judeus), afirma perante a consciência mundial os direitos exclusivos que lhe assegura a perseguição sofrida. O bem e o mal, a justiça e a injustiça, não podem ser a bandeira de uma só raça ou de uma nação só. (...) E se fizermos a experiência mental de imaginar que o sonho de Herzl se tornou realidade e que todos os judeus acabaram por se integrar num pequeno Estado territorial independente, no qual foram excluídos dos plenos direitos de cidadania todos os que não eram filhos de mãe judia, veremos como essa perspectiva seria nefasta não só para a restante humanidade, mas também para o próprio povo judeu".
"Tempos interessantes-uma vida no século XX. As memórias políticas do maior historiador do nosso tempo"
Porto, Campo das Letras, 2005.
2 comentários:
Vês o que dão conversas sobre livros contigo?! Não achas que a minha lista de coisas a ler já era suficientemente longa, ainda tens que andar a fazer acrescentos?!
Vocês são muito giras, conversam no blog!O livro parece interessante a faler. Eu ando enfeitiçada por Flora Tristan que conheci pelo livro de Vargas Llosa "O Paraiso na outra esquina". Que mulher!
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