27 novembro 2012

Centro Hospitalar de Lisboa Central

"(...) A recente saída de mais de 60 enfermeiros implicou a eliminação de mais de 25 camas e o encerramento simultâneo de várias salas dos blocos operatórios.

A enfermaria destinada ao tratamento do pé diabético foi encerrada com o argumento verbal de que são doentes com internamentos muito prolongados e muito dispendiosos.
Quando os profissionais de saúde têm questionado o que fazer a estes doentes, as instruções, sempre verbais, são para enviar para outros hospitais.
Do ponto de vista desta lógica fundamentalista de mercado, a que obedecem as administrações hospitalares nomeadas por critérios político-partidários, não importam quaisquer resultados humanos e sociais: quantas amputações foram evitadas, quantos doentes beneficiaram desses tratamentos e quantos beneficiaram da reintegração social e da reabilitação laboral.
A eliminação sucessiva de camas de internamento tem agravado toda a situação com múltiplos doentes sem vagas nos serviços e que se mantêm vários dias no serviço de urgência.
As listas de espera das cirurgias vão aumentando a um ritmo preocupante.
A nível dos blocos operatórios a escassez de material coloca situações angustiantes a muitos profissionais.
Entretanto, o que assume dimensões escandalosas é que este centro hospitalar terá gasto mais de 2 milhões de euros para pagar cirurgias a entidades privadas, segundo os insistentes rumores que proliferam em todos os corredores deste centro.
Os cirurgiões do centro hospitalar não podem operar, e os doentes são encaminhados para entidades privadas.
As próprias unidades de cuidados intensivos não escapam a esta ofensiva, com diversas alterações dos quadros de profissionais afetados a esta área, criando uma preocupante situação em que o mesmo número de médicos que assumia o funcionamento de uma dessas unidades passa agora a ser responsável por 3 unidades de cuidados intensivos em simultâneo, tendo ainda de se deslocar entre 2 hospitais durante cada período de trabalho (...)

É fundamental que os cidadãos saibam o que se está a passar nas unidades de saúde e que exijam medidas de inequívoca responsabilização dos autores diretos e indiretos por estas medidas de liquidação do direito constitucional à saúde.

Lisboa, 26/11/2012
 Sindicato dos Médicos da Zona Sul 



 

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