06 outubro 2004

RANCOR

O Carvalhas vai-se embora. Talvez seja fácil para alguns encolher os ombros e dizer: quero lá saber. Mas eu não consigo.
Agora o PCP está pacificado, agora toda a gente pensa da mesma maneira. E quem não deixou de pensar decidiu abdicar definitivamente da cabeça em favor da carteira, da carreira ou do “Partido”. Agora o PCP entrou em ritmo de cruzeiro, perde umas dezenas (por vezes centenas) de milhar de votos em todas as eleições. Agora toda a gente lá dentro acha isto normal. E até acha bem.
O Carvalhas vai-se embora e nem na hora da saída consegue um mínimo de dignidade. De boca fechada até ao fim. Ficou para impedir uma cisão, e com isso só conseguiu salamizar o PCP e apressar a reforma política de centenas de comunistas (minha incluída). Se calhar ainda se vai chegar à conclusão que o homem se sacrificou pelo “Partido”, quando já não houver "Partido".
Por que é que isto tem alguma coisa a ver comigo?
A verdade a que sou obrigado traz-me uma palavra: rancor. Rancor por ter sido tratado como um bufo, como um pau-mandado, como um filho-da-puta. Rancor por ter sido acusado de incompetência. Rancor por nunca ter tido possibilidade de me defender. Finalmente, rancor pelo desprezo. Por ter perdido anos de trabalho e de vida em qualquer coisa de que fui afastado sem solução de continuidade, e sem uma palavra de...ia dizer apoio, sem me dar conta do ridículo.
O “Partido” limpou o rabinho no Carvalhas. Deve ter ficado em boa companhia.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas essa historia soa-me a algo familiar..
E o futuro, camarada? Infelizmente não me revejo no instalado nem na alternativa… Como diria alguém, sinto-me “órfão partidário”

www.manmachine.pt.vu

Anónimo disse...

Ò camaradas, desistem?
Eu não.
Sou comunista, não conseguiram fazer-me calar.
E cá estou, à espera, à espera.... Eles não vão durar para sempre.