A enfermaria destinada ao
tratamento do pé diabético foi encerrada com o argumento verbal de que são
doentes com internamentos muito prolongados e muito dispendiosos.
Quando os profissionais de saúde
têm questionado o que fazer a estes doentes, as instruções, sempre verbais, são
para enviar para outros hospitais.
Do ponto de vista desta lógica
fundamentalista de mercado, a que obedecem as administrações hospitalares
nomeadas por critérios político-partidários, não importam quaisquer resultados
humanos e sociais: quantas amputações foram evitadas, quantos doentes
beneficiaram desses tratamentos e quantos beneficiaram da reintegração social e
da reabilitação laboral.
A eliminação sucessiva de camas de
internamento tem agravado toda a situação com múltiplos doentes sem vagas nos
serviços e que se mantêm vários dias no serviço de urgência.
As listas de espera das cirurgias
vão aumentando a um ritmo preocupante.
A nível dos blocos operatórios a
escassez de material coloca situações angustiantes a muitos profissionais.
Entretanto, o que assume dimensões
escandalosas é que este centro hospitalar terá gasto mais de 2 milhões de euros
para pagar cirurgias a entidades privadas, segundo os insistentes rumores que
proliferam em todos os corredores deste centro.
Os cirurgiões do centro hospitalar
não podem operar, e os doentes são encaminhados para entidades privadas.
As próprias unidades de cuidados
intensivos não escapam a esta ofensiva, com diversas alterações dos quadros de
profissionais afetados a esta área, criando uma preocupante situação em que o
mesmo número de médicos que assumia o funcionamento de uma dessas unidades
passa agora a ser responsável por 3 unidades de cuidados intensivos em
simultâneo, tendo ainda de se deslocar entre 2 hospitais durante cada período
de trabalho (...)
É fundamental que os cidadãos
saibam o que se está a passar nas unidades de saúde e que exijam medidas de
inequívoca responsabilização dos autores diretos e indiretos por estas medidas
de liquidação do direito constitucional à saúde.
Lisboa, 26/11/2012
Sindicato dos Médicos da Zona Sul
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