29 setembro 2005

Campanha

Lembram-se do velhote que estava sempre no Rossio com um megafone? Eu não me lembro exactamente do que ele dizia, mas creio que anunciava Deus, prometia o Céu, ameaçava o Apocalipse e outras coisas do género.

Ora... quem é que tinha hoje a banquinha montada exactamente no mesmo local?
O Carmona Rodrigues, claro está!

É só uma coincidência, claro. Mas lá que teve piada, isso teve!

A culpa não é minha!

Eu bem queria começar a falar de outras coisas...

Sempre que penso: "É hoje que começo a falar de Música electroacústica" acontece alguma coisa que tenho mesmo que contar, e pronto, lá foge o assunto...
A culpa não é minha, só que há demasiada gente a pôr a pata na poça cá no burgo!

27 setembro 2005

Divulgação da cultura portuguesa

Os estrangeiros acham que nós somos pequeninos, parvinhos, bacocos, pacóvios, incompetentes, terceiro-mundistas na onda do exótico e tropical, incivilizados e ingovernáveis. Aliás, parece que já pensam assim há muitos séculos. E nós, o que fazemos para melhorar a imagem de Portugal lá fora?

Exportamos tudo o que lhes possa dar razão!

23 setembro 2005

Demo... quê?

É por estas, por outros, pelos sobrinhos doutros, e muitas mais que conhecemos (fora as restantes), que eu estou cada vez mais convencida que tivemos um belíssimo projecto de Democracia.
Tivemos. Pretérito perfeito, acção acabada. Democracia, agora, só no dicionário.

Ai acham que não?
Então nós temos que aturar:

a corrupção, a impunidade; a pobreza, o desemprego, o racismo, o machismo, a ignorância, a discriminação de tudo e todos, a xenofobia, a homofobia, o paternalismo; a falta de civismo em todo o lado e a falta de civismo assassina nas estradas; o neo-liberalismo, as notícias da bolsa, as privatizações da cultura, da investigação, dos transportes, da água, da saúde, da segurança social...

...os julgamentos por aborto, o creacionismo; o futebol, o 13 de Maio, o culto mórbido pela Amália (lindo trio!); o Bush do lado de lá, o Sarkozy do lado de cá, o Putin mais adiante, as tropas americanas em todo o lado, o Bin Laden não se sabe bem onde (bem, deste... nós não sabemos, mas os amigos devem saber, por isso é que não o apanham; já vasculharam os cantinhos todos onde sabem que ele não está...); o Sócrates a lixar-nos a todos, o IVA em exponencial, a idade das reformas também, os salários a descer; os partidos socialistas europeus (em conjunto) a passar à direita da direita...

...os carros de luxo estão cada vez mais em alta e cada vez mais gente não tem dinheiro para comer todos os dias, a eternização da actualidade da canção do José Mário Branco "Shalom Palestina" (não era bom ouvi-la - sempre, claro - mas com o gosto de ser finalmente sobre um horror do passado?); a fuga aos impostos é na prática um direito inalienável, os direitos escritos na lei são agora "regalias"...

...ufff, intervalo para descansar...

...o playboy mais burro do país ainda agora mandava nisto, os discursos do Paulo Portas; a desresponsabilização e impunidade dos políticos pelos danos gravíssimos causados ao país com decisões absurdas e arbitrárias (vide, a anterior ministra da educação ou o episódio dos famosos submarinos); o """""""""intelectual""""""""" mais mediático é parvo, incompetente, e foi ministro do estado novo; a Margarida Rebelo Pinto é conhecida como "escritora" só porque sabe o alfabeto (e não é a única); a Cultura (que é isso?) vai desaparecendo; só desde que comecei a escrever o post devem ter sido compradas nos EUA por particulares centenas ou milhares de armas...

...continua a não haver medicamentos (nem prevenção) para a SIDA em África, nem comida, nem água; a poluição, o degelo dos pólos, a subida das temperaturas, a seca aqui, inundações ali, o Prestige e os outros; os "Nunca Más" repetidos em vão; praticamente deixou de haver Jornalistas a fazer Jornalismo na comunicação social; os incêndios, os incendiários, a polícia que não os apanha...

...a precarização do emprego em todo o lado; a preocupação desmesurada com o preço do petróleo quando estavam a morrer pessoas em New Orleans sem socorro nem ajuda; o poder político usado para imunidade de criminosos e/ou negócios de milhões; o condomínio de luxo na sede da PIDE; a impunidade dos responsáveis pelos mortos de Entre-os-Rios; os mortos em Bagdad e no Afeganistão; o desaparecimento da ONU e do TPI na prática; o desrespeito internacional da Carta dos Direitos Fundamentais do Homem...

...a estupidificação, que é a doença mais grave do século e uma das mais contagiosas, e quase ninguém deu por isso.


Como se não bastasse e não estivéssemos todos já sem fôlego no fim disto tudo, as manifs democráticas é que são proibidas, as outras - as ilegais - só falta serem encorajadas.

Por isso é que eu digo: Democracia, já ninguém sabe o que é se não tiver um dicionário.

21 setembro 2005



























Se tivesse de pôr estrelinhas diria deste imprescindível

18 setembro 2005

Começou o Festival!

Já vou atrasada, mas mais vale tarde...

Durante os próximos dias é possível que desapareça do blog. Vou passando, mas vou ter pouco tempo para posts.
Depois darei novas da música electroacústica.

Ah, e já agora... (fica sempre bem puxar a brasa à nossa sardinha, e neste caso até é sardinha da boa) o link é para verem o programa e aparecerem!

14 setembro 2005

A lógica surreal ou de como me fazer perder a paciência em 5 segundos

Tarde de cinema com as crianças.
Há quase 10 anos que não ía ao cinema às Amoreiras. Para mim, Cinema é sem pipocas e com um bom filme. Mas como para as crianças o conceito é outro, lá fomos.

Na bilheteira pedimos 4 bilhetes: duas crianças, um adulto, um estudante.

A menina da bilheteira explicou-nos o seguinte, como quem diz uma coisa séria e acertada: só os estudantes têm desconto. As crianças, sem apresentarem cartão, nada feito. Uma das crianças tem 3 anos e devia ter cartão de estudante para ter desconto! A outra anda de facto na escola, mas aparentemente nas Amoreiras nunca ouviram falar do ensino obrigatório até aos 14 (se nunca chumbarem). Ainda há quem se atreva a olhar para um miúdo com menos de 10 anos e perguntar se é estudante! E a dizer que sem o cartão não prova que é estudante!

Conclusão: um dos adultos (eu) teve desconto por ser estudante e as crianças pagaram bilhete completo.

Eu ter-me-ia vindo embora, mas é complicado explicar a dois pequenos que não vêm o filme porque a política de preços da empresa é absurda. Ainda mais difícil é explicar-lhes que há adultos (e neste caso uma empresa, ou seja, muuuuitos adultos) que (mesmo juntos) não têm nem um quarto das capacidades intelectuais deles.

Ainda bem que o filme safou a minha má disposição. É que há algumas coisas que me irritam mesmo. No fim disse adeus ao cinema das Amoreiras, espero que não seja só por mais 10 anos!


Às vezes tenho mesmo a sensação de estar a ser seguida pelo Humpty-Dumpty.

12 setembro 2005

Pequenas maravilhas do mundo

Esta nem é assim tão pequena...

Nota: Foto tirada daqui.

Pequenas maravilhas do mundo

A mais linda cidade que vi até hoje.


Corro o risco de parecer tendenciosa, mas não tenho a culpa de ter nascido aqui, em Lisboa.

Nota: fotografia tirada daqui.

08 setembro 2005

O prometido é devido!

Hoje andei outra vez a brincar aos testes. E aqui vai:

Paris.
You belong in Paris. You are a real romantic, you
live to be loved. Paris will sure give you
love!



In What City Do You Belong?
brought to you by Quizilla


Aparentemente, dizem eles, eu vivo no sítio certo. Mas então porque é que eu tento sempre prolongar as estadias em Lisboa o mais possível?

Cá por mim, entre os resultados possíveis deste teste (Nova Iorque, Paris, Londres, Florença, Tokyo), escolheria Londres (só porque Lisboa não consta). Agora já sabem que vivo em Paris, pelo menos por enquanto. As minhas impressões sobre a cidade e os habitantes hão-de ir saindo à medida que se proporcionar... As minhas razões para preferir outras cidades também, e algo sobre esta relação Amor-Ódio com Lisboa que descubro cada vez mais nos lisboetas (entre os quais eu me incluo).

07 setembro 2005



No sol de Agosto, nas nuvens altas de Setembro, a faina continua

04 setembro 2005

E desde ontem...

...já o meu post se desactualizou. Mais um incêndio num prédio, desta vez nos arredores de Paris. Aparentemente as condições deste eram melhores, ou seja, não estava quase a cair.
Ainda assim foi fogo posto, parece que desta vez sem qualquer dúvida.

E quem se lixa é sempre o mexilhão!

Cá ou lá, deste lado ou do outro do Atlântico, o racismo é sempre o mesmo.

Do lado de cá:

Não é uma coincidência que em poucos meses se tenham deixado arder três prédios onde viviam famílias maioritariamente negras. As causas estão, nalguns dos casos, por esclarecer inteiramente, mas uma é certa: não houve prevenção, os prédios não estavam em condições mínimas de habitabilidade (há muitos anos). E neles vivia gente muito pobre, sobretudo mulheres e crianças, a maior parte delas eram negras.
Os incêndios não eram previsíveis, mas o risco era sobejamente conhecido. Nada foi feito antes dos incêndios. Nada foi feito depois do primeiro incêndio em Abril. Nada foi feito após o segundo incêndio mais de três meses depois. Foram precisos três incêndios, todos com mortos, para o sr. Sarkozy perceber que tinha que fazer alguma coisa.
E é agora, com a aproximação do frio e da chuva, no dia do início das aulas, que o sr. Sarkozy resolve desalojar toda a gente e metê-los em bairros afastados dos empregos e das ecolas das crianças. Todos em situação provisória.

Nada está dito sobre o que se segue. Menos ainda para quem não esteja legalizado, mesmo que sejam pais de crianças francesas.


Do lado de lá:

Também não é coincidência que, perante as previsões do furacão, com alguns dias de antecedência, quem não teve meios para sair de New Orleans foram os mais pobres, quase todos negros. Aqui a questão da nacionalidade não se põe: são quase todos cidadãos dos EUA.

Sabia-se há muito que os diques estavam em mau estado, e que podiam romper em caso de tempestade. Sabia-se também que, na generalidade, quem não tem carro são os negros e são também eles que moram na parte baixa da cidade. Sabia-se que é uma área de tempestades tropicais e furacões. Soube-se deste furacão com vários dias de antecedência, da sua rota e da sua força.
Os brancos saíram quase todos. Os negros ficaram à espera do transporte que lhes foi prometido para fugirem ao furacão (antes do furacão).
Continuam à espera, os que ainda sobrevivem, mas agora de quem os salve das águas contaminadas, da falta de comida e de água potável, das doenças, do agravamento dos ferimentos, dos gangs criminosos. A primeira coisa que tiveram foi uma ordem dada à polícia para atirar a matar.

Mas não se apresse, sr. Bush. Cada um que morrer, sempre é menos um subsídio de desemprego a pagar.
Não se apresse. Cada um que morrer, é menos um doente a gastar dinheiro do seu Wellfare.
Não se apresse. Claro que os seus soldados são muito mais precisos no Iraque, a matar, do que em casa, a salvar. Não é óbvio, sr. Bush?
Não, sr. Bush, não se apresse. São só pretos. Nem sequer são bem pessoas, não é sr. Bush?

Fique antes em casa, durma descansado. Olhe-se bem ao espelho, sr. Bush. Se conseguir, sr. Bush.


E na ONU:

Se cumprisse o papel para que foi fundada, se não estivesse ao serviço dos interesses económicos de meia dúzia, impunha-se criar uma força de capacetes azuis para salvar as pessoas que estão retidas em New Orleans sem assistência. É uma emergência humanitária. Contra os poderes instalados, se preciso fosse. Não seria a primeira vez no Mundo, só seria a primeira vez nos EUA.


E no TPI:

É ainda assim irónico, para não dizer ilógico, que um tribunal esteja à espera da assinatura do criminoso para julgar o próprio criminoso. Quantas mais mortes, quantos mais crimes, quantas mais guerras, e em quantos mais países é que é preciso morrerem não brancos até este tipo ser parado?


Porra!

Censura!

Há alguns anos que não haviam directos na televisão dos EUA por motivos de censura prévia. Ontem houve um quase directo, e foi o que se viu!

Felizmente os EUA não são "a maior Democracia" do Mundo, como se apregoa por aí... Ai de nós se fossem. Aliás, tenho cada vez mais dúvidas se serão, ainda que de longe, uma Democracia.

02 setembro 2005

Mais notícias da estrada... e do país

E neste país, já se sabe que notícias da estrada raramente são boas.

Cada vez que a Ponte 25 de Abril fica cheia, não consigo chegar a Alcântara! Parece um contra-senso, mas não é: a Avenida de Ceuta tem a meio um cruzamento onde fazem inversão de marcha os condutores que vêm de Alcântara e querem ir para a Ponte. E o dito até está bem feito, e funcionaria, se as pessoas respeitassem os outros (primeiro que tudo), as regras de trânsito e as caixas amarelas.

Mas não, nada disso! Quem faz inversão de marcha passa o sinal verde enquanto está aberto, apesar de ver claramente que não tem espaço nas faixas dedicadas à Ponte. A fila cresce atravessada no cruzamento e impede a passagem a quem está na faixa dedicada a Alcântara e se dirige (imagine-se!) para Alcântara.

Claro que o habitual é, sempre que o trânsito na Ponte está parado, a Avenida de Ceuta encher, às vezes quase até ao fim, o que faz cerca de 1,5 km de fila parada só e apenas por causa da porcaria de falta de civismo do pessoal!

E a Brigada de Trânsito? Raramente lá está. Mesmo muito raramente. De vez em quando lá aparece, mas é só para ver as vistas...

Pode parecer um pormenor quase irrelevante, mas eu estou cada vez mais convencida que o que falta realmente ao país é respeito das pessoas umas pelas outras. Enquanto cada um tentar ser o chico esperto (nas pequenas e nas grandes coisas) e safar-se sem pensar em mais ninguém, a coisa não sai da cepa-torta. Este exemplo é só uma pequena demonstração de como por causa de alguns chico/as esperto/as, há centenas de pessoas bloquedas sem conseguir passar durante horas.

01 setembro 2005



Nas férias há gente a trabalhar



Nas férias vemos as mesmas coisas mas como novas

Os assassinos da autoestrada

Eu tenho um carro pequeno, utilitário e óptimo para quem gosta de ir ao Chiado (sim, podia aqui discutir os transportes públicos, mas talvez fique para outra ocasião). O meu pai tem um carro grande, para viajar com a família.

Quando ando no meu carro (um "carro de «senhora»" como lhe chamaria qualquer machista atrasado) na autoestrada, assim que tento fazer uma ultrapassagem, aparece sempre um carro atrás a buzinar desenfreadamente, a mudar de faixa sem fazer sinal, e muitas vezes a fazer manobras impensáveis como colar-se à minha traseira (esta é diária), passar pela esquerda entre as duas faixas, mandar-se para cima de mim para me obrigar a sair-lhes do caminho e outros mimos fantásticos! Tudo porque não podem andar 30 segundos a 120km/h (bom, ok, às vezes um bocadinho mais...) antes de voltar à sua velocidade cruzeiro de 200km/h!

Não é a velocidade que me incomoda verdadeiramente. São as manobras e o tipo de coisas mortíferas que esta gente faz com os carros. Será assim tão complicado de perceber que a 120km/h, se eu tivesse que travar a fundo, aquelas alminhas não conseguiam travar as suas bombas nos 2 ou 3 m de distância que têm do meu carro? Bom, a meu ver, e se as coisas fossem chamadas pelos nomes, excepto nos dois primeiros casos (o de buzinar e o de não fazer sinal antes de mudar de faixa), esta gente devia ser julgada por assassínio na forma tentada. São estes pretensos "espertos" que matam centenas ou milhares de pessoas por ano nas estradas!

Bom, mas adiante. Quando conduzo o carro do meu pai (um "carro de homem" diria o palerma da autoestrada), mantenho a mesma condução e a mesma velocidade. O facto é que ninguém buzina, ninguém tenta fazer coisas esquisitas e muito pouca gente se cola à traseira do carro.

Falta só adicionar mais um dado. A maior parte das vezes, reparo que estes tais "palermas da autoestrada" são homens e os carros pertencem invariavelmente a duas ou três marcas, são carros grandes e caros.
Não quer dizer que só os homens conduzem mal, mas é uma constatação que tenho feito: este tipo de asneiras são mais masculinas. As asneiras que tenho visto de mulheres, são mais na cidade e a velocidades mais baixas. São geralmente menos perigosas e menos catastróficas quando dão para o torto.

É absurda a minha conclusão, mas é a única que me surge. Quando um palerma vê um "carro de senhora", atira-o para a berma e não lhe reconhece o direito de lhe estar a "roubar" a faixa e a passagem, só vê erros de condução em tudo o que o condutor fizer e a velocidade nunca lhe chega. O mesmíssimo condutor, a mesmíssima manobra num dos tais "carros de homem", e o mesmíssimo palerma que vem atrás já não vê asneiras por todo o lado, já não vê falta de velocidade, já não acha que o outro não tem o direito de conduzir ali.

E chamo-lhe absurda porque estamos no século XXI, porque andámos muito em matéria de machismo e de civismo, porque morre gente todos ou quase todos os dias nas estradas, e porque não compreendo como é possível haver gente ainda hoje com este tipo de pensamento.

Será falta de civismo, machismo primário, inconsciência ou tudo junto?