Demasiado tempo passou entre a passagem da escolaridade mínima do 9º ano para o 12º. Mas passou muito pouco desde os quatro anos iniciais obrigatórios até agora. Passou o tempo de um país diferente (pese embora as semelhanças crescentes com o passado ditatorial, assinaladas de forma brilhante aqui). Em termos históricos o país escolarizou-se de forma muito rápida e massiva, a quantidade levou a primazia sobre outros aspectos. No entanto, é de estranhar que em mais de vinte anos de participação na União Europeia se tenha deixado o alargamento da escolaridade obrigatória para o fim do processo de integração e coesão (os pacotes, os quadros de apoio). Depois de cimentar o país, de abrir-lhe as fronteiras, de desmantelar parte da agricultura e pescas, depois de deixar de haver gente a chegar às universidades, então resolve-se alargar o período de escolarização. Os números do abandono escolar e do insucesso são tão significativos que esta medida em quase nada atinge esse universo a não ser de forma negativa. Um aluno que não queira fazer nada na escola, por exemplo, tem agora oportunidade de estar lá mais uns anos sem nada fazer (a escola a funcionar como um tampão social, menos um para engrossar as fileiras do desemprego). De qualquer forma isto não tem peso se comparado com o benefício social a que corresponde um maior período de escolarização formal. Quanto mais tempo durar este período maior tempo e possibilidade terá alguém de continuar a escolarizar-se e aprender pela vida fora (de forma livre e não formal).
Não esquecerei nunca uma familiar da minha geração que, findo o 6º ano feito com as melhores notas, ao contrário de mim gostava da escola, o pai obrigou a vir para casa ajudar ao trabalho da família. Não estudou mais. Um par de anos depois alargava-se a escolaridade para o 9ºano.
6 comentários:
Às vezes, com intervenção séria dos professores, quando estes se interessam mesmo... conheço casos em que os pais acabaram por mudar de ideias.
Claro que todas as famílias são diferentes e todas as circunstâncias são únicas. Mas por vezes é preciso um punhado de professores que se interesse pelo futuro dos alunos e não apenas pelo toque de saída. E eles andam aí!
ai Helena, agora ouvi murmurar a Maria de Lurdes que há em ti. Os professores não têm de ser psicólogos ou assistentes sociais ou vigilantes prisionais. Achar que têm é um grande problema.Afasta a escola do que de via ser.
Pois não. Mas também não podem ser só máquinas que ligam 50 minutos por hora e não querem saber do resto.
Algures entre o 8 e o 80 há um 44...
E fáxavor não me chamar nomes feios, que eu não te ofendi!
Além de outra coisa: é suposto e está previsto na lei que as escolas tenham assistentes sociais e enfermeiros.
Se a lei fosse cumprida, o professor só teria que enviar os casos para a assistente social da escola.
Enfermeiros? para dar assistência aos professores e funcionários agredidos pelos alunos e suas famílias?
Não desconverses. Sim, há um posto médico em todas as escolas, que normalmente está fechado.
Porque os miúdos brincam, caem, adoecem, etc.!
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