03 outubro 2004

Leviathan

Sempre fui leitor com amores literários passageiros, mas fortes. Com a idade foi sendo mais difícil manter a fidelidade aos autores. Mia Couto, por exemplo, já pertence à pré-história das minhas afinidades. Mas foi uma relação para alguns anos, entre as Vozes Anoitecidas e os Contos do Nascer da Terra. Depois o Mia parou naquela fórmula criativa, os livros começaram a repetir-se naquilo que os fazia mais singulares, uma aliança sábia de instrumentos para reimaginar a realidade, entre as fontes orais impregnadas dos mitos moçambicanos e o linguajar quotidiano do povo. Ou então talvez tenha sido eu a ir perdendo algumas referências que a nostalgia de África ainda fazia habitar cá dentro. Nos anos mais chegados tem sido mais complicado esgotar os autores antes dos autores me esgotarem a mim. Vamos ver se ainda vou a tempo do Leviathan.

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