12 julho 2006

Revivalismos ou manifestações e polícia

Na moda como na justiça, os anos sessenta estão em voga. Infelizmente nem sequer é um fenómeno isolado, já em Outubro passado houve um outro protesto considerado ilegal, tendo alguns dos participantes sido acusados.

Porquê agora, porquê dois casos de seguida? Será que desde 1974 todas os protestos e manifestações foram sempre devida e completamente autorizados, com todos os trâmites? Será que nunca em nenhuma manifestação desde 1974 houve pequenos abusos como este da distância a guardar da residência do PM?
Com certeza não é o polícia de giro que decide repentinamente que embirra com manifestações. Se embirra agora, já embirrava antes, mas com birra ou sem ela, tinha ordens e tinha que executar a sua função. Quando intervém tem ordens para isso.
Quando se mantém à distância, também é por ordem superior para agir dentro do bom-senso, deixando funcionar o fenómeno de grupo e multidão, desde que não haja perigo ou grave desrespeito para ninguém.


Consoante as mudanças de governo, vamos assistindo a diferentes atitudes da polícia nas manifestações. Mudam os polícias, os agentes da força policial? Haverá alguns que se reformam e outros que iniciam carreira, mas no essencial, não. São as mesmas pessoas. As ordens e as directivas da filosofia a seguir é que mudam. Assim, durante os governos Guterres tivemos muitos motivos para nos manifestarmos, mas não tivemos acontecimentos como o da Ponte 25 de Abril em que um manifestante foi gravemente atingido pela polícia. Era PM o Cavaco.
Houve muitas manifestações e protestos contra os governos Guterres, mas não houve a mesma quantidade de episódios tristes de bastonadas, gás, violência policial e prisões como nas manifestações contra os governos Cavaco (as manifestações estudantis, as dos vidreiros da Marinha Grande, etc.), ou mais recentemente em França contra o CPE de Villepin e Chirac.

Serão só coincidências, ou há mesmo uma relação directa entre os governos, os respectivos ministros da Administração Interna, e os princípios por que se regem as polícias nas manifestações?


Seja como fôr, longe, cada vez mais longe, vai o princípio básico de que numa manifestação a polícia serve antes de mais para proteger os manifestantes.

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