Considerar que as representações geográficas estão colonizadas pela mundividência europeia começa a ser aceite. Já tinha lido sobre isso, falado sobre isso. Só ainda não tinha visto o contraponto. Explico-me.
É normal vermos a representação do globo terrestre, da nossa casa, assim:
A Europa ao centro afasta o Império do Meio para o lado direito, nas margens do olhar. O Norte e Sul colocados acima e abaixo como se os pontos cardeais devessem obedecer a uma gramática simbólica de superioridade e inferioridade.
No outro dia vi o catálogo desta exposição do Museo Provincial de Lugo, cuja capa é nada menos que um mapa-mundo ao contrário. Foi como se tivesse perdido a fé, eu que nunca tive. Um gajo olha para lá e não vê nada no sítio. As sensações sucedem-se ao segundo:
1. Desconfiança (- Que merda é esta?).
2. Espanto (- É um mapa!)
3. Reconhecimento (- China…, Afeganistão…isto deve ser a Terra…)
4. Admiração (- Sim senhor, parece que está tudo…)
5. Aplauso (- Os gajos são mesmo bons…)
Agora peço-vos que procurem abstrair-se da má qualidade da imagem e tentem a experiência na página do Museo. Ou então agarrem no mapa lá de casa, virem-no ao contrário, colem-lhe umas etiquetas por cima das indicações e atirem com esse pedaço de modernidade bafienta das vossas representações para o caixote do lixo da História.
Sem comentários:
Enviar um comentário