12 março 2006

A primeira mulher

Esta é a nova música do cantinho - "Lilith". Era para a ter posto no dia 8, mas o file lodge tem andado limitado.

Descobri a música do Pedro Guerra há cerca de um ano, e logo por este disco "Hijas de Eva". Todas as canções são sobre mulheres, sobretudo sobre as discriminações e maus tratos sobre elas. E são simultaneamente incríveis canções de amor pelas mulheres, de admiração pela força com que vivem, apesar deste mundo que discrimina a maioria das pessoas (sim, as mulheres não são uma minoria).
Esta é a última canção do disco e vem acompanhada do seguinte texto, extraído de uma conferência da Dra. Laura Borrás Castanyer:
"Muy poca gente conoce la historia de Lilith. Una historia que pese a ser oscura, hermética y opaca por la perversión y peligrosidad de su leyenda, nos explica que Lilith fue la primera mujer y no Eva.
Lilith fue la primera mujer de Adán que, habiendo sido creada como su igual, surgida del polvo, no quiso someterse a su voluntad y se separó de él."


08 março 2006

Número de azar 17

Diz-se que Einstein, já sem paciência depois de tentar explicar em vão a Teoria da Relatividade a um aluno que insistia em não compreender, lhe terá dito:

"Wenn man mit einem netten Mädchen zwei Stunden zusammen ist, hat man das Gefühl, es seien zwei Minuten.
Wenn man zwei Minuten auf einem heißen Ofen sitzt, hat man das Gefühl, es seien zwei Stunden.
Das ist Relativität."


Tradução (muito livre) para português:

Quando se passa uma hora a ouvir um bom debate político, tem-se a sensação de ter passado um minuto.
Quando se passam cinco anos com o Silva do Poço como 17º PR em Belém, tem-se a sensação de terem passado cinco décadas.
Isto é a relatividade.

E este vai ser um longo meio século!



Nota: já agora, por curiosidade, aqui vai a verdadeira tradução do texto.
"Quando se passam duas horas com uma rapariga simpática, tem-se a sensação de terem passado dois minutos.
Quando se está sentado dois minutos num fogão quente, tem-se a sensação de terem passado duas horas.
Isto é a relatividade."

Centenário de Agostinho da Silva

Hoje, em vez de um livro e porque tem pairado o espírito das efemérides, um autor.
Agostinho da Silva


A obra, para além do que disse e fez:
Sentido histórico das civilizações clássicas, 1929; A religião grega, 1930; Glosas, 1934; Sete cartas a um jovem filósofo, 1945; Diário de Alcestes, 1945; Moisés e outras páginas bíblicas, 1945; Reflexão, 1957; Um Fernando Pessoa, 1959; As aproximações, 1960; Educação de Portugal, 1989; Do Agostinho em torno do Pessoa; Dispersos, 1988

Caros Amigos
Vocês nem imaginam como me tem preocupado essa série de incidentes com imigrantes brasileiros. Como base fundamental há o meu sentimento de que sou multinacional, isto é, por ordem alfabética, brasileiro, com minha capital em Itatiaia, mesmo no cimo de seu pico de montanha, e subindo de preferência pelo túnel, lugar bravio e apaixonante, onde comecei a aprender alguma filosofia com o grande mestre que foi, pelo que sabia e pelo que era como pessoa, o grande mestre Vicente Ferreira da Silva.
Por minha mãe, que lá ficou, e por família, e por Amigos que família me são, moçambicano, sendo a capital que lhe sonho, como centro pensador de todo o Índico e de vária África interior, a extraordinária Ilha de Moçambique, moradia de poetas que só tem rival na ponta leste de Timor, e eu sempre com lembrança de sua aldeia indígena e dos monumentos e dos contactos com muçulmanos.
Por fim, solidamente de Portugal, o do Pôrto, onde nasci, modêlo de municípios, mas com avós pescadores algarvios e soldados alentejanos, sendo nele minha capital a velha Barca de Alva, a Alva que ainda está por surgir, e que me educou, fui para ela bem pequeno, a ser de aldeia do interior, pão uma vez por semana, e me ensinou a ler com perna atada à mesa para não fugir a ver lagarto e cobra, muito mais interessante que o livro da terrível obrigação. De lá, saudades de montes escalvados e do Pereira ferroviário, do tempo em que o comboio nos levava a Salamanca ou nos trazia espanhois que vinham à festa do "hornazo".
Nítida recordação da cheia do Douro de 1910, que deu como nome de baptismo a uma Amiga minha o de Crescença de Deus que acha ser o único a poder bater-se com o de outra Amiga minha, a Generosa do Céu; e com a imagem de Junqueiro, de sobretudo mal alinhado, à espera na estação do início de uma das suas viagens de coleccionador antiquário, quem sabe se mais profundo que poeta e republicano.
Quando Portugal manda embora um brasileiro está expulsando a si próprio, aquele que embarcou para o Brasil e levou, no navio de Cabral, uma Trindade Portuguesa, levando consigo o Culto do Divino, que se projecta para o futuro, criando o primeiro modêlo do que vai ser um mundo de tôdas as raças e tôdas as culturas, para que um dia rompa uma cultura verdadeiramente humana. E com firme vontade de realizar através de tôdas as dificuldades aquilo que projectou.
Mas a verdade é que Portugal, está, às vezes de mau humor, porque a lei é estrangeira e violenta, a cumprir os deveres que tomou, quando voluntariamente, talvez por solidariedade, talvez por gosto de convivência, ingressou numa Europa Comunitária que, ao que parece, ainda se julga dona daquilo a que chamou Terceiro Mundo. É contra isto que o Brasil deve revoltar-se, não contra quem respeita a Lei. Adiante se irá. E pode ser que um dia seja Brasil, com Portugal, guia do mundo, guia do sonho.
1993
Consulta da programação das comemorações do centenário do nascimento na Associação Agostinho da Silva

Bom, e agora... o CIRCO (n+2)!

Desculpem lá trazer para aqui este personagem, mas tinha que vos mostrar este video. Um programa de um certo jornalista do Independente, na fase em que se mascarava de jornalista operário, com mangas de camisa arregaçadas e geneticamente contra o poder.
E nada como uma boa galhofa a estas horas da noite...







E assim ficámos a saber que o Paulo Portas esteve quase a passar para a oposição ao seu próprio governo (só não sei que oposição o aceitaria...), e que antes mesmo de ser convidado para ministro já tinha deixado de ser amigo de Durão Barroso e depois de Santana Lopes, e ainda que o não seduzível se deixou seduzir por estes dois (já não) amigos.
Também se percebe aquele ar admirado na tomada de posse: é que isso de ministro do mar é uma coisa muito vaga...

Este video foi "fanado" ao Miguel.

07 março 2006

Hoje foi assim em Paris

Chovia. Não muito, o suficiente para ir molhando. Mas a mobilização não cedeu, nem podia. Há um mês, de Villepin dizia que estava à escuta dos que não se manifestavam. A ver pela mobilização de hoje, esse grupo deve ser constutído por ele, os (pseudo) amigos Sarko e Chirac e a presidente do MEDEF (associação do patronato). Não entendo como raio uma corja de cobardes continua a governar sozinha!

Sim, digo bem cobardes, porque apontaram a aprovação desta lei chamada de "Igualdade de Oportunidades" (que cínicos, credo!) para as férias escolares de inverno. Por isso a organização da luta foi dispersa e levou um mês a conseguir mobilizar-se.

Mas consoante as férias iam acabando nas diversas regiões, as universidades foram sendo fechadas, as AG sucederam-se.



Hoje, houve manifestações em toda a França, pelo que para a manifestação de Paris vieram as pessoas apenas da zona metropolitana de Paris. A polícia, claro, diz que estiveram em Paris 46000 pessoas. Devem ter-se enganado na frase. Sobraram no resto da cidade 46000 pessoas! Isso já eu acreditaria... É que a manifestação encheu a Place de la République no início, e ainda várias ruas laterais, porque não cabiam todos na praça. Em Nation levou horas a chegar. Eu não sei bem contar quantas pessoas são precisas para um desfile gigantesco e compacto, mas seriam de certeza algumas centenas de milhar.



As palavras mais ouvidas foram "Résistance" e "Démission". E ouvi alguns organizadores a propor fechar mais universidades, juntando-se aos protestos já em curso.



Outra coisa que reparei é que estavam lá todos: filhos, netos, pais e avós; alunos e professores. O CPE (Contrat Première Embauche) é só para jovens até aos 26 anos, mas toda a sociedade se mobiliza, num dia de frio e chuva, em solidariedade, e porque a vida dos filhos lhes diz também respeito, e mais, porque sabem que a precarização começa pelos mais frágeis, mas estende-se a todos logo a seguir.

O CPE

Às vezes dizem-me que sou tendenciosa. Desta vez, fui buscar não um texto de opinião, mas as perguntas/ respostas do próprio primeiro-ministro. Não podem é pedir-me que desligue o cérebro enquanto leio...

Primeiro, há a questão do formato. O texto da lei propriamente dita não está disponível. O que o sr. de Villepin oferece aos jovens (racaille em francês do governo - jeunes para os outros 60 milhões), é um conjunto de perguntas/ respostas bem mastigadinhas, que a canalha não percebe coisas complicadas.


Agora o texto:

CPE quer dizer Contrat Première Embauche - contrato de primeiro emprego. Destina-se a jovens de menos de 26 anos, tem um período de experiência de 2 anos durante os quais o despedimento é livre, não exclui o estágio. As empresas têm que ter mais de 20 empregados.


"1. Le CPE implique une baisse des salaires moyens pour les jeunes comme le faisait le CIP en 1994.

FAUX - Le CPE comporte une garantie de rémunération et en aucun cas, les rémunérations ne pourront être inférieures au régime commun des salariés. Le CPE n’est en aucun cas un nouveau CIP, ces deux contrats étant totalement différents l’un de l’autre. Ainsi, le CPE ne comporte aucune forme de salaire plafond."
Ok, não podem ganhar menos que o salário mínimo... Só não percebo: isto é algum motivo de contentamento? Agora temos que ficar felizes e deitar foguetes só por não nos descerem os salários?

"2. Avec le Contrat Première Embauche, on est payé qu’au SMIC.

FAUX - Le salaire versé avec le Contrat Première Embauche ne comporte aucun plafond. Comme dans tout contrat de travail, il est fixé par négociation entre le salarié et l’employeur. Il faut également savoir que l’employeur est tenu de respecter, en fonction du niveau de poste occupé par le jeune, au minimum le salaire prévu par la convention collective dont l’entreprise dépend."
O SMIC é o salário mínimo nacional. Esta questão é falsa. Em quantos primeiros empregos é que se ganha muito acima do salário mínimo?
Eu digo: em França, nem um professor universitário doutorado começa acima do SMIC.

"3. Le Contrat Première Embauche n’apporte aucun avantage au salarié par rapport à un contrat classique.

FAUX - Le droit individuel à la formation sera ouvert dès la fin du 1er mois (dans les contrats à durée indéterminée, le droit individuel à la formation ne s’ouvre qu’au bout d’un an, il n’existe pas pour les CDD)."
CDD - contratos a termo
Isto é o rebuçadinho que eles achavam que ía calar o bico ao pessoal: o direito à formação. Com tanta vantagem devem achar que ainda merecem "vivas"...

"4. Le Contrat Première Embauche est un Contrat à durée indéterminée.

VRAI - Tout comme le Contrat Nouvelle Embauche, le Contrat Première Embauche est un CDI."
O CNE é a versão CPE para empresas com menos de 20 empregados e os contratados são adultos desempregados. De resto, as condições são as mesmas.
E sim, torna-se um contrato sem termo depois da sobrevivência aos dois anos à experiência e se a empresa, ao fim desse tempo, decidir ficar com o trabalhador.

"5. Entre 18 et 25 ans, on a droit qu’au Contrat Première Embauche.

FAUX - Le Contrat Première Embauche n’a aucun caractère obligatoire ou automatique. Ainsi, parallèlement au CPE, le CDI classique et le CDD existeront toujours."
Viva, viva, viva! Afinal os outros contratos não são abolidos!
É preciso ter lata!

6. Le Contrat Première Embauche ne tient pas compte d’éventuels antécédents du salarié signataire dans l’entreprise.

FAUX - Le Contrat Première Embauche comporte une période de consolidation de l’emploi de 2 ans maximum. Or, les stages, les CDD, les missions d’intérim et les contrats en alternance effectués dans l’entreprise seront décomptés de cette période de consolidation. Ainsi, un jeune qui aurait déjà fait 6 mois stage et 6 mois de CDD dans l’entreprise n’aurait plus que 12 mois de période de consolidation.
Na mesma empresa, mas se no fim do estágio mudar de empresa, começa tudo do princípio.

"7. Les femmes enceintes se retrouvent directement menacées par le Contrat Première Embauche car il pourrait permettre à leur employeur de les licencier sans motifs durant la période d’essai.

FAUX - On ne peut pas licencier une femme enceinte pendant la période de consolidation, au même titre que dans le cas d’un CDI classique. La période de consolidation ne permet pas de jouer avec les règles de base et de mettre fin au contrat en utilisant quelque type de discrimination que ce soit."

Mas se o despedimento não precisa de justa causa, se qualquer argumento é bom, porque raio haveria um patrão de invocar precisamente a gravidez ou a côr da pele?

"8. Le Contrat Première Embauche, c’est avant tout davantage de précarité dans le domaine de l’emploi.

FAUX - Le Contrat Première Embauche prévoit des garanties spécifiques telle la protection renforcée en cas de licenciement. En effet, en cas de rupture du CPE après 4 mois, une allocation forfaitaire spécifique de 490 euros par mois, financée par l’État, sera versée pendant 2 mois au jeune lorsque celui-ci ne peut pas prétendre à l’assurance chômage.
9. La notion d’ancienneté est prise en compte par le Contrat Première Embauche en cas de rupture du contrat.

VRAI - Si le Contrat Première Embauche adapte la procédure de licenciement pendant les 2 premières années, le préavis est obligatoire et augmente avec l’ancienneté, et ce, dès la fin du premier mois."

Uau! Que magnânimes! Até mantém uma indemnização em caso de despedimento. Será que esta gentalha acha que qualquer coisa ligeiramente acima da pura escravatura os torna santos?
Mais, quem paga a indemnização não é a empresa que usou o trabalhador, é o Estado!

"10. Avec le Contrat Première Embauche, on n’a pas accès aux crédits bancaires.

FAUX - La Fédération française des banques s’engage à traiter le Contrat Première Embauche - et le Contrat Nouvelle Embauche - comme le CDI pour accorder un prêt à la consommation ou au logement."
Os banqueiros estão empenhados. Pudera! Isto do "vamos empenhar-nos" cheira-me a grandes reuniões "para decidir tudo" em hotéis de primeira tudo regado com muito champagne. Mas é ao balcão dos bancos que vamos a ver o empenho. Sem nada de concreto escrito, sem compromissos sérios, acredita quem quer. Também as desculpas para não atribuir um crédito bancário são variadíssimas, é escusado invocar que o candidato tem um CPE ou um CNE.

"11. Avec le Contrat Première Embauche, l’accès au logement est facilité.

VRAI - Afin de faciliter l’accès au logement, les possibilités offertes par Locapass seront systématiquement proposées aux titulaires de Contrat Première Embauche lors de la signature du contrat. Ce dispositif donne droit à une avance de caution remboursable sans intérêt sur 3 ans et à une prise en charge par Locapass des loyers impayés pour une durée maximale de 18 mois."
O Locapass é um sistema que oferece uma de duas possibilidades: (1) um empréstimo a 36 meses para a garantia que o proprietário exige, ou (2) a responsabilização do Estado como garante em caso de não pagamento da renda. Pois é, só que um contrato de arrendamento exige ambas. Além disso, o Locapass destina-se apenas a menores de 30 anos. E os que estão com um CNE, que não tem limite de idade?

Adicionalmente, há a saber que a mesma empresa pode contratar nestes moldes o mesmo empregado para o mesmo posto, desde que espere 3 meses.


O Paraíso na Terra para os Belmiros franceses, e para as estatísticas do desemprego, portanto. Franceses? E nós não conhecemos já a obsessão dos nossos sucessivos governos com as modas vindas de fora?

3 novas ligações

Aqui na barra lateral já estão mais 3 blogues de amigos.
O Camandro do Farpas e o Troll da Isabel, que nos ajudaram a pôr as musiquinhas aqui no Assédio.
E o da Ana Rita, uma matemática que está em Cambridge, Massachussets.

03 março 2006

A musiquinha ali do canto

Andei a tentar encontrar uma das faixas do disco de hoje, mas foi impossível. Por isso, cá vai a mesma Cathy Berberian, mas numa outra ária:

Song of Sexual Slavery é uma adaptação para inglês de uma ária da "Dreigroschenoper" (Die Ballade von der sexuellen Hörigkeit). O texto é de Bertolt Brecht, a música de Kurt Weill, e esta versão é de Luciano Berio, marido da cantora.

Cathy Berberian

À la Recherche de la Musique Perdue
Cathy Berberian e Bruno Canino




Este disco é a gravação de um concerto de Cathy Berberian com o pianista Bruno Canino na Rádio Nacional de Espanha, em 25 de fevereiro de 1974.
O reportório escolhido é irónico e muito divertido. Há canções populares, adaptações para canto/piano de grandes obras da música clássica(a quinta sinfonia de Beethoven, por exemplo), árias diversas, canções de musicais... e até o dueto dos gatos de Rossini, que, à falta de outro cantor, é feito com o próprio pianista! Além disso, ela consegue fazer uma das coisas mais difíceis para uma cantora: uma imitação de uma outra cantora que ela tinha ouvido num concerto e que não acerta uma única nota.
Para cada uma das obras ela faz uma apresentação cheia de ironia, o público ri constantemente.

É o que acontece quando se juntam dois dos melhores músicos de sempre!

01 março 2006

Paris em guerra

O Sangue dos Outros
Simone de Beauvoir

Já li este livro há alguns anos e, como costuma acontecer-me, esqueço-me da história em si, ficam as memórias (boas ou más), alguns episódios, os ambientes e os conhecimentos que me trouxe.
Lembro-me que é uma história de amor e desespero difícil de deixar a meio, e lembro-me do embarque na Place de la Contrescarpe, ali onde também morou o Hemingway. É uma praça pequena, com um movimento e ambiente de bairro, e dos poucos sítios em Paris onde ainda subsistem edifícios anteriores a Haussmann.

É nesta praça que se passa a cena mais comovente deste livro, descrita de modo tão realista, que se torna claro que a autora assistiu a estes embarques várias vezes: o de crianças judias das escolas do bairro em obscuras camionetas, que tomariam o caminho da estação de Austerlitz.
Se para nós Austerlitz quer dizer chegada, saída da miséria para tentar a sorte num bidonville dos arredores de Paris, para os franceses significa a partida de comboios de gado carregados de gente a caminho da Polónia para morrer, e para onde iam também as crianças embarcadas na camioneta. Em qualquer dos casos, Austerlitz quer sempre dizer desespero, fome, miséria e a vida deixada para trás.