Tentei descrever esta região do Mariotis tal como é no início de Março, quando a terra desenvolve o seu grande esforço. Dentro de poucos dias o vento poderá arranhar e arrancar as flores, dentro de poucas semanas o sol irá queimar as folhas. A vegetação vermelha e esponjosa das maravilhas resiste mais tempo e torna os montes mais roxos. Também isto irá secar e voltarão a aparecer as manchas do calcário. Depois ficará tudo mais calmo até à primeira chuva do Inverno; vêm então os camelos para arar a terra. Marca-se um rectângulo no solo e espalham-se sementes de cevada. Depois o camelo anda para cima e para baixo arrastando atrás de si um arado de madeira que parece um canivete meio aberto, e o beduíno, guiando-o, cantará melodias ao camelo que só a este pode cantar, pois na sua mente melodia e o camelo são a mesma coisa.
Forster, E.M.
Pharos&Pharillion uma evocação de Alexandria
Lisboa, Cotovia, 1992
1 comentário:
olá jo
acho q vou ler o livrinho bicha deste gajo, o maurice.
agora ando muito na literatura sindicalizada.
beijinho
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