02 outubro 2004

Derivação



Trabalhar é um convite à brutificação, à coisificação do eu. Não é análise marxista ou situacionista, é vida de todos os dias. Depois, as ideologias hegemónicas e contra-hegemónicas dominantes justificam, explicam a necessidade do nosso trabalho para sermos viáveis como indivíduos, como corpo social e como entidade colectiva. Há até quem queira fundar a emancipação, a liberdade do homem, no trabalho.
Hoje trabalha-se mais do que alguma vez se trabalhou, excepto talvez no auge da primeira revolução industrial.
Uma das ilusões colectivas poderosas que nos guiam, ferrete do imaginário moderno, é a convicção de que uma conjunção de mérito, expectativas e sorte pode resultar numa redentora inclusão cósmica pelo trabalho.

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