23 novembro 2011

24 Nov. parte2

Amanhã as ruas são nossas de novo, amanhã, um ano depois, trabalhadores, desempregados, reformados, a multidão inconformada volta a reunir-se. Na Greve Geral ocupamos o nosso lugar na barricada. Amanhã não há lugares intermédios, apesar de todos aqueles que não podem fazer greve. Apesar de tantos que, como dizia uma vizinha octogenária, preferem ser pobres a que haja guerra. Amanhã não pode haver mais nada a não ser a guerra.
Um comentador habitual dizia-nos esta semana que na Grécia e na Itália os governos perderam a legitimidade democrática do voto, apesar das assembleias legislativas dos respectivos países estarem mandatadas pelas respectivas constituições para elegerem um novo governo. Esses e outros governos, como o nosso, perderam a legitimidade a partir do momento em que o programa eleitoral com que enfrentaram as eleições foi radicalmente alterado. A partir do momento em que mentem. Há dúvidas sobre a estreita relação entre o aumento da abstenção e as mentiras dos governos sucessivos que temos tido?
Amanhã, munidos das nossas palavras de ordem vária, mais pessoal mais universal, enquadrados ou não pelas palavras de ordem de uma central sindical, de um partido, de uma associação recreativa ou comissão de trabalhadores, não pode estar na rua outra coisa que não o fim de todos os governos que servem o interesse daqueles que nos EUA foram rebaptizados como 1%.
Com a falta de poder político da multidão (esta sensação de que todas as decisões são tomadas à revelia, as guerras, a redistribuição da riqueza, a escandalosa compra e venda do BPN, o poder do banco na concessão de um empréstimo, a justiça ao serviço de uma minoria) ela só pode procurar a forma de recuperar o que lhe foi espoliado. Amanhã é no local do trabalho e na rua. Já começou. É uma luta desigual, sempre foi. Mas a certeza de que a nossa vida nos pertence não nos deve fazer vacilar.

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