18 novembro 2011

Governo em sintonia com os piores patrões

Hoje o governo anuncia que a antiguidade não devia conferir direitos especiais a um trabalhador na altura do despedimento. Já o tinham vindo afirmar, juntamente com o governo de Sócrates, quando mudaram as regras e os valores de indeminização em caso de despedimento. Agora, avançam mais um pouco nesta ideia (peregrina?) do trabalho enquanto actividade sem qualquer valor social ou cultural, sem benefício para o próprio e para a comunidade, em que a vida de um ser-humano, medida em tempo, não conta na mesma medida quando entrega parte dela numa empresa ou serviço, como se esse posto de trabalho fosse um lugar anónimo de um carrossel de feira. Como se esse local de trabalho e o trabalhador não estabelecessem um vínculo, onde se trocam valores, onde a pessoa, para além de ganhar o seu pão, participa no processo produtivo, é um elemento na engrenagem que em última análise faz tudo isto funcionar.







Depois lê-se no Público de terça-feira




"Ecco impede funcionários de reassumir posto"
(...) A sentença do Tribunal da Relação do Porto sustenta que os operários devem ser reintegrados, sem prejuízo da categoria profissional e antiguidade, e que a Ecco tem de pagar as retribuições desde o dia do despedimento. Os nove funcionários, um entretanto emigrou, apresentaram-se ontem ao serviço. A empresa não os readmitiu , alegando que iria recorrer da decisão judicial. (...) O processo deu entrada no tribunal em Janeiro de 2006, altura em que a Ecco despediu 369 trabalhadores e deslocalizou parte substancial da produção para a Eslováquia, Indonésia e Tailândia. "Não aceitámos os acordos de rescisão por múto acordo porque considerámos que a empresa não estava a cumprir as normas, mandou embora trabalhadores com mais de 20 anos de casa, ficaram ao serviço pessoas com menos tempo e continuava a contratar pessoal". (...) Maria Manuela é outra das funcionárias em causa. Tem 45 anos, trabalhou 21 anos na Ecco, foi despedida, juntou-se aos colegas, recorreu ao tribunal. Tem dois filhos, foi paciente de um psiquiatra, e todos os meses tenta esticar o ordenado do marido. "Este processo afectou-nos financeira e psicologicamente. A empresa não está a ser correcta connosco porque continua a meter pessoas à frente dos nossos olhos", desabafa.

A Ecco não quis, ontem, prestar quaisquer declarações". 15.11.2011, p.23.

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