Na última Greve Geral a psp decidiu intervir de forma violenta sobre parte da manifestação, quando esta passava no Chiado. Na altura, quando ficou claro que foi uma carga premeditada (o local onde se posicionaram, as cacetadas arbitrárias para o meio da manif abrindo várias cabeças e regressando à sua posição no cordão de escudos, e depois a carga arbitrária e desproporcionada que varreu toda a manifestação da esquina da benard ao Largo do Camões) gerou-se um movimento a exigir a demissão do ministro Miguel Macedo. Jornalistas juntaram-se ao coro dos protestos, em parte motivados pela violência a que haviam sido sujeitos dois dos seus. Mais filmes surgiram a provar que havia elementos da psp "infiltrados" que faziam cá em baixo junto dos manifestantes, o papel de elementos provocadores das forças policiais. Os mesmos provocadores foram vistos mais tarde a deter pessoas isoladas já longe da manifestação.
Depois de tudo provado nem Miguel Macedo se demite, nem nenhum comando da psp é responsabilizado, apenas um polícia sofre um processo disciplinar, aquele que é fotografado (para o mundo inteiro) a carregar numa jornalista acabada de cair no chão.
Na Greve Geral de ontem a praça em frente ao parlamento foi varrida pela psp pelas 18h30 da tarde. Milhares de manifestantes foram obrigados a desmobilizar, sendo perseguidos de forma bruta, cega e covarde por todas as ruas das imediações da assembleia da república. Esta "operação de limpeza" continuou pela noite dentro tendo as forças policiais ido prender cerca de 20 jovens à estação de comboios do Cais so Sodré. A psp delimitou um perímetro de segurança para a sua operação especial pedindo identificação a todas as pessoas e viaturas que se deslocassem na área (de S.Bento aos Cais do Sodré pelo menos).
Não sei quantos feridos e detidos resultaram da "operação" do dia de ontem, sei o que vi com olhos de horror e incredulidade, mas julgo que é possível retirar desde já a conclusão de que a agressão na última greve geral -22 de Março- foi um ensaio para o uso da violência como programa político sobre os trabalhadores portugueses. Entre a Greve Geral de 22 de Março e a Greve Geral de ontem, 14 de Novembro, já se realizaram várias manifestações nas imediações da AR, no largo de S.Bento. Algumas delas (15 de Setembro, 15 de Outubro) como pudemos ver pelas televisões, com grupos de pessoas a atirar pedras de forma consecutiva contra os cordões policiais. Em nenhuma delas a polícia reagiu como ontem e como reagiu na última Greve Geral, donde se pode concluir que esta foi uma decisão política, tomada pelo governo tendo em conta estes dois dias especiais. Esta decisão não pode ser desligada da iniciativa da Greve Geral que mobilizou parte dos trabalhadores contra todas as medidas do governo desde a sua eleição. À pobreza forçada pelas suas decisões o governo junta o bastão, a medo, experimentando e apostando tudo em como pode, inspirando-se nos exemplos que vêm do país vizinho e insuflados da convicção de que tomaram conta de tudo e nada já os detém. A este respeito ver as declarações do presidente da república, tão parco a comentar as opções do governo que afectam a vida de todos os portugueses e hoje tão generoso em vir fazer declaraçoes a elogiar a intervenção das forças policiais. Ver também as declarações do observatório da Segurança que,a julgar por isto :"Filipe Duarte salvaguarda que
ao contrário de países como a Grécia, Espanha ou Itália, «em Portugal
não dá para perceber» se estas ações de protesto «são ou não
estruturadas, planeadas, organizadas, e com estratégias bem definidas», dá para perceber que, para além de cumprirem ordens que violam a legalidade, a segurança, igualdade e integridade dos cidadãos, e de emitirem propaganda, esta polícia e este observatório não fazem muito mais.
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