11 janeiro 2007

Um silêncio de morte

Bush não pára. Ontem na Somália "varreu" uma aldeia (as bombas americanas deviam ser mesmo a única praga que ainda não havia na Somália), hoje mais outro bombardeamento de manhã e um anúncio à tarde: mais 21000 soldados para o Iraque. Soldados? Nem isso... são putos quase analfabetos, filhos de imigrantes praticamente obrigados a ir para verem os vistos das famílias renovados, vigiados por dementes viciados em violência e tiroteio. Carne para canhão e canhões. Chamar àquilo um exército...

Que haja um presidente dos EUA suficientemente louco para estas coisas não é novidade: toda a gente sabe o que foi a guerra do Vietnam. O que é inédito é o silêncio. Não há deserções em massa nem protestos gigantescos. Há de vez em quando umas figuras públicas que mandam umas bocas sem grande força e que são logo censuradas, mas não há, como houve contra a guerra no Vietnam, uma onda de protestos impossível de censurar, algo de tão grande e tão claro que fizesse ver ao mundo que os americanos estão vivos e pensam.

E é justamente esse silêncio que é mais assustador: a escalada de violência não pára, as frentes e locais de envio de tropas são cada vez mais, só se discute quem será o próximo, o mundo está quase todo sob ameaça mais ou menos clara e mais ou menos directa (Iraque, Somália, Afeganistão e Paquistão, clara e directamente; e depois Cuba, Coreia do Norte, danos colaterais na Coreia do Sul, Irão, México, Colômbia, Haiti, Argentina, Bolívia, danos colaterais no resto da América Latina, França, Rússia, China..., ..., ...), e da parte da população dos EUA, nada. As sondagens dizem que há algum descontentamento, mas nada de sério. Os democratas estão contra, reagindo como se apenas se tratasse de um desacordo de milésimas na subida do ordenado mínimo.

Há mais de 3000 soldados americanos mortos só no Iraque. Onde estão as famílias deles? Os amigos?

Se acreditarmos que "Resistir é Vencer", como diz o José Mário Branco, então aquele é mesmo um silêncio de morte.

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