26 agosto 2009

12º ano

Demasiado tempo passou entre a passagem da escolaridade mínima do 9º ano para o 12º. Mas passou muito pouco desde os quatro anos iniciais obrigatórios até agora. Passou o tempo de um país diferente (pese embora as semelhanças crescentes com o passado ditatorial, assinaladas de forma brilhante aqui). Em termos históricos o país escolarizou-se de forma muito rápida e massiva, a quantidade levou a primazia sobre outros aspectos. No entanto, é de estranhar que em mais de vinte anos de participação na União Europeia se tenha deixado o alargamento da escolaridade obrigatória para o fim do processo de integração e coesão (os pacotes, os quadros de apoio). Depois de cimentar o país, de abrir-lhe as fronteiras, de desmantelar parte da agricultura e pescas, depois de deixar de haver gente a chegar às universidades, então resolve-se alargar o período de escolarização. Os números do abandono escolar e do insucesso são tão significativos que esta medida em quase nada atinge esse universo a não ser de forma negativa. Um aluno que não queira fazer nada na escola, por exemplo, tem agora oportunidade de estar lá mais uns anos sem nada fazer (a escola a funcionar como um tampão social, menos um para engrossar as fileiras do desemprego). De qualquer forma isto não tem peso se comparado com o benefício social a que corresponde um maior período de escolarização formal. Quanto mais tempo durar este período maior tempo e possibilidade terá alguém de continuar a escolarizar-se e aprender pela vida fora (de forma livre e não formal).

Não esquecerei nunca uma familiar da minha geração que, findo o 6º ano feito com as melhores notas, ao contrário de mim gostava da escola, o pai obrigou a vir para casa ajudar ao trabalho da família. Não estudou mais. Um par de anos depois alargava-se a escolaridade para o 9ºano.

6 comentários:

Helena Romão disse...

Às vezes, com intervenção séria dos professores, quando estes se interessam mesmo... conheço casos em que os pais acabaram por mudar de ideias.
Claro que todas as famílias são diferentes e todas as circunstâncias são únicas. Mas por vezes é preciso um punhado de professores que se interesse pelo futuro dos alunos e não apenas pelo toque de saída. E eles andam aí!

J. disse...

ai Helena, agora ouvi murmurar a Maria de Lurdes que há em ti. Os professores não têm de ser psicólogos ou assistentes sociais ou vigilantes prisionais. Achar que têm é um grande problema.Afasta a escola do que de via ser.

Helena Romão disse...

Pois não. Mas também não podem ser só máquinas que ligam 50 minutos por hora e não querem saber do resto.

Algures entre o 8 e o 80 há um 44...


E fáxavor não me chamar nomes feios, que eu não te ofendi!

Helena Romão disse...

Além de outra coisa: é suposto e está previsto na lei que as escolas tenham assistentes sociais e enfermeiros.

Se a lei fosse cumprida, o professor só teria que enviar os casos para a assistente social da escola.

J. disse...

Enfermeiros? para dar assistência aos professores e funcionários agredidos pelos alunos e suas famílias?

Helena Romão disse...

Não desconverses. Sim, há um posto médico em todas as escolas, que normalmente está fechado.
Porque os miúdos brincam, caem, adoecem, etc.!