"A luta contra a carência desgasta e exaure a parte maior dos homen a ponto de não lhes restar força para a nova e mais árdua luta contra o engano. Satisfeito de escapar, ele mesmo, à canseira azeda da reflexão, o indivíduo concede, prazenteiro aos outros, a tutela sobre os seus conceitos, e caso aconteça manifestarem-se necessidades mais altas, agarra-se com fé sedenta às fórmulas que Estado e sacerdotes têm reservadas para tais casos. Se estes homens infelizes merecem nossa compaixão, nosso justo desprezo atinge aqueles outros que, libertos do jugo da necessidade por um destino melhor, a ele se curvaram por sua própria escolha.
Estes preferem, aos raios da verdade que escorraçam a ilusão agradável de seus sonhos, o crepúsculo dos conceitos obscuros, em que o sentimento é mais vivo e a fantasia arbitrária cria formas confortáveis. Como fundassem todo o edifício de sua felicidade sobre estas mesmas ilusões que a luz hostil do conhecimento deverá destruir, não poderiam desejar uma verdade tão custosa, que começa por tomar-lhes tudo o que para eles possui valor. Seria preciso que já fossem sábios para que amassem a sabedoria:uma verdade que já sentiu aquele que deu à flosofia o seu nome."
Shiller, Cartas sobre a Educação Estética da Humanidade, Editora Pedagógica e Universitária Lda, São Paulo, 1991, p.62
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